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CC BY 4.0 · Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) – Brazilian Journal of Plastic Surgery 2024; 39(04): s00441801794
DOI: 10.1055/s-0044-1801794
Artigo Original

Metodologia LipoCodes: Controle objetivo de volumes infiltrados e aspirados em lipoaspiração

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Authors


Suporte Financeiro O autor declara que não recebeu suporte financeiro de agências dos setores público, privado ou sem fins lucrativos para a realização deste estudo.
Ensaios Clínicos Não. | Clinical Trials None.
 

Resumo

Introdução As técnicas atuais, tecnologias e publicações de lipoaspiração continuam a evoluir, buscando resultados melhores e mais previsíveis com o máximo de segurança possível. Por outro lado, não há referências a controles de volume mais objetivos para obter resultados mais precisos e previsíveis na lipoaspiração, parâmetros objetivos que poderiam melhorar os resultados e a segurança. Dentro deste contexto, foi desenvolvida uma metodologia para obter informações objetivas de segurança, apoiar a reposição de fluidos e o controle de volumes aspirados por região e total, otimizando dessa forma o tempo cirúrgico. O objetivo deste trabalho é descrever uma metodologia denominada Lipocodes, criada para aferir o volume infiltrado e aspirado, o tempo e a velocidade cirúrgica, em procedimentos de lipoaspiração e/ou lipoenxertia.

Materiais e Métodos A metodologia LipoCodes é baseada em regiões de depósito de gordura e regiões de enxerto; níveis de profundidade da lipoaspiração; portais de acesso (incisões); controle de volumes infiltrados e aspirados.

Resultados A metodologia LipoCodes desenvolveu o controle de volumes infiltrados, de sucção de gordura, e de enxerto de gordura, para cada região previamente definida, bem como a velocidade de lipoaspiração.

Discussão A metodologia LipoCodes foi desenvolvida para sistematizar a lipoaspiração, independentemente do equipamento e da técnica preferida de cada cirurgião plástico. O objetivo é tornar a lipoaspiração mais controlada, objetiva, didática e educacional, com mais previsibilidade.

Conclusão A metodologia LipoCodes utiliza equipamentos simples para medir cada mililitro de volume infiltrado, aspirado e enxertado de regiões corporais previamente definidas. Essas informações auxiliam com parâmetros objetivos, controle de volumes em lipoaspiração, bem como controle do tempo cirúrgico.


Introdução

As técnicas de lipoaspiração, tecnologias, publicações e eventos científicos continuam a evoluir continuamente, buscando cada vez mais resultados melhores e mais previsíveis com o máximo de segurança possível.

Buscando melhores resultados, observou-se referências[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] a técnicas de definição abdominal e corporal, novas tecnologias com dispositivos a laser, ultrassom e radiofrequência que buscam uma maior contração dos septos fibrosos e da derme, além de técnicas de enxerto de gordura como grandes aliadas para a melhoria dos resultados com novas técnicas de preparação e melhor integração. Por outro lado, não há referências a controles de volume mais objetivos para obter resultados mais precisos e previsíveis na lipoaspiração, parâmetros objetivos que poderiam reduzir a possibilidade de retoques ou refinamentos, combinando sensibilidade estética e experiência cirúrgica com parâmetros objetivos para controlar volumes infiltrados e aspirados de cada região corporal tratada.

Em termos de segurança, artigos científicos[15] [16] [17] [18] [19] [20] destacaram vários pontos para minimizar complicações maiores e menores, enfatizando a importância de escolher um especialista com treinamento adequado em cirurgia plástica e lipoaspiração. Medidas pré-operatórias foram enfatizadas, incluindo uma avaliação clínica minuciosa durante o período pré-operatório, manutenção de um estado nutricional saudável e não inflamatório, evitar pacientes obesos e cirurgias combinadas e, especialmente, limitar cirurgias a menos de 5 horas.

Na revisão, observou-se muitos artigos destacando esses pontos de segurança, para evitar complicações, a importância do volume aspirado no prognóstico, o maior risco em cirurgias mais longas, mas poucas referências[21] [22] [23] [24] a um controle mais eficaz de volumes infiltrados e aspirados para minimizar possíveis complicações, tanto grandes como pequenas.

O objetivo deste trabalho é descrever uma metodologia denominada LipoCodes, criada para aferir o volume infiltrado e aspirado, o tempo e a velocidade cirúrgica, em procedimentos de lipoaspiração e/ou lipoenxertia.


Materiais e Métodos

Neste estudo teórico descritivo é apresentada a metodologia LipoCodes.

A metodologia LipoCodes foi desenvolvida pelo autor a partir 2010, devido à dificuldade em saber exatamente o que estava sendo infiltrado e aspirado em cada região corporal nas lipoaspirações. Estas informações permitiriam maior controle dos volumes e assim obter resultados mais precisos, minimizando reintervenções, além de elevar o nível de segurança das lipoaspirações.

Sem encontrar um modelo adequado previamente descrito ou apresentado de controle dos volumes em lipoaspiração, surgiu a necessidade de desenvolver uma metodologia para controle de volumes em lipoaspiração.

