CC BY 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2024; 59(S 01): e123-e126
DOI: 10.1055/s-0043-1770967
Relato de Caso

Plastia em Z modificada do ligamento patelar com reforço de tendão quadricipital no tratamento da patela baixa

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1   Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal
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Suporte Financeiro Este estudo não recebeu nenhum suporte financeiro de fontes públicas, comerciais ou sem fins lucrativos.
 

Resumo

A patela baixa é uma patologia do joelho pouco frequente, mas limitante devido à rigidez articular e dor localizada na região anterior do joelho. Pode decorrer após trauma, imobilização prolongada ou intervenção cirúrgica local. O achado patológico marcante é o encurtamento e o aumento na espessura do ligamento patelar. Foram descritas várias técnicas cirúrgicas para o seu tratamento, não existindo nenhum tratamento padronizado. Descrevemos o caso de uma doente de 73 anos de idade que apresentava rigidez do joelho, deficit funcional importante e patela baixa após artroplastia total do joelho. Foi submetida a um procedimento cirúrgico de partes moles recentemente descrito, com excelente evolução funcional, melhorando de um Lysholm Knee Score de 16 para 81 pontos, permitindo a mobilização e regresso às atividades de vida diárias precocemente.


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Introdução

A patela baixa é uma patologia definida como a diminuição da distância entre o ápice inferior da patela e a superfície articular proximal da tíbia, num doente com sintomas de gonalgia e deficit de mobilidade.[1] [2] [3] [4] [5]

Está associada a gonalgia crónica, conflito mecânico da patela, insuficiência muscular quadricipital e diminuição da amplitude articular.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9]

Os achados anatomopatológicos chave são o encurtamento e aumento da espessura ligamentar, fibrose intraarticular e da gordura de Hoffa, retração tecidular e fraqueza ou disfunção do músculo quadricipital.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9]

Existem vários métodos radiológicos para avaliar a altura patelar: índice Insall-Salvati, índice Blackburne-Peel e o índice Caton-Deschamps.[1] [4] [5] Na descrição deste caso, os autores utilizaram o índice Caton-Deschamps, sendo que valores <0,6 indicam a existência de patela baixa.[1] [4] [5] [7]

Tanto os procedimentos cirúrgicos, como o trauma e imobilização do joelho predispõem ao desenvolvimento de patela baixa.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] Estudos recentes mostram taxas de incidência de patela baixa após artroplastia total do joelho de até 38%.[1] [4] [7] [8] [9] Esta elevada taxa de incidência é devido à excisão excessiva da gordura de Hoffa, manipulação agressiva do ligamento patelar e libertação do retináculo lateral da patela, que por sua vez conduzem a fenômenos isquêmicos, cicatrização anômala e retração tendinosa.[1] [2] [3] [7] [8] [9]

Existem múltiplos procedimentos cirúrgicos descritos para o tratamento desta patologia com impacto no aporte sanguíneo, no vetor de forças e no tilt patelar, com o objetivo de corrigir a etiologia de base e recuperar a altura normal da patela, mas nenhum é o tratamento padrão.[1] [2] [3] [6] [8] [9] O objetivo deste caso clínico foi descrever uma técnica cirúrgica utilizada para a correção do encurtamento e espessura do ligamento patelar.


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Relato de Caso

Paciente de 73 anos de idade que apresentava rigidez do joelho com deficit de flexão e, radiologicamente, patela baixa após artroplastia total do joelho direito. A limitação funcional, segundo o Lysholm Knee Score, era de 16 pontos, com máximo de flexão de 45°, dor e fraqueza do aparelho extensor, sendo resistentes ao tratamento conservador. Inicialmente, o índice de Caton-Deschamps era de 0,49 ([Fig. 1]).

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Fig. 1 Radiografia lateral do joelho a evidenciar o índice Caton-Deschamps 0,49 no pré-operatório.

