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DOI: 10.1055/s-0042-1746179
Avaliação dos resultados clínicos do tratamento artroscópico de lesões do manguito rotador pela técnica de suture bridge modificada[*]
Article in several languages: português | EnglishResumo
Objetivo Avaliar os resultados clínicos pós-operatórios do reparo artroscópico de lesões do manguito rotador com uma configuração de sutura desenvolvida por nós a partir de modificação do Suture Bridge (Arthrex, Naples, FL, Estados Unidos).
Métodos Estudo retrospectivo de 28 pacientes do gênero masculino (41,2%) e 40 do gênero feminino (58,8%), com média de idade de 60 anos. Todos foram submetidos a reparo do manguito rotador com a técnica Suture Bridge modificada e acompanhados por um período mínimo de 18 meses. Os pacientes foram avaliados clinicamente através da Escala de Ombro da University of California, Los Angeles (UCLA).
Resultados A amplitude de movimento média no pós-operatório foi elevação de 134 ° (variação: 110° a 140°), rotação lateral de 58° (variação: 40° a 70°), e rotação medial de T10 (variação: L4 a T7). O aumento médio de elevação foi de 15°, o de rotação lateral, de 14°, e o de rotação medial, de 2 níveis vertebrais. Os resultados foram considerados excelentes em 61 casos (83,6%) e bons, em 8 (10,9%). Em 4 casos (5,5%), o resultado foi regular.
Conclusão Os resultados clínicos pós-operatórios do reparo artroscópico de lesões do manguito rotador, pela técnica Suture Bridge modificada, foram excelentes e bons na maioria dos casos (69; 94,5%).
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Introdução
O conhecimento da anatomia do manguito rotador é acompanhado pela evolução das técnicas de reparo das lesões que nele ocorrem.[1]−[3] Tais técnicas almejam: promover melhor estabilidade biomecânica do reparo, maximizar o contato entre o tendão e o leito ósseo, e permitir uma distribuição uniforme de tensão, o que proporciona um ambiente favorável à cicatrização.[4] [5]
Uma das configurações consagradas de sutura da lesão do manguito rotador (LMR) é a fileira dupla, em que uma ou mais âncoras são colocadas adjacentes à cartilagem articular e as outras, lateralmente. Esta configuração, descrita inicialmente por Lo e Burkhart,[6] não interliga a fileira medial à lateral; consequentemente, não há compressão do tendão contra o leito ósseo,[7] [8] e isso pode comprometer a cicatrização.[2] [3] [8] [9]
Diversas modificações dessa técnica foram desenvolvidas com o objetivo de pressionar toda a área mobilizada do tendão à sua zona de inserção.[1] [2] [5] Essas alterações foram chamadas de sutura “transóssea equivalente”, pois os fios de sutura das âncoras da fileira medial são posicionados sobre a superfície bursal do tendão e, em seguida são tensionados, aproximando-os ao osso, e, então, interligados às âncoras da fileira lateral.
Concomitantemente a essa evolução, tem se teorizado sobre a importância do suprimento sanguíneo para o manguito rotador após o seu reparo.[10] Com o auxílio de angiograma e fluxometria por Doppler-laser, compreendem-se cada vez mais a sua vascularização e fluxo sanguíneo. Apesar da rica rede de anastomose arterial na região muscular, a região tendínea mostra-se mais delicada e predisposta a lesão e hipofluxo, havendo até corredores avasculares.[10] [11] A partir destas observações, podemos inferir que uma sutura como a Suture Bridge (SB; Arthrex, Naples, FL, Estados Unidos),[12] na qual os fios que interligam as fileiras se cruzam, pode comprometer a vascularização do tendão e sua cicatrização.
Buscando aprimorar o arsenal terapêutico, o objetivo deste trabalho é avaliar os resultados clínicos pós-operatórios do reparo artroscópico das LMRs, utilizando uma configuração de sutura desenvolvida por nós e a partir de uma modificação da SB. Detalharemos neste artigo tal modificação, denominada Suture Bridge modificada (SBM).
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Casuística e Métodos
Realizamos a cirurgia em posição de “cadeira de praia”, sob anestesia geral associada a bloqueio anestésico interescalênico. A primeira etapa é a inspeção artroscópica da articulação, seguida da abordagem do espaço subacromial. Após exploração da lesão, são feitas as mobilizações dos tendões e a cruentização do leito ósseo no tubérculo maior, e, então, repara-se a lesão.