Inicialmente consistia em anotações em papel impresso dos volumes aspirados nas principais regiões de lipoaspiração, para maior controle destes volumes nas lipoaspirações. Evoluiu para controle dos volumes infiltrados, aspirados e enxertados em lipoaspiração, além do controle do tempo de início e fim da infiltração e aspiração.

Mais recentemente, em 2021, estas informações foram transferidas para uma planilha de Microsoft Excel (Microsoft Corp., Redmond, WA, EUA) com utilização das ferramentas de autossoma dos volumes, definição prévia das regiões lipoaspiradas e lipoenxertadas, definição dos portais de acesso para lipoaspiração/lipoenxertia e cálculo do tempo para infiltração e lipoaspiração. A metodologia LipoCodes possui registro no INPI, desde 2021, sob o número 920441726.

A metodologia LipoCodes consiste em quatro parâmetros principais:

  1. REGIÕES DE DEPÓSITO DE GORDURA E REGIÕES DE ENXERTO;

  2. NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DA LIPOASPIRAÇÃO;

  3. PORTAIS DE ACESSO (INCISÕES); E

  4. CONTROLE DE VOLUMES INFILTRADOS E ASPIRADOS.

1. REGIÕES DE DEPÓSITO DE GORDURA E DE ENXERTO:

Foram definidas 11 regiões principais de depósitos de gordura e 8 regiões de enxerto de gordura, com seus limites (referências anatômicas) descritos abaixo ([Figs. 1] [2] [3] [4]):

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Fig. 1 Modelo feminino, vista frontal. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: braços (1), dorso superior (3), dorso inferior (4), abdômen superior (5), abdômen inferior (6), face interna das coxas (7), região trocanteriana (8), joelhos (9), pernas medial (10) e pernas lateral (11). Também região predefinida para enxerto de gordura no abdômen (Ab).
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Fig. 2 Modelo feminino, vista posterior. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: dorso superior (3), dorso inferior (4), face interna das coxas (7), região trocanteriana (8), joelhos (9), pernas medial (10) e pernas lateral (11). Também região predefinida para enxerto de gordura nos glúteos (Gl).
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Fig. 3 Modelo masculino, vista frontal. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: peitoral (2), dorso superior (3), dorso inferior (4), abdômen superior (5), abdômen inferior (6), parte interna das coxas (7). Também regiões predefinidas para enxerto de gordura no abdômen (Ab), deltoides (De), bíceps (Bi), peito (P), coxas (C).
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Fig. 4 Modelo masculino, vista posterior. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: dorso superior (3), dorso inferior (4), face interna das coxas (7). Também regiões predefinidas para enxerto de gordura nos deltoides (De), tríceps (Tr), glúteos (Gl).

1A. REGIÕES DE DEPÓSITO DE GORDURA:

BRAÇOS ([Figs. 1] [2])

Superfície dos músculos deltoides (porção posterior ou espinhal) e tríceps.

PEITORAL ([Fig. 3])

Superfície do músculo peitoral maior (porções com origem esternal, sexta e sétima costelas, reto abdominal).

DORSO SUPERIOR ([Figs. 1] [2] [3] [4])

Superfície do músculo serrátil anterior (limite anterior), músculos redondo maior e redondo menor (limite superior), terço superior do músculo grande dorsal (limite inferior e posterior).

DORSO INFERIOR ([Figs. 1] [2] [3] [4])

Superfície do terço inferior do músculo grande dorsal (limite superior); fáscia tóraco-lombar (limite posterior); músculo oblíquo externo (limite anterior); ligamento de Lockwood (limite inferior).

ABDOME SUPERIOR ([Figs. 1] [3])

Medialmente na linha alba, do umbigo até o processo xifoide; superiormente na margem costal; lateralmente, bordas anteriores dos músculos serrátil e oblíquo externo; inferiormente, linha horizontal da linha semilunar ao umbigo.

ABDOME INFERIOR ([Figs. 1] [3])

Medialmente na linha alba, do umbigo até a sínfise púbica; linha horizontal superior da linha semilunar ao umbigo; lateralmente, borda anterior do músculo oblíquo externo; inferiormente, do ligamento inguinal (lig.) à sínfise púbica.

FACE INTERNA DAS COXAS ([Figs. 1] [2] [3] [4])

Triângulo entre o ligamento inguinal (limite superior), músculo sartório (limite lateral), borda posterior do músculo adutor magno (limite posterior).

REGIÃO TROCANTERIANA ([Figs. 1] [2])

Músculo tensor da fáscia lata (limite anterior), músculo glúteo máximo (limite posterior), músculo vasto lateral (limite inferior), ligamento de Lockwood (limite superior).

JOELHOS ([Figs. 1] [2])

Lado interno dos joelhos, região da pata-de-ganso (tendões dos músculos grácil, sartório e semitendinoso).

PERNAS INTERNAS ([Figs. 1] [2])

Borda inferior do ventre muscular do músculo gastrocnêmio medial (limite superior), tendão calcanear (limite posterior), tíbia (limite anterior), maléolo medial da tíbia (limite inferior).