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Técnica Cirúrgica e Reabilitação

A doente foi submetida a um procedimento cirúrgico combinado de plastia do ligamento patelar para alongamento e reforço com parte do tendão quadricipital. Ainda se procedeu à substituição do polietileno da face articular superior da tíbia, por um de menor espessura e o componente patelar foi removido.

Como o ligamento patelar se encontrava espessado, a técnica envolveu a divisão do ligamento na sua espessura, obtendo-se um componente anterior e outro posterior de igual espessura.[6] O componente anterior foi desinserido, distalmente, ao nível da tuberosidade anterior da tíbia e o componente posterior, proximalmente, ao nível da patela[6] ([Fig. 2]). Com o joelho a 90° de flexão, fixaram-se os dois topos ligamentares com, pelo menos, 5 mm de sobreposição com sutura absorvível[6] ([Figs. 3] e [4]). Um feixe do tendão quadricipital superficial, com cerca de 1 cm de largura e 10 cm de comprimento, foi isolado ([Fig. 5]) e mobilizado distalmente para reforço do ligamento patelar[6] ([Fig. 6]). O local de excisão quadricipital é reforçado com suturas absorvíveis, apresentando baixa morbilidade.[6]

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Fig. 2 Esquema do procedimento cirúrgico: ligamento patelar foi dividido em dois, segundo a sua espessura. O feixe anterior (azul-escuro) foi desinserido anteriormente ao nível da tuberosidade anterior da tíbia, o feixe posterior (azul-claro) foi desinserido ao nível do ápice distal da patela. Nota-se ainda a obtenção de feixe do tendão quadricipital (cinzento). (1–Tendão Quadricipital; 2–Patela; 3–Ligamento Patelar).
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Fig. 3 Esquema do procedimento cirúrgico: sutura dos dois feixes do ligamento patelar (azul-escuro e azul-claro), com pelo menos 5 mm de sobreposição. De notar o reforço ligamentar com feixe do tendão quadricipital (cinzento-escuro). (1–Tendão Quadricipital; 2–Patela; 3–Ligamento Patelar)
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Fig. 4 Imagem intraoperatória a demonstrar a sutura dos dois feixes do ligamento patelar, com pelo menos 5 mm de sobreposição.
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Fig. 5 Imagem intraoperatória a demonstrar a mobilização do feixe do tendão quadricipital.
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Fig. 6 Imagem intraoperatória a demonstrar o reforço do ligamento patelar com feixe do tendão quadricipital. (seta amarela)

Durante o primeiro mês, a mobilização imediata e o tratamento de reabilitação foram necessários para o fortalecimento quadricipital e evitar a recidiva de patela baixa, estando limitado a carga parcial e flexão máxima de 45°.[6] [9] O fortalecimento muscular e reabilitação articular foi mantido com o apoio da medicina física e de reabilitação durante três meses. Aos seis meses de seguimento, os resultados funcionais foram excelentes, com resultados funcionais de Lysholm Knee Score de 81 pontos, flexão máxima de 110° e índice Caton-Deschamps de 1,17 ([Fig. 7]). A doente retomou as suas atividades de vida diária após o primeiro mês pós-cirúrgico.

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Fig. 7 Radiografia lateral do joelho a evidenciar o índice Caton-Deschamps de 1,17 no pós-operatório.

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Discussão

A patela baixa é uma complicação devastadora do trauma ou cirurgia do joelho, sendo essencial o diagnóstico e tratamento precoces, para o melhor resultado funcional.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]

Existem várias técnicas cirúrgicas descritas para correção de partes moles e ósseas, contudo não existe um tratamento padrão para esta patologia.[1] [2] [3] [6] [8] [9]

A mobilização proximal da tuberosidade anterior da tíbia restaura a altura da patela, mas não é aconselhada quando existe disfunção do músculo quadricipital e não corrige o encurtamento e a espessura do ligamento patelar.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [9] [10]