A técnica consiste no uso de pelo menos um ponto de fixação medial, com uma âncora carregada com dois fios na margem articular associada à fixação lateral com uma única âncora de interferência.
Em caso de lesões pequenas e em algumas médias com acometimento apenas do tendão supraespinal, utiliza-se apenas uma âncora medial convencional carregada com dois fios, o que totaliza quatro pontas de fio. Todas as pontas transfixam o tendão no sentido da face articular para a bursal, e, então, são dispostas paralelamente às fibras do tendão e entre si. As pontas centrais são suturadas e formam um ponto de colchoeiro central, o que resulta na aproximação da face articular do tendão ao osso subjacente, ao passo que as pontas periféricas são deixadas livres. Em seguida, as quatro pontas de fio são tracionadas e fixadas na face lateral do tubérculo maior por meio de uma âncora sem fio (de interferência), o que gera um ponto de fixação lateral ([Figura 1]).


Nas lesões médias e grandes com acometimento de mais de um tendão, emprega-se técnica similar, e se repetem duas vezes a mesma configuração, com duas âncoras mediais convencionais carregadas com dois fios cada uma, que totalizam dois grupos com quatro pontas de fio cada. Há apenas uma modificação a ser feita: após a realização dos pontos de colchoeiro centrais, uma das pontas é desprezada, de tal modo que as seis pontas de fio remanescentes (três de cada grupo) serão tracionadas até o ponto de fixação lateral. As pontas desprezadas são cortadas, pois na âncora de interferência lateral só há espaço para seis pontas de fio ([Figura 2]).


Todos os pacientes seguiram regimes de reabilitação similares. Os ombros foram imobilizados com tipoia funcional por quatro a seis semanas, e, então, manteve-se apenas o acompanhamento fisioterapêutico até que se completassem seis meses de reabilitação.
Entre janeiro de 2016 e fevereiro de 2019, foram operados 71 pacientes, 5 com ombros bilaterais, num total de 76 ombros, os quais foram submetidos a tratamento cirúrgico artroscópico por SBM, executada pelos autores.
Desses, foram incluídos os pacientes com LMRs completas pequenas, médias e grandes, segundo a classificação de DeOrio e Cofield,[13] com acometimento do tendão do supra e/ou infraespinal, com ou sem lesão associada do cabo longo do bíceps, submetidos à cirurgia exclusivamente primária por SBM, e com seguimento mínimo de um ano e meio. Os critérios de exclusão foram: acometimento dos demais tendões do manguito rotador e cirurgia prévia no ombro avaliado. Foram excluídos 3 pacientes devido à presença de lesão do tendão do músculo subescapular, e a amostra final totalizou 68 pacientes (73 ombros).
Deste total, 28 eram do gênero masculino (41,2%) e 40, do feminino (58,8%). A média de idade foi de 60 anos, com variação de 44 a 81 anos. Antes dos procedimentos cirúrgicos, os pacientes apresentavam média de movimento de elevação de 119° (variação: 30° a 140° ), 44° (variação: 10° a 60° ) de rotação lateral, e T12 (variação: trocânter a T7) de rotação medial ([Tabela 1]).