PERNAS LATERAIS ([Figs. 1] [2])

Borda inferior do ventre muscular do músculo gastrocnêmio lateral (limite superior), tendão do calcâneo (limite posterior), músculo tibial anterior (limite anterior), maléolo lateral da fíbula (limite inferior).

1B. REGIÕES DE LIPOENXERTIA:

ABDOME (Ab) ([Figs. 1] [3])

Superfície dos músculos retos abdominais.

DELTOIDE (De) ([Figs. 3] [4])

Superfície do músculo deltoide (porção lateral).

TRÍCEPS (Tr) ([Fig. 4])

Superfície do músculo tríceps (porções longa e lateral).

BÍCEPS (Bi) ([Fig. 3])

Superfície do músculo bíceps (porções longa e curta).

PEITORAL (Ch) ([Fig. 3])

Superfície do músculo peitoral maior.

GLÚTEOS (Gl) ([Figs. 2] [4])

Superfície do músculo glúteo máximo (3/4 superiores).

COXAS (Th) ([Fig. 3])

Superfície dos músculos vasto lateral e vasto medial.

PERNAS (Le) ([Figs. 3] [4])

Superfície dos ventres lateral e medial do músculo gastrocnêmio.

2. NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DA LIPOASPIRAÇÃO ([Fig. 5]):

  • - NÍVEL I;

  • - NÍVEL II; E

  • - NÍVEL III.

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Fig. 5 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível I. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível I, abaixo da fáscia superficial e acima da fáscia muscular. (B) Cânula de lipoaspiração sob a fáscia superficial e acima da fáscia muscular (nível I) na região abdominal.

NÍVEL I ([Fig. 5]): lipoaspiração da gordura localizada no plano mais profundo do tecido celular subcutâneo (TCSC), abaixo da fáscia superficial e acima da fáscia muscular.

NÍVEL II ([Fig. 6]): A lipoaspiração neste nível visa a remover gordura do TCSC acima da fáscia superficial e abaixo da derme.

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Fig. 6 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível II. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível II, acima da fáscia superficial e abaixo da derme. (B) Cânula de lipoaspiração abaixo da derme e acima da fáscia superficial (nível II) na região abdominal.

NÍVEL III ([Fig. 7]): A lipoaspiração neste nível é também realizada no TCSC acima da fáscia superficial e abaixo da derme, diferindo do Nível II, por estar muito próximo da derme, justa-dérmico, com os orifícios da cânula voltados para baixo. Este nível III visa promover formação de depressões e sulcos, para realçar elementos anatômicos planejados (lipoaspiração de definição).

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Fig. 7 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível III. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível III, logo abaixo da derme, com os orifícios da cânula voltados para baixo. (B) Cânula de lipoaspiração justa-dérmico (nível III) na região abdominal.

3. PORTAIS DE ACESSO (INCISÕES) ([Figs. 8] [9] [10] [11]):

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Fig. 8 Modelo feminino, vista frontal, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (em amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito ventral: C (cotovelo), U (umbigo), Pu (púbis), J (joelhos), P (pernas).
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Fig. 9 Modelo feminino, vista posterior, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito ventral: C (cotovelo), T (dorso torácico), S (sacral), G (dobra glútea), P (pernas).
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Fig. 10 Modelo masculino, vista frontal, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito lateral: C (cotovelo), M (sulco mamário), U (umbigo), I (crista ilíaca), Pu (púbis), J (Joelhos), P (pernas).
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Fig. 11 Modelo masculino, vista posterior, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de decúbito lateral: C (cotovelo), I (crista ilíaca), P (pernas).

Concebidos para os dois tipos de decúbito mais utilizados em cirurgias de lipoaspiração:

3A. DECÚBITO VENTRAL (PD) ([Figs. 8] [9])

  • C (cotovelo)

  • Pu (púbis)

  • J (joelhos)

  • P (pernas)

  • T (dorso torácico)

  • S (sacro)

  • G (sulco glúteo)

  • U (umbigo)

3B. DECÚBITO LATERAL (SD) ([Figs. 10] [11])

  • C (cotovelo)

  • M (sulco mamário)

  • I (crista ilíaca)

  • Pu (púbis)

  • J (joelhos)

  • P (pernas)

  • U (umbigo)

4. CONTROLE DE VOLUMES INFILTRADOS E ASPIRADOS:

Controle de volumes infiltrados

Infiltração da solução preparada, com uma seringa graduada de 50 mL, para controlar cada mililitro de volume infiltrado em cada região previamente definida. O volume infiltrado é registrado em uma planilha específica do Excel, denominada planilha LipoCodes, que possui um modelo para pacientes do sexo feminino ([Fig. 12]) e outro para pacientes do sexo masculino ([Fig. 13]), ambas com uma autossoma para controlar os volumes infiltrado por região e total.