Há, no entanto, várias opções para o alongamento do ligamento patelar como o uso de enxertos autólogos ou aloenxertos dos tendões isquiotibiais ou osso-tendão-osso e o alongamento do ligamento patelar utilizando a técnica de Ilizarov.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] Mais recentemente foi descrita a plastia em Z modificada que apresenta algumas vantagens em comparação com as outras técnicas.[3] [4] [5] [6] [7] [9]

A plastia em Z modificada tem as vantagens de obter maior alongamento e a manutenção do alinhamento das fibras tendinosas, mantendo inalterado o vetor de forças e a vascularização sanguínea.[6] Outras vantagens desta técnica cirúrgica são a prevenção de defeitos subcutâneos e tendinosos, o que leva a menor risco de complicações e a uma reabilitação precoce.[6]

Segundo a literatura existente, o resultado clínico do paciente apresentado é semelhante a outras variantes de plastia em Z, com a vantagem de manter o alinhamento das fibras tendinosas e maior sobreposição entre os dois topos ligamentares, não alterando o vetor de forças e diminuindo o risco de falência.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] Em comparação com os procedimentos ósseos, a abordagem cirúrgica é menos agressiva, a reabilitação e a mobilização são mais precoces, apresentando também menor risco de falência.[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10]

Existem várias técnicas cirúrgicas para o tratamento da patela baixa, contudo não existe um tratamento padrão. A técnica cirúrgica apresentada tem como vantagens a abordagem da patologia subjacente, facilidade de execução e reprodutibilidade, mobilização, recuperação e regresso às atividades de vida diárias após o primeiro mês pós-cirúrgico, como descrito no caso apresentado.


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Conflito de Interesses

Os autores não declaram conflito de interesses

Estudo realizado no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Penafiel, Portugal.


  • Referências

  • 1 Lum ZC, Saiz AM, Pereira GC, Meehan JP. Patella Baja in Total Knee Arthroplasty. J Am Acad Orthop Surg 2020; 28 (08) 316-323
  • 2 Kennedy MI, Aman Z, DePhillipo NN, LaPrade RF. Patellar Tendon Tenotomy for Treatment of Patella Baja and Extension Deficiency. Arthrosc Tech 2019; 8 (03) e317-e320
  • 3 Schmidt S, Mengis N, Rippke JN, Zimmermann F, Milinkovic DD, Balcarek P. Treatment of acquired patella baja by proximalization tibial tubercle osteotomy significantly improved knee joint function but overall patient-reported outcome measures remain diminished after two to four years of follow-up. Arch Orthop Trauma Surg 2022; 142 (10) 2481-2487
  • 4 Moulton LS, Davies AP. Management of extreme patella baja using in-situ hamstring tendon autograft. Knee 2014; 21 (05) 916-919
  • 5 Salem KH, Sheth MR. Variables affecting patellar height in patients undergoing primary total knee replacement. Int Orthop 2021; 45 (06) 1477-1482
  • 6 Bruhin VF, Preiss S, Salzmann GM, Harder LP. Frontal Tendon Lengthening Plasty for Treatment of Structural Patella Baja. Arthrosc Tech 2016; 5 (06) e1395-e1400
  • 7 Fiquet C, White N, Gaillard R, Servien E, Neyret P, Lustig S. Combined Patellar Tendon lengthening and partial Extensor Mechanism Allograft reconstruction for the treatment of patella infera: A case report. Knee 2019; 26 (02) 515-520
  • 8 Perelli S, Ibañez M, Morales-Marin C. et al. Patellar Tendon Lengthening: Rescue Procedure for Patella Baja. Arthrosc Tech 2019; 9 (01) e1-e8
  • 9 Guido W, Christian H, Elmar H, Elisabeth A, Christian F. Treatment of patella baja by a modified Z-plasty. Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc 2016; 24 (09) 2943-2947
  • 10 Vives-Barquiel MA, Torrents A, Lozano L. et al. Proximalize osteotomy of tibial tuberosity (POTT) as a treatment for stiffness secondary to patella baja in total knee arthroplasty (TKA). Arch Orthop Trauma Surg 2015; 135 (10) 1445-1451

