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DOI: 10.1055/s-0039-3400516
Deformidade dos ossos pélvicos e sua correlação com o ângulo centro-borda acetabular[*]
Article in several languages: português | EnglishEndereço para correspondência
Publication History
30 November 2018
22 January 2019
Publication Date:
28 January 2020 (online)
Resumo
Objetivos O objetivo do presente trabalho é avaliar a deformidade dos ossos pélvicos e sua correlação com ângulo centro-borda acetabular (CE).
Métodos Foi realizado um estudo prospectivo caso-controle, entre agosto de 2014 e abril de 2015. Os critérios de inclusão foram pacientes consecutivos com idades entre 20 e 60 anos. Os critérios de exclusão foram: doença metabólica, cirurgia prévia de quadril ou coluna, radiografia evidenciando artrose de quadril ≥ Tönnis 2, displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) severa, sobrecobertura acetabular global, sinal do cruzamento das linhas acetabulares, deformidades decorrentes de epifisiólise ou Legg-Perthes-Calveé, e radiografia sem qualidade adequada. Foram avaliados na radiografia anteroposterior (AP) de pelve: o ângulo CE, índice acetabular (IA), sinal do cruzamento das linhas acetabulares, mensuração do eixo horizontal e vertical da hemipelve superior e inferior (H1: Linha Horizontal 1, hemipelve superior; H2: Linha Horizontal 2, hemipelve superior; V1: Linha Vertical, hemipelve superior; HR: Linha Horizontal, hemipelve inferior; VR: Linha Vertical, hemipelve inferior). As mensurações H1, H2, V1, HR e VR foram consideradas assimétricas quando, na comparação de uma hemipelve em relação ao lado contralateral, evidenciou-se uma diferença > 5 mm. Os pacientes foram separados em dois grupos: controle e grupo 1.
Resultados O total de pacientes avaliados no período foi de 228 (456 quadris). De acordo com os critérios estabelecidos, foram incluídos neste estudo 93 pacientes. A idade média foi de 39,9 anos (20 a 60 anos, desvio padrão [DP] = 10,5), e o ângulo CE médio do quadril direito foi de 31,5° (20° a 40°) e do esquerdo de 32,3° (20° a 40°). Um total de 38 pacientes foi incluído no grupo controle, sendo que com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 4 casos (10,5%), H2 em 5 (13,1%), V1 em 7 (18,4%), HR em 5 (13,1%), e VR em 1 caso (2,63%). No grupo 1, foram incluídos 55 pacientes, sendo que com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 24 casos (43,6%), H2 em 50 (90,9%), V1 em 28 (50,9%), HR em 16 (29,09%), e VR em 8 casos (14,5%). Na comparação entre o grupo controle e o grupo 1, observou-se diferença estatisticamente significativa para a assimetria das mensurações H1, H2 e V1 (p < 0,001).
Conclusão No presente trabalho, evidenciou-se correlação entre variação do ângulo CE acetabular e assimetria da hemipelve superior. Os presentes autores acreditam que o melhor entendimento das alterações morfológicas pélvicas permite uma maior facilidade no diagnóstico das deformidades articulares do quadril.