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Fig. 12 Planilha desenvolvida para sexo feminino. Primeira página: as colunas são de cada região predefinida de aspiração e enxerto. A primeira linha em cada coluna, em cinza, é reservada para o volume infiltrado de cada região. Outras linhas (brancas) são para registro dos volumes aspirados e enxertados, obtidos com o aparelho intermediário. A linha amarela abaixo de cada coluna é o volume total da lipoaspiração ou enxerto de cada região predefinida. Abaixo e à direita, os volumes totais infiltrados, lipoaspirados e enxertados são calculados automaticamente. Abaixo e à esquerda, os tempos cirúrgicos são registrados, horários de início e fim da infiltração, aspiração e lipoaspiração de definição. Na segunda página, desenvolvida para facilitar compreensão dos pacientes, dois manequins femininos, visão frontal e posterior, com destaques das regiões predefinidas de aspiração e enxertia, e ao lado, os volumes totais de cada região nas alturas correspondentes. Também os volumes totais (infiltração, aspiração e enxertia) estão na parte baixa desta página.
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Fig. 13 Planilha desenvolvida para sexo masculino. Primeira página: as colunas são de cada região predefinida de aspiração e enxerto. A primeira linha em cada coluna, em cinza, é reservada para o volume infiltrado de cada região. Outras linhas (brancas) são para registro dos volumes aspirados e enxertados, obtidos com o aparelho intermediário. A linha amarela abaixo de cada coluna é o volume total da lipoaspiração ou enxerto da cada região predefinida. Abaixo e à direita, os volumes totais infiltrados, lipoaspirados e enxertados são calculados automaticamente. Abaixo e à esquerda, os tempos cirúrgicos são registrados, horários de início e fim da infiltração, aspiração e lipoaspiração de definição. Na segunda página, desenvolvida para facilitar compreensão dos pacientes, dois manequins masculinos, visão frontal e posterior, com destaques das regiões predefinidas de aspiração e enxertia, e ao lado, os volumes totais de cada região nas alturas correspondentes.

Cada coluna da planilha corresponde às regiões descritas previamente. As regiões mais comumente abordadas em lipoaspiração estão com suas colunas definidas, e as colunas em branco são para regiões menos comuns. O volume de infiltração, feito com seringas sequenciais de 50 mL, é registrado na primeira linha de cada coluna, que está destacada em cinza.


Controle de volumes aspirados

Uso de um sistema intermediário ([Figs. 14] [15]) desenvolvido pelo autor para contagem de volumes aspirados, posicionado entre as mangueiras de lipoaspiração, denominado sistema LipoCodes.

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Fig. 14 Sistema desenvolvido para contagem precisa de volumes aspirados, com três peças: (A) ponta de cateter obtida de coletor de urina, com sua válvula de abertura e fechamento; seringa de 50 mL com ponta de cateter, graduada por mililitro, sem o êmbolo (descartado); peça desenvolvida em aço inoxidável, com 2 saídas para conectar mangueiras de lipoaspiração: uma para lipoaspiração e outra para escape. (B) Peças conectadas, prontas para uso. (C) Sistema em uso, com gordura na seringa, antes do descarte.
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Fig. 15 (A) Vista superior da peça desenvolvida em aço inoxidável, com duas saídas para conectar mangueiras de lipoaspiração. (B) Vista inferior da peça desenvolvida. (C) Ponta de cateter obtida de coletor de urina e sua válvula de abertura e fechamento.

O sistema LipoCodes consiste em uma seringa de 50 mL com ponta de cateter, graduada por mililitro, sem o êmbolo (removido) ([Fig. 14]).

Na parte superior dessa seringa de 50 mL, na entrada do êmbolo, há uma peça desenvolvida de aço inoxidável, desenvolvida pelo autor, com 2 saídas para conectar as mangueiras de lipoaspiração: uma para lipoaspiração e outra para escape ([Fig. 15]).

Na parte inferior da seringa de 50 mL, a ponta do cateter é conectada a um conector de saída, obtido de um coletor de urina, com sua válvula de abertura e fechamento para controlar o volume aspirado na seringa de 50 mL ([Fig. 15]).

Nesse sistema, a gordura da lipoaspiração entra pela parte superior e preenche a seringa de 50 mL. Quando a seringa está cheia ([Fig. 14]), o volume em mililitros é observado e anotado na planilha de controle desenvolvida ([Figs. 12] [13]) na coluna correspondente a cada região, e o total aspirado é registrado automaticamente. Depois disso, a válvula na parte inferior é aberta para esvaziar a seringa e, em seguida, fechada.

Essa sequência é repetida até que o resultado e o volume de lipoaspiração de cada região sejam alcançados.


Controle de volumes enxertados

Enxerto de gordura aspirada por pressão negativa, usando uma seringa graduada de 50 mL, para controle exato, por mililitro, dos volumes enxertados em cada região previamente definida.

Os volumes enxertados, por região, são anotados no espaço destinado para lipoenxertia na planilha LipoCodes ([Figs. 12] [13]). Os volumes enxertados podem ser observados na planilha a qualquer momento durante a cirurgia ou posteriormente.