Endereço para correspondência

Tiago António Almeida Orange, MD
Centro Hospitalar Tamega e Sousa, Ortopedia e Traumatologia
Penafiel, Porto
Portugal   

Publication History

Received: 21 February 2022

Accepted: 27 October 2022

Article published online:
19 April 2024

© 2024. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)

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Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil

  • Referências

  • 1 Lum ZC, Saiz AM, Pereira GC, Meehan JP. Patella Baja in Total Knee Arthroplasty. J Am Acad Orthop Surg 2020; 28 (08) 316-323
  • 2 Kennedy MI, Aman Z, DePhillipo NN, LaPrade RF. Patellar Tendon Tenotomy for Treatment of Patella Baja and Extension Deficiency. Arthrosc Tech 2019; 8 (03) e317-e320
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Fig. 1 Radiografia lateral do joelho a evidenciar o índice Caton-Deschamps 0,49 no pré-operatório.
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Fig. 1 Lateral radiograph of the knee showing the preoperative Caton-Deschamps index 0.49.
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Fig. 2 Esquema do procedimento cirúrgico: ligamento patelar foi dividido em dois, segundo a sua espessura. O feixe anterior (azul-escuro) foi desinserido anteriormente ao nível da tuberosidade anterior da tíbia, o feixe posterior (azul-claro) foi desinserido ao nível do ápice distal da patela. Nota-se ainda a obtenção de feixe do tendão quadricipital (cinzento). (1–Tendão Quadricipital; 2–Patela; 3–Ligamento Patelar).
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Fig. 3 Esquema do procedimento cirúrgico: sutura dos dois feixes do ligamento patelar (azul-escuro e azul-claro), com pelo menos 5 mm de sobreposição. De notar o reforço ligamentar com feixe do tendão quadricipital (cinzento-escuro). (1–Tendão Quadricipital; 2–Patela; 3–Ligamento Patelar)
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Fig. 4 Imagem intraoperatória a demonstrar a sutura dos dois feixes do ligamento patelar, com pelo menos 5 mm de sobreposição.
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Fig. 5 Imagem intraoperatória a demonstrar a mobilização do feixe do tendão quadricipital.
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Fig. 6 Imagem intraoperatória a demonstrar o reforço do ligamento patelar com feixe do tendão quadricipital. (seta amarela)
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Fig. 7 Radiografia lateral do joelho a evidenciar o índice Caton-Deschamps de 1,17 no pós-operatório.
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Fig. 2 Scheme of the surgical procedure: patellar ligament was divided in two, according to its thickness. The anterior bundle (dark blue) was detached anteriorly at the level of the anterior tibial tuberosity, the posterior bundle (light blue) was detached at the level of the distal apex of the patella. Also note the acquisition of a bundle of the quadriceps tendon (gray). (1–Quadriceps Tendon; 2–Patella; 3–Patellar Ligament).
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Fig. 3 Scheme of the surgical procedure: suture of the two bundles of the patellar ligament (dark blue and light blue), with at least 5 mm of overlap. Note the ligament reinforcement with a quadriceps tendon bundle (dark grey). (1–Quadriceps Tendon; 2–Patella; 3–Patellar Ligament)
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Fig. 4 Intraoperative image demonstrating the suture of the two bundles of the patellar ligament, with at least 5mm of overlap.
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Fig. 5 Intraoperative image demonstrating mobilization of the quadriceps tendon bundle.
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Fig. 6 Intraoperative image demonstrating reinforcement of the patellar ligament with a quadriceps tendon bundle. (yellow arrow)
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Fig. 7 Lateral radiograph of the knee showing a Caton-Deschamps index of 1.17 postoperatively.