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Introdução
Existe evidência crescente na literatura da associação de alterações na morfologia óssea da região do quadril e o desenvolvimento de sintomas, além da possibilidade de evolução para degeneração condral articular. Estas alterações podem estar relacionadas ao fêmur, ao acetábulo ou a ambos.[1] No lado acetabular, como alterações morfológicas frequentes pode-se encontrar a sobrecobertura (impacto femoroacetabular [IFA} tipo Pincer) e a deficiência de cobertura (displasia do desenvolvimento do quadril [DDQ]).[2] [3]
A sobrecobertura acetabular pode ser global ou focal. Sobrecobertura global é definida na radiografia anteroposterior (AP) de pelve por ângulo centro-borda (CE)[4] > 40° associado a excesso de cobertura da cabeça femoral pela parede anterior e posterior do acetábulo.[5] Sobrecobertura focal é definida pela presença de retroversão acetabular, que é uma alteração morfológica na qual há desvio estrutural do acetábulo no plano sagital em direção posterolateral. Radiograficamente, a retroversão acetabular é representada pela presença do sinal do cruzamento das linhas acetabulares.[3] [6] [7] Ambas as alterações têm sido associadas ao impacto dinâmico entre o rebordo acetabular e a transição cabeça-colo femoral, podendo resultar em lesões acetabulares da cartilagem posteroinferior e do lábio, além de dor.[8]
Na deficiência de cobertura acetabular, uma área de contato reduzida entre a cabeça femoral e o acetábulo gera força de cisalhamento excessiva na junção condrolabral acetabular, podendo levar ao surgimento de sintomas e degeneração condral em longo prazo. Esta deficiência mais comumente é anterossuperior no acetábulo, e o diagnóstico de DDQ é realizado quando o ângulo CE[4] for < 25° em radiografia AP de pelve.[4] [9]
Alguns autores têm proposto que os distúrbios do desenvolvimento do quadril não afetam somente o fêmur proximal e o acetábulo, como é evidenciado em patologias como IFA e DDQ, mas sim em toda a pelve.[1] [10] Porém, não há consenso sobre quais deformidades ósseas pélvicas correlacionam-se com as alterações morfológicas acetabulares. Os presentes autores acreditam que as alterações estruturais ósseas da pelve e anormalidades acetabulares não são achados isolados, e fazem parte de um continuum de alterações estruturais do desenvolvimento da pelve.
O objetivo do presente trabalho é avaliar a deformidade dos ossos pélvicos e sua correlação com o ângulo CE.
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Materiais e Métodos
Foi realizado um estudo prospectivo caso-controle entre agosto de 2014 e abril de 2015. O trabalho obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento.
Os participantes foram convidados ao estudo voluntariamente. Os critérios de inclusão foram pacientes consecutivos com idade entre 20 e 60 anos. Os critérios de exclusão foram: doença metabólica, cirurgia prévia de quadril ou coluna, radiografia evidenciando artrose de quadril ≥ Tönnis 2, DDQ severa (ângulo CE < 20°),[4] [9] sobrecobertura acetabular global (ângulo CE > 40° e/ou índice acetabular < 0°),[5] sinal do cruzamento das linhas acetabulares (sugerindo retroversão acetabular), assimetria de ângulo CE < 5°, deformidades decorrentes de epifisiólise ou Legg-Perthes-Calveé, e radiografia sem qualidade adequada.[11]
Os pacientes selecionados realizaram radiografia de pelve na incidência AP com os pés em 15° de rotação interna, com o tubo a 120 cm de distância do filme e com o raio direcionado ao ponto central entre a borda superior da sínfise púbica e uma linha horizontal conectando ambas as espinhas ilíacas anterossuperiores. A distância entre o cóccix e a sínfise púbica, além do seu alinhamento, foram fatores considerados para avaliar a qualidade das radiografias.[11]
Foram avaliados no estudo radiográfico em ambas as hemipelves: o ângulo CE, índice acetabular (IA), sinal do cruzamento das linhas acetabulares, mensuração do eixo horizontal e vertical da hemipelve superior (asas do ilíaco - H1, H2 e V1), mensuração do eixo horizontal e vertical da hemipelve inferior (ramos ísquio e ílio púbicos - HR e VR). A definição do método para aferição dos eixos pélvicos está exemplificada na [Figura 1].


As mensurações do eixo das hemipelves (H1, H2, V1, HR e VR) foram consideradas assimétricas quando, na comparação de uma hemipelve em relação ao lado contralateral, evidenciou-se uma diferença > 5 mm.
Os pacientes selecionados foram separados em dois grupos: controle e grupo 1.
No grupo controle foram incluídos pacientes cujos quadris apresentavam ângulo CE com diferença < 5°, sem sinal do cruzamento das linhas acetabulares. No grupo 1, foram incluídos pacientes com assimetria do ângulo CE ≥ 5°, na comparação de um quadril em relação ao lado contralateral, sem sinal do cruzamento das linhas acetabulares.
O objetivo do presente estudo é avaliar a correlação entre a variação do ângulo CE e a deformidade dos ossos pélvicos (assimetria de H1, H2, V1, HR e/ou VR), comparando-se ambos os grupos.