Controle do tempo cirúrgico

A planilha LipoCodes é usada para registrar os horários de início e término da infiltração, da lipoaspiração e da definição da lipoaspiração ([Figs. 10] [11]).

A planilha calcula automaticamente a velocidade de lipoaspiração em mL/min e mL/h ([Figs. 12] [13]).



Resultados

A metodologia desenvolvida permitiu o controle dos volumes infiltrados em mililitros, para cada região previamente definida.

A metodologia desenvolvida permitiu o controle dos volumes aspirados em mililitros, para cada região previamente definida.


Discussão

Novas técnicas, tecnologias e publicações científicas sobre lipoaspiração continuam a evoluir muito, buscando cada vez mais resultados melhores e mais previsíveis[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] com a máxima segurança possível.[15] [16] [17] [18] [19] [20]

Dentro desse contexto, foi desenvolvida a metodologia Lipocodes para controle preciso dos volumes infiltrados e aspirados, mililitro por mililitro, com regiões anatômicas específicas e bem definidas, coincidindo com locais usuais de depósitos de gordura e bem conhecidos pelos cirurgiões plásticos, mais anatomicamente definidos para fins de melhor compreensão e educação.

Também foram definidos três níveis de profundidade de aspiração, que, combinados com as regiões anatômicas mencionadas acima, nos fornecem uma visão tridimensional para realizar a lipoaspiração.

Essas informações objetivas sobre o volume por mililitro (mL) de cada região aumentam a expectativa do resultado estético para controlar a simetria e tratar quaisquer assimetrias que possam existir, além de controlar os volumes enxertados de gordura, quando indicado. Atualmente, o endpoint na lipoaspiração, na maioria dos casos, tem sido baseado em informações de volume mais grosseiras (decilitro ou centilitro), associadas à observação subjetiva e à experiência pessoal de cada cirurgião plástico. Nesta metodologia, as informações de volume são passadas para a planilha Lipocodes, que o cirurgião e a equipe médica monitoram durante a cirurgia, ajudando a alcançar maior precisão na lipoaspiração por meio do uso de parâmetros objetivos que ajudam o cirurgião a ter uma previsão dos volumes a serem infiltrados e aspirados em cada região, orientando para correções de eventuais assimetrias. Também auxilia pelo acompanhamento maior da equipe, tornando a lipoaspiração mais didática, controlada e objetiva, tanto para cirurgiões mais jovens quanto para os mais experientes.

As informações objetivas sobre os volumes infiltrados e aspirados também são importantes para a segurança, pois ajudam na reposição de fluidos, tanto no intra- quanto no pós-operatório.

O sistema intermediário LipoCodes ([Figs. 14] [15]) para contagem de volumes aspirados, com seringa de 50 mL sem o êmbolo e com uma peça de aço inoxidável posicionada entre as mangueiras de lipoaspiração, foi desenvolvido pelo autor de forma artesanal para controle de cada mililitro. Existem atualmente no mercado sistemas para contagem de 50 em 50 mL, o que não permite um controle mais rigoroso dos volumes. Atualmente o autor está em tratativas para desenvolvimento do sistema intermediário com empresas especializadas para produção em escala e comercialização.

Outra informação significativa da metodologia é a velocidade da cirurgia, medida em mL/min e mL/h. Essa informação confere ao cirurgião plástico e à equipe conhecimento sobre o ritmo da cirurgia, tempo para remover a gordura da lipoaspiração, e a duração do procedimento. A relevância do tempo cirúrgico para minimizar complicações é bastante citada na literatura.[11] [14] [17] [18] [20] [25] Como há uma preocupação crescente com o tempo cirúrgico, a metodologia Lipocodes estimula um fluxo intraoperatório mais fluido, melhora a compreensão de toda a equipe por meio da padronização, reduzindo tempo de anestesia, tempo em sala, materiais e estresse.

Os portais definidos, ou incisões, ficam nas duas posições de decúbito mais usadas para tratar as regiões posteriores da lipoaspiração. São sugestões para minimizar o número de portais e podem ser modificadas pelo cirurgião de acordo com a preferência pessoal.

Quanto ao nível de profundidade da lipoaspiração, , o nível I é abaixo da fáscia superficial, onde há mais redução volumétrica, e menos remodelagem do contorno, e é por isso que começamos a lipoaspiração nesse plano mais profundo. O nível II é a lipoaspiração acima da fáscia superficial, onde há mais remodelagem do contorno e requer mais cuidado para evitar irregularidades. O nível III envolve a lipoaspiração realizada mais próxima da derme, tomando cuidado para deixar os orifícios da cânula voltados para baixo para evitar maior trauma à parte profunda da derme, o que poderia causar retrações exageradas, discromias, dor, entre outros. Esse tipo de lipoaspiração, realizada para definição, foi descrita originalmente por Mentz[26] e melhorada por Hoyos,[27] e tem sido amplamente utilizada por vários cirurgiões plásticos e também contestada por outros.

Ao controlarmos as regiões bem definidas, os volumes infiltrados, os volumes aspirados e os níveis de profundidade da aspiração, temos uma lipoaspiração tridimensional com controle mais preciso para melhores resultados, correção de assimetrias e menos retoques e refinamentos.