CasoS |
Gênero |
Trauma |
EL pré e pós-op |
RL pré e pós-op |
RM pré e pós-op |
N° de tendões acometidos |
N° de âncoras (medial/lateral) |
UCLA pós-op |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 |
F |
140/140 |
60/90 |
T12/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
2 |
M |
140/140 |
60/60 |
T12/L3 |
1 |
1/1 |
35 |
|
3 |
F |
140 /140 |
60/70 |
T7/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
4 |
M |
80/120 |
60/60 |
GLÚT/T10 |
1 |
1/1 |
35 |
|
5 |
F |
80 /120 |
60/60 |
GLÚT/L4 |
1 |
1/1 |
35 |
|
6 |
F |
+ |
80/130 |
40/60 |
GLÚT/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
7 |
F |
+ |
130 /130 |
60/60 |
T10/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
8 |
M |
130 /130 |
60/60 |
T12/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
9 |
M |
+ |
140 /140 |
60/60 |
T7/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
10 |
M |
+ |
140/140 |
60/65 |
T7/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
11 |
M |
+ |
140/140 |
60/70 |
T12/T8 |
1 |
1/1 |
35 |
12 |
F |
80/120 |
10/60 |
GLÚT/L3 |
1 |
1/1 |
32 |
|
13 |
F |
+ |
80/130 |
60/65 |
TROC/T7 |
1 |
1/2 |
35 |
14 |
M |
80/130 |
60/70 |
TROC/T8 |
1 |
1/1 |
35 |
|
15 |
F |
130/130 |
60/65 |
T12/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
16 |
M |
130/140 |
60/45 |
T12/T8 |
1 |
1/1 |
35 |
|
17 |
M |
130/130 |
50/60 |
T10/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
18 |
F |
130/135 |
60/60 |
T10/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
19 |
F |
80/120 |
50/50 |
TROC/L4 |
1 |
1/1 |
27 |
|
20 |
M |
80/110 |
50/50 |
TROC/L3 |
1 |
1/1 |
27 |
|
21 |
F |
130/130 |
60/60 |
T9/T7 |
1 |
1/1 |
34 |
|
22 |
M |
110/140 |
60/60 |
T9/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
23 |
M |
+ |
120/140 |
60/60 |
T10/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
24 |
M |
+ |
80/110 |
40/60 |
GLÚT/T12 |
2 |
1/2 |
32 |
25 |
F |
30/140 |
40/60 |
T12/T12 |
1 |
1/1 |
35 |
|
26 |
F |
+ |
130/140 |
40/70 |
T12/L2 |
1 |
1/1 |
35 |
27 |
F |
+ |
60/130 |
50/60 |
T10/L1 |
1 |
1/1 |
35 |
28 |
F |
140/140 |
60/60 |
T7/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
29 |
F |
130/140 |
30/60 |
T12/T7 |
2 |
1/2 |
35 |
|
30 |
M |
120/140 |
40/60 |
T12/T10 |
2 |
1/2 |
35 |
|
31 |
M |
+ |
120/140 |
30/60 |
T12/T10 |
2 |
1/2 |
35 |
32 |
M |
130/140 |
40/60 |
T12/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
33 |
M |
120/140 |
30/60 |
T12/T7 |
1 |
1/1 |
34 |
|
34 |
M |
+ |
130/140 |
60/60 |
T12/T7 |
2 |
1/2 |
34 |
35 |
F |
130/140 |
60/60 |
T12/T10 |
2 |
1/1 |
35 |
|
36 |
M |
130/140 |
30/60 |
T12/T10 |
1 |
1/1 |
34 |
|
37 |
M |
120/140 |
30/60 |
T12/T10 |
2 |
1/2 |
34 |
|
38 |
F |
110/130 |
30/50 |
T10/T10 |
2 |
1/2 |
35 |
|
39 |
M |
+ |
110/140 |
20/60 |
L1/L1 |
2 |
1/1 |
35 |
40 |
M |
+ |
60/130 |
20/60 |
T12/T10 |
1 |
1/1 |
34 |
41 |
F |
+ |
120/120 |
30/40 |
T12/T12 |
2 |
1/1 |
30 |
42 |
F |
130/140 |
20/70 |
L1/L1 |
2 |
1/1 |
34 |
|
43 |
F |
130/130 |
40/50 |
T12/T12 |
2 |
1/2 |
34 |
|
44 |
F |
100/140 |
30/60 |
T12/T8 |
1 |
1/1 |
35 |
|
45 |
F |
130/130 |
40/50 |
T12/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
46 |
F |
120/140 |
40/60 |
T12/T12 |
2 |
1/2 |
35 |
|
47 |
F |
+ |
130/140 |
40/60 |
T12/T12 |
2 |
1/2 |
35 |
48 |
F |
130/130 |
50/60 |
T12/T7 |
2 |
1/2 |
33 |
|
49 |
F |
70/110 |
20/50 |
T12/L1 |
2 |
1/2 |