A metodologia LipoCodes foi desenvolvida para sistematizar a lipoaspiração, independentemente do equipamento e técnica preferidos de cada cirurgião plástico. O objetivo é tornar a lipoaspiração mais controlada, objetiva, didática e educacional, com mais previsibilidade.

A metodologia LipoCodes foi desenvolvida para ser usada com qualquer equipamento de lipoaspiração: seringa, aspirador, sistema de vibração, ultrassom e laser. O cirurgião plástico não precisa mudar sua técnica ou equipamento preferido para a infiltração e lipoaspiração, necessitando somente utilizar o sistema intermediário e a planilha LipoCodes para transferir as informações obtidas durante sua cirurgia de lipoaspiração, com ou sem enxertia.

Em nossa revisão, encontramos seis artigos que utilizaram medidas de controle de volume e região. O artigo de Almeida, Mafra, Araújo[28] mediu a prega cutânea com adipômetro antes e seis meses após, mostrando os resultados sem números, mas com fotos. Cohen SR et al.[10] compararam imagens tridimensionais de ressonância magnética e gordura total aspirada para todo o abdome, antes e seis meses após a cirurgia. Um artigo de Marongiu et al.[21] citou um método para controlar e acelerar a infiltração. Bukret e Alonso[22] desenvolveram modelos geométricos para marcação de lipoaspiração para melhorar eficácia e segurança na lipoaspiração a laser. Harutyunyan et al.[23] utilizaram ultrassom para calcular o volume de gordura a ser lipoaspirado, juntamente com o desenvolvimento de software específico. Finalmente, Gu et al.[24] desenvolveram um método para lipoaspiração circunferencial em várias localizações no braço, quantificando a eficácia clínica. Não encontramos referências que apresentassem de forma mais clara o controle dos volumes infiltrados e aspirados, definindo regiões e planos de aspiração, descrição de portais de acesso, bem como o controle da velocidade cirúrgica.

Resumidamente, os principais objetivos da metodologia LipoCodes são:

  1. Obter parâmetros objetivos de volumes em lipoaspiração, por áreas, por profundidade e por volumes a serem aspirados.

  2. Desenvolver um fluxo intraoperatório (sequência).

  3. Melhorar a compreensão de toda a equipe por meio da padronização.

  4. Reduzir perdas (anestesia, materiais, tempo na sala, estresse).

  5. Tornar o procedimento cirúrgico mais fluido.

  6. Reduzir o tempo cirúrgico.

  7. Melhorar a previsibilidade.

  8. Obter mais consistência nos resultados.

  9. Melhorar o tratamento de assimetrias.

  10. Minimizar a possibilidade de refinamentos ou ajustes.

  11. Auxiliar no pensamento artístico do cirurgião plástico.

  12. Ser utilizada com qualquer equipamento de lipoaspiração preferencial de cada cirurgião plástico


Conclusão

A metodologia LipoCodes foi desenvolvida pelo autor para ser utilizada com qualquer equipamento de lipoaspiração: seringa, aspirador, sistema de vibração, ultrassom e laser.

Essas informações visam auxiliar o cirurgião plástico com parâmetros objetivos, controle de volumes infiltrados, aspirados e enxertados, bem como o controle do tempo cirúrgico, para que a equipe cirúrgica possa obter resultados mais previsíveis, melhorar o tratamento de assimetrias, reduzir a necessidade de retoques e reintervenções, além de proporcionar mais segurança ao paciente.



Conflito de Interesses

O autor não tem conflito de interesses a declarar.

Contribuições do Autor

RSG: análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito; coleta de dados; conceitualização; concepção e desenho do estudo; gerenciamento de recursos; gerenciamento do projeto; metodologia; realização das operações e/ou experimentos; redação – preparação do original; redação – revisão e edição; software; supervisão; validação; e visualização.



Endereço para correspondência

Rogerio Schützler Gomes
Serviço de Cirurgia Plástica, Hospital Carlos Corrêa
Florianópolis, SC
Brasil   

Publication History

Received: 29 March 2024

Accepted: 29 September 2024

Article published online:
10 February 2025

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Bibliographical Record
Rogerio Schützler Gomes. Metodologia LipoCodes: Controle objetivo de volumes infiltrados e aspirados em lipoaspiração. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) – Brazilian Journal of Plastic Surgery 2024; 39: s00441801794.
DOI: 10.1055/s-0044-1801794

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Fig. 1 Modelo feminino, vista frontal. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: braços (1), dorso superior (3), dorso inferior (4), abdômen superior (5), abdômen inferior (6), face interna das coxas (7), região trocanteriana (8), joelhos (9), pernas medial (10) e pernas lateral (11). Também região predefinida para enxerto de gordura no abdômen (Ab).
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Fig. 2 Modelo feminino, vista posterior. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: dorso superior (3), dorso inferior (4), face interna das coxas (7), região trocanteriana (8), joelhos (9), pernas medial (10) e pernas lateral (11). Também região predefinida para enxerto de gordura nos glúteos (Gl).
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Fig. 3 Modelo masculino, vista frontal. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: peitoral (2), dorso superior (3), dorso inferior (4), abdômen superior (5), abdômen inferior (6), parte interna das coxas (7). Também regiões predefinidas para enxerto de gordura no abdômen (Ab), deltoides (De), bíceps (Bi), peito (P), coxas (C).
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Fig. 4 Modelo masculino, vista posterior. Mostrando regiões predefinidas de depósitos de gordura: dorso superior (3), dorso inferior (4), face interna das coxas (7). Também regiões predefinidas para enxerto de gordura nos deltoides (De), tríceps (Tr), glúteos (Gl).
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Fig. 5 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível I. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível I, abaixo da fáscia superficial e acima da fáscia muscular. (B) Cânula de lipoaspiração sob a fáscia superficial e acima da fáscia muscular (nível I) na região abdominal.
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Fig. 6 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível II. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível II, acima da fáscia superficial e abaixo da derme. (B) Cânula de lipoaspiração abaixo da derme e acima da fáscia superficial (nível II) na região abdominal.
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Fig. 7 Níveis de profundidade da lipoaspiração. Nível III. (A) Retalho abdominal removido de abdominoplastia, com cânula de lipoaspiração no nível III, logo abaixo da derme, com os orifícios da cânula voltados para baixo. (B) Cânula de lipoaspiração justa-dérmico (nível III) na região abdominal.
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Fig. 8 Modelo feminino, vista frontal, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (em amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito ventral: C (cotovelo), U (umbigo), Pu (púbis), J (joelhos), P (pernas).
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Fig. 9 Modelo feminino, vista posterior, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito ventral: C (cotovelo), T (dorso torácico), S (sacral), G (dobra glútea), P (pernas).
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Fig. 10 Modelo masculino, vista frontal, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de lipoaspiração em decúbito lateral: C (cotovelo), M (sulco mamário), U (umbigo), I (crista ilíaca), Pu (púbis), J (Joelhos), P (pernas).
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Fig. 11 Modelo masculino, vista posterior, mostrando portais de acesso e extensão da cânula (amarelo) para preferência de decúbito lateral: C (cotovelo), I (crista ilíaca), P (pernas).
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Fig. 12 Planilha desenvolvida para sexo feminino. Primeira página: as colunas são de cada região predefinida de aspiração e enxerto. A primeira linha em cada coluna, em cinza, é reservada para o volume infiltrado de cada região. Outras linhas (brancas) são para registro dos volumes aspirados e enxertados, obtidos com o aparelho intermediário. A linha amarela abaixo de cada coluna é o volume total da lipoaspiração ou enxerto de cada região predefinida. Abaixo e à direita, os volumes totais infiltrados, lipoaspirados e enxertados são calculados automaticamente. Abaixo e à esquerda, os tempos cirúrgicos são registrados, horários de início e fim da infiltração, aspiração e lipoaspiração de definição. Na segunda página, desenvolvida para facilitar compreensão dos pacientes, dois manequins femininos, visão frontal e posterior, com destaques das regiões predefinidas de aspiração e enxertia, e ao lado, os volumes totais de cada região nas alturas correspondentes. Também os volumes totais (infiltração, aspiração e enxertia) estão na parte baixa desta página.
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Fig. 13 Planilha desenvolvida para sexo masculino. Primeira página: as colunas são de cada região predefinida de aspiração e enxerto. A primeira linha em cada coluna, em cinza, é reservada para o volume infiltrado de cada região. Outras linhas (brancas) são para registro dos volumes aspirados e enxertados, obtidos com o aparelho intermediário. A linha amarela abaixo de cada coluna é o volume total da lipoaspiração ou enxerto da cada região predefinida. Abaixo e à direita, os volumes totais infiltrados, lipoaspirados e enxertados são calculados automaticamente. Abaixo e à esquerda, os tempos cirúrgicos são registrados, horários de início e fim da infiltração, aspiração e lipoaspiração de definição. Na segunda página, desenvolvida para facilitar compreensão dos pacientes, dois manequins masculinos, visão frontal e posterior, com destaques das regiões predefinidas de aspiração e enxertia, e ao lado, os volumes totais de cada região nas alturas correspondentes.
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Fig. 14 Sistema desenvolvido para contagem precisa de volumes aspirados, com três peças: (A) ponta de cateter obtida de coletor de urina, com sua válvula de abertura e fechamento; seringa de 50 mL com ponta de cateter, graduada por mililitro, sem o êmbolo (descartado); peça desenvolvida em aço inoxidável, com 2 saídas para conectar mangueiras de lipoaspiração: uma para lipoaspiração e outra para escape. (B) Peças conectadas, prontas para uso. (C) Sistema em uso, com gordura na seringa, antes do descarte.
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Fig. 15 (A) Vista superior da peça desenvolvida em aço inoxidável, com duas saídas para conectar mangueiras de lipoaspiração. (B) Vista inferior da peça desenvolvida. (C) Ponta de cateter obtida de coletor de urina e sua válvula de abertura e fechamento.