30 |
|
50 |
M |
120/140 |
60/60 |
T9/T7 |
2 |
1/2 |
35 |
|
51 |
M |
130/130 |
40/40 |
T12/T10 |
2 |
1/2 |
35 |
|
52 |
M |
120/140 |
40/60 |
T12/T12 |
2 |
1/1 |
35 |
|
53 |
F |
120/140 |
30/60 |
T12/T12 |
1 |
1/1 |
35 |
|
54 |
F |
120/130 |
30/50 |
T12/T12 |
1 |
1/2 |
35 |
|
55 |
F |
120/130 |
40/60 |
T12/T12 |
1 |
1/1 |
34 |
|
56 |
F |
130/140 |
30/60 |
T12/T9 |
2 |
1/2 |
35 |
|
57 |
F |
130/140 |
40/60 |
T10/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
58 |
F |
130/140 |
40/60 |
T12/T7 |
2 |
1/1 |
35 |
|
59 |
F |
130/130 |
40/60 |
T12/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
60 |
F |
120/140 |
30/70 |
T12/T7 |
2 |
1/2 |
35 |
|
61 |
F |
+ |
120/120 |
30/50 |
T12/L3 |
1 |
1/1 |
27 |
62 |
M |
130/130 |
40/45 |
T12/L4 |
1 |
1/1 |
27 |
|
63 |
F |
140/140 |
60/70 |
T12/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
64 |
F |
140/140 |
60/60 |
T9/T9 |
1 |
1/1 |
35 |
|
65 |
F |
140/140 |
60/60 |
T7/T7 |
1 |
1/1 |
35 |
|
66 |
F |
+ |
120/140 |
40/60 |
T12/T10 |
1 |
1/1 |
35 |
67 |
F |
130/130 |
60/50 |
T9/T10 |
2 |
1/1 |
35 |
|
68 |
F |
130/130 |
60/40 |
T9/L2 |
2 |
1/2 |
32 |
|
69 |
F |
130/140 |
30/60 |
T12/L2 |
1 |
1/1 |
32 |
|
70 |
F |
120/130 |
30/60 |
T12/L2 |
2 |
1/2 |
35 |
|
71 |
M |
+ |
120/140 |
30/60 |
T12/T9 |
2 |
1/2 |
35 |
72 |
M |
+ |
120/130 |
30/40 |
T7/T7 |
2 |
1/2 |
35 |
73 |
M |
120/130 |
30/40 |
T12/T10 |
2 |
1/2 |
32 |
No pós-operatório 13 ombros (17,8%) apresentavam pseudoparesia do manguito rotador,[14] com média de 72° (variação: 30° a 80°) de elevação, 43° (variação: 10° a 60°) de rotação lateral, e L5 (variação: trocânter a T10) de rotação medial ([Tabela 2]).
Pré-operatório |
Pós-operatório |
|||||
---|---|---|---|---|---|---|
EL |
RL |
RM |
EL |
RL |
RM |
|
Casos |
||||||
4 |
80 |
60 |
GLÚT |
120 |
60 |
T10 |
5 |
80 |
60 |
GLÚT |
120 |
60 |
L4 |
6 |
80 |
40 |
GLÚT |
130 |
60 |
T7 |
12 |
80 |
10 |
GLÚT |
120 |
60 |
L3 |
13 |
80 |
60 |
TROC |
130 |
65 |
T7 |
14 |
80 |
60 |
TROC |
130 |
70 |
T8 |
19 |
80 |
50 |
TROC |
120 |
50 |
L4 |
20 |
80 |
50 |
TROC |
110 |
50 |
L3 |
24 |
80 |
40 |
GLÚT |
110 |
60 |
T12 |
25 |
30 |
40 |
T12 |
140 |
60 |
T12 |
27 |
60 |
50 |
T10 |
130 |
60 |
L1 |
40 |
60 |
20 |
T12 |
130 |
60 |
T10 |
49 |
70 |
20 |
T12 |
110 |
50 |
L1 |
Em 48 casos (65,8%), utilizamos 2 âncoras (1 medial e 1 lateral), conforme a [Figura 1], e, em 25 casos (34,2%), 3 âncoras (2 mediais e 1lateral) ([Figura 2]).
Os pacientes foram divididos em dois grupos conforme a etiologia da LMR; o grupo I consistiu dos pacientes de etiologia traumática, e o grupo II, degenerativa; eles foram reavaliados segundo a Escala de Ombro da University of California, Los Angeles (UCLA), modificada[15] ([Figura 3]). As amplitudes de movimento (ADMs) ativas foram registradas no pré-operatório e comparadas aos valores registrados no pós-operatório, de acordo os parâmetros da American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS). No grupo I, houve 4 lesões pequenas, 10 médias, e 6 grandes; já no grupo II, foram observadas 6 lesões pequenas, 30 médias, e 17 grandes.


Para análise estatística, todos os dados foram avaliados por meio do programa Minitab (Minitab, LLC, State College, PA, Estados Unidos), versão 19. As informações obtidas foram comparadas por meio do teste exato de Fisher e do teste do qui-quadrado (p < 0,05).
Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ensino e Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (CAAE: 26308719.0.0000.0070).
#
Resultados
A ADM média no pós-operatório foi: elevação de 134° (variação: 110° a 140°), rotação lateral de 58° (variação: 40° a 70°) e rotação medial de T10 (variação: L4 a T7). Houve ganho de movimento em todas as direções na maioria dos ombros operados ([Tabela 1]). O aumento médio de elevação foi de 15°, o de rotação lateral, de 14°, e o de rotação medial, de 2 níveis vertebrais.
Em relação aos grupos, no de etiologia traumática (grupo I), um paciente foi submetido a cirurgia em vigência de capsulite adesiva. Na avaliação final, esse grupo apresentou aumento médio da elevação ativa de 21°, ganho médio de rotação lateral de 10,5°, e ganho médio de rotação medial de 2 níveis vertebrais. A média na Escala de ombro da UCLA foi de 32,4 pontos (variação: 27 a 35 pontos). No grupo II, de etiologia degenerativa, um paciente foi submetido a cirurgia em vigência de capsulite adesiva, assim como outros dois, que a desenvolveram depois. Esse grupo teve aumento médio da elevação ativa de 13,4°, ganho médio de rotação lateral de 13,1°, e ganho médio de rotação medial de 2 níveis vertebrais. A média na Escala de Ombro da UCLA foi de 34,7 pontos (variação: 27 a 35 pontos). Comparando-os, não houve diferença estatística entre os grupos com relação ao gênero (p = 0,101), à idade (p = 0,450), ou ao tamanho da lesão (p = 0,300). Além disso, tampouco houve correlação entre a etiologia e os ganhos nos diferentes movimentos: elevação (p = 0,363), rotação lateral (p = 0,324), e rotação medial (p = 0,134), conforme a [Tabela 3].
Grupo I – etiologia traumática |
Grupo II – etiologia degenerativa |
p |
|
---|---|---|---|
EL |
21 |
13,4 |
0,363 |
RL |
10,5 |
13,1 |
0,324 |
RM |
2 |
2 |
0,134 |
UCLA |
32,4 |
34,7 |
0,839 |
Não houve correlação estatisticamente significativa entre a pontuação final na Escala de Ombro da UCLA e as seguintes variáveis: tamanho da lesão (p = 0,452), gênero (p = 0,256), número de âncoras utilizadas (p = 0,163), etiologia (p = 0,839), e faixa etária no momento da cirurgia (p = 1). Tampouco houve correlação estatística entre a faixa etária e o tamanho da lesão (p = 0,941).
Houve correlação estatística significativa entre o tamanho da lesão e a quantidade de âncoras utilizadas (p < 0,005). Nas 23 lesões grandes, foram utilizadas 3 âncoras; nas 10 pequenas, 2 âncoras; já em relação às 40 médias, 2 casos (2,7%) foram tratados com 3 âncoras, ao passo que as 38 restantes (52,1%), com 2 âncoras.
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Discussão
A técnica de SB é um reparo que propicia resistência suficiente para a manutenção da sutura e da cicatrização tendínea.[1] [3] [5] [8] [9] Todavia, tal sutura pode predispor à redução do fluxo sanguíneo do tendão, uma vez que os fios não sejam dispostos em paralelo às suas fibras, desrespeitando a microvascularização.[2] [3] [10] [11] Com o intuito de preservar a biologia do tendão e acreditando-se que a cicatrização esteja diretamente relacionada à vascularização do manguito rotador, modificamos a SB de modo a obter a resistência fornecida por este tipo de reparo, sem criar áreas de isquemia em regiões com perfusão já fragilizada. Desse modo, nossa sutura visa manter corredores vasculares que preservam o fluxo sanguíneo, que progride de medial para lateral[16] ([Figura 4]).


Em uma revisão sistemática, Hein et al.[8] avaliaram as taxas de rerrotura comparando 3 técnicas, e encontraram um total de 26% de falhas para fileira simples, 21% para fileira dupla, e 21% para SB. Esse estudo[8] incluiu 2.048 ombros, e os autores mostraram que, em números absolutos, a fileira dupla apresentou menos casos de complicação do que a SB nas lesões pequenas, médias e grandes. No entanto, as taxas de rerrotura foram menores na SB apenas nas lesões extensas. Segundo Bedeir et al.[17], caso não haja mobilidade tendínea adequada nas lesões extensas, a lesão não é reduzida anatomicamente à sua zona de inserção, mesmo submetendo o coto tendíneo a tração exagerada. Por outro lado, nas lesões menores, o reparo é possível mesmo com a soltura inadequada, mantendo-se o tecido tensionado a cargas suprafisiológicas e reinserindo-o no osso, o que predispõe a uma construção pouco biológica e pode causar maior isquemia.[2] [17] Já do ponto de vista clínico, numa meta-análise, Ren et al.[18] demonstraram superioridade na pontuação da Escala de Ombro da UCLA nos pacientes submetidos ao reparo com SB em comparação aos reparados com fileira dupla.
Assim como os ótimos resultados funcionais encontrados na literatura em relação à SB,[18]−[21] os pacientes incluídos neste trabalho apresentaram excelente evolução no aspecto clínico (Escala de Ombro da UCLA = 34 pontos), com ganho de ADM em comparação ao pré-operatório, tanto em lesões traumáticas quanto degenerativas. Tal resultado também é descrito na literatura para outros tipos de reparo. Abechain et al.[22] compararam os resultados clínicos após reparo artroscópico entre dois grupos, de lesões traumáticas e não traumáticas, avaliaram pacientes com idades similares às dos nossos (grupo traumático: média de idade 59 anos; grupo não traumático: média de 59,5 anos), e obtiveram resultados semelhantes em ambos os grupos, independentemente de sua etiologia, assim como observado neste estudo.
Também verificamos resultados satisfatórios nos pacientes que apresentavam pseudoparesia previamente à abordagem cirúrgica, com reversão em todos os casos. Com resultado similar em um estudo prévio, Miyazaki et al.[19] avaliaram a evolução de pacientes com LMRs grandes e extensas, associadas a pseudoparesia, submetidos a reparo artroscópico. Foi observada melhora funcional na quase totalidade dos pacientes operados (37 de 38 pacientes). Desse modo, podemos inferir que a SBM também é uma sutura estável e resistente, que proporciona resultados similares aos de outros reparos já descritos.[19]
Podemos dizer que, como evolução desfavorável, houve 4 pacientes com resultado funcional regular (Escala de Ombro da UCLA = 27 pontos). Dois destes pacientes foram submetidos a cirurgia em vigência de capsulite adesiva, e outros dois desenvolveram-na após o procedimento. Todos apresentavam lesões médias, e foram submetidos a reparo com duas âncoras ([Figura 1]). Os casos operados em vigência de capsulite adesiva foram submetidos a capsulotomias anterior e inferior, e, assim como os demais casos que desenvolveram a doença no decorrer da evolução após a cirurgia, foram submetidos a bloqueio anestésico do nervo supraescapular a cada 14 dias subsequentemente, no decorrer de 5 meses a 1 ano (média de 7,75 meses). Apesar da pontuação de 27 na Escala de Ombro da UCLA, ao final da série de bloqueios anestésicos, todos apresentaram pontuação de 35. A capsulite adesiva foi apenas uma intercorrência do tratamento, que felizmente não interferiu negativamente nem na função final dos pacientes, nem na sutura em si.
Não faz parte da nossa rotina ambulatorial pós-operatória solicitar exames de imagem, como a ressonância magnética. No entanto, com o intuito de saber se houve ou não adesão do tendão à sua zona de inserção, solicitamos de forma aleatória esse método de imagem em seis casos, e verificamos em todos eles a ocorrência da cicatrização e integração tendínea no osso, assim como da manutenção da SBM ([Figura 5]).


Apesar dos resultados promissores com baixo número de complicações, ausência de rerroturas e melhora funcional da quase totalidade dos pacientes, temos que ponderar os seguintes fatores como falhas em nosso trabalho: casuística pequena, seguimento curto, e ausência de grupo de controle.
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Conclusão
Os resultados clínicos pós-operatórios do reparo artroscópico de LMRs pela técnica de SBM foram excelentes e bons na maioria (94,5%) dos casos, quando avaliados pela Escala de Ombro da UCLA após 1 ano e meio de acompanhamento.
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Conflito de Interesses
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
Suporte Financeiro
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — Brasil (CAPES) — Código de Financiamento 001.
* Trabalho desenvolvido no Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo, SP, Brasil.
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Endereço para correspondência
Publication History
Received: 24 April 2021
Accepted: 18 February 2022
Article published online:
02 August 2022
© 2022. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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