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Fig. 1 Female model, frontal view. Predefined fat deposition regions: arms (1), upper back (3), lower back (4), upper abdomen (5), lower abdomen (6), inner thighs (7), trochanteric region (8), knees (9), medial legs (10), and lateral legs (11). The figure also shows the predefined regions for fat grafting in the abdomen (Ab).
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Fig. 2 Female model, back view. Predefined fat deposition regions: upper back (3), lower Back (4), inner thighs (7), trochanteric region (8), knees (9), medial legs (10), and lateral legs (11). The figure also shows the predefined regions for fat grafting in the gluteus (Gl).
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Fig. 3 Male model, frontal view. Predefined fat deposition regions: pectoral (2), upper back (3), lower back (4), upper abdomen (5), lower abdomen (6), and inner thighs (7). The figure also shows the predefined regions for fat grafting in the abdomen (Ab), deltoids (De), biceps (Bi), chest (Ch), and thighs (Th).
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Fig. 4 Male model, back view. Predefined fat deposition regions: upper back (3), lower back (4), and inner thighs (7). The figure also shows the predefined regions for fat grafting in the deltoids (De), triceps (Tr), and gluteus (Gl).
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Fig. 5 Liposuction depth levels. Level I. (A) Abdominal flap removed at abdominoplasty, with the liposuction cannula at level I, below the superficial fascia and above the muscular fascia. (B) Liposuction cannula under the superficial fascia and above the muscular fascia (Level I) in the abdominal region.
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Fig. 6 Liposuction depth levels. Level II. (A) Abdominal flap removed at abdominoplasty, with liposuction cannula at level II, above the superficial fascia and below the dermis. (B) Liposuction cannula below the dermis and above the superficial fascia (level II) in the abdominal region.
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Fig. 7 Liposuction depth levels. Level III. (A) Abdominal flap removed at abdominoplasty, with liposuction cannula at level III, just below the dermis, with the cannula holes facing downwards. (B) Juxtadermal liposuction cannula (level III) in the abdominal region.
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Fig. 8 Female model, frontal view. Access portals and cannula extension (in yellow) for preferred liposuction in prone decubitus: E (elbow), U (umbilicus), P (pubis), K (knees), and L (legs).
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Fig. 9 Female model, back view. Access portals and cannula extension (yellow) for preferred liposuction in prone decubitus: E (elbow), T (thoracic back), S (sacral), G (gluteal fold), and L (legs).
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Fig. 10 Male model, frontal view. Access portals and cannula extension (yellow) for preferred liposuction in side decubitus: E (elbow), M (mammary groove), U (umbilicus), I (iliac crest), P (pubis), K (knees), and L (legs).
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Fig. 11 Male model, back view. Access portals and cannula extension (yellow) for preferred liposuction in side decubitus: E (elbow), I (iliac crest), and L (legs).
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Fig. 12 Spreadsheet for female patients. The first page has columns for each predefined aspiration and grafting region. The first line in each column, in gray, records the infiltrated volume in each region. Other lines (in white) record the aspirated and grafted volumes obtained with the intermediate device. The yellow line below each column is the total liposuction or grafting volume for each predefined region. Below and to the right, the total infiltrated, liposuctioned, and grafted volumes are calculated automatically. Below and to the left, the surgical times are recorded, including the start and end times of infiltration, aspiration, and definition liposuction. On the second page, developed to facilitate patient understanding, two female models, in front and back views, highlight the predefined aspiration and grafting regions and, next to them, the total volumes of each region at the corresponding levels. The total volumes (infiltration, aspiration, and grafting) are also at the bottom of this page.
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Fig. 13 Spreadsheet for male patients. The first page has columns for each predefined aspiration and grafting region. The first line in each column, in gray, records the infiltrated volume in each region. Other lines (in white) record the aspirated and grafted volumes obtained with the intermediate device. The yellow line below each column is the total liposuction or grafting volume for each predefined region. Below and to the right, the total infiltrated, liposuctioned, and grafted volumes are calculated automatically. Below and to the left, the surgical times are recorded, including the start and end times of infiltration, aspiration, and definition liposuction. On the second page, developed to facilitate patient understanding, two female models, in front and back views, highlight the predefined aspiration and grafting regions and, next to them, the total volumes of each region at the corresponding levels. The total volumes (infiltration, aspiration, and grafting) are also at the bottom of this page.
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Fig. 14 System for accurate counting of aspirated volumes, with three parts: (A) catheter tip obtained from a urine collector, with its opening and closing valve; 50mL syringe with catheter tip, graduated in milliliters, without the plunger (discarded); stainless-steel part with two outlets to connect liposuction hoses: one for liposuction and the other for exhaust. (B) Connected parts ready for use. (C) System in use, with fat in the syringe, before disposal.
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Fig. 15 (A) Top view of the stainless-steel part with two outlets for connecting liposuction hoses. (B) Bottom view of the part. C. Catheter tip obtained from a urine collector and its opening and closing valve.