A hipótese é de que a presença de variação do ângulo CE correlaciona-se com assimetria da hemipelve superior (sugerindo alteração rotacional da hemipelve superior).
Para avaliar a homogeneidade entre os grupos, foi aplicado o teste de qui-quadrado para idade, gênero, ângulo CE e IA. O teste exato de Fisher foi empregado para análise das variáveis qualitativas intergrupos (H1, H2, V1, HR e VR). No presente estudo, as diferenças foram consideradas estatisticamente significantes quando p < 0,05. Foi utilizado o software PASW Statistics for Windows, Version 18.0 (SPSS Inc. Chicago, IL, EUA) na análise estatística. Um total de 50 radiografias foi selecionado randomicamente para aferição do coeficiente κ. Dois autores, Roos B. D. e Lima E. M. U., avaliaram as radiografias em tempos distintos com concordância interobservador de 0,72.
#
Resultados
O total de pacientes avaliados no período foi de 228 (456 quadris). De acordo com os critérios estabelecidos, foram incluídos no presente estudo 93 pacientes, sendo 49 do sexo masculino e 44 do sexo feminino. Os pacientes excluídos estão representados na [Tabela 1]. A idade média foi de 39,9 anos (variando de 20 a 60 anos, desvio padrão [DP] = 10,52), e o ângulo CE médio do quadril direito foi de 31,5° (variando de 20° a 40°, DP = 5,30) e do esquerdo foi de 32,3° (variando de 20° a 40°, DP = 5,11). O IA médio foi de 5,14 (variando de 0 a 10, DP = 2,97) no quadril direito e 5,17 (variando de 0 a 10, DP = 3,09) no quadril esquerdo.
Critérios de exclusão |
Excluídos |
---|---|
Cirurgia prévia de quadril ou coluna |
6 |
Artrose ≥ Tönnis 2 |
12 |
DDQ severa |
8 |
Sobrecobertura acetabular global |
14 |
Sinal do cruzamento das linhas acetabulares |
60 |
Assimetria de ÂCE 1 ou 2° |
11 |
Assimetria de ÂCE + Retroversão acetabular unilateral |
9 |
EPF ou Legg-Perthes-Calveé |
3 |
Radiografia sem qualidade adequada |
12 |
Total |
135 |
Um total de 38 pacientes foi incluído no grupo controle, com média das mensurações dos eixos H1, H2, V1, HR e VR representadas na [Tabela 2]. Com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 4 casos (10,5%), à H2 em 5 (13,1%), à V1 em 7 (18,4%), à HR em 5 (13,1%), e à VR em 1 caso (2,63%).
Grupos |
H1 D |
H1 E |
H2 D |
H2 E |
V1 D |
V1 E |
HR D |
HR E |
VR D |
VR E |
|
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Controle |
1 |
71 |
71 |
94 |
93 |
101 |
102 |
67 |
67 |
67 |
68 |
2 |
57 |
65 |
91 |
92 |
92 |
91 |
96 |
92 |
55 |
51 |
|
3 |
55 |
58 |
85 |
87 |
103 |
100 |
90 |
88 |
80 |
79 |
|
4 |
51 |
52 |
86 |
89 |
95 |
98 |
93 |
91 |
58 |
57 |
|
5 |
43 |
43 |
90 |
80 |
115 |
115 |
80 |
88 |
55 |
55 |
|
6 |
49 |
49 |
97 |
98 |
112 |
112 |
90 |
90 |
57 |
57 |
|
7 |
66 |
67 |
88 |
88 |
110 |
110 |
76 |
76 |
68 |
69 |
|
8 |
55 |
61 |
92 |
100 |
126 |
124 |
91 |
100 |
66 |
68 |
|
9 |
50 |
50 |
111 |
113 |
134 |
134 |
83 |
84 |
60 |
60 |
|
10 |
73 |
75 |
108 |
106 |
133 |
131 |
91 |
91 |
65 |
67 |
|
11 |
88 |
88 |
106 |
106 |
131 |
139 |
81 |
90 |
77 |
77 |
|
12 |
64 |
62 |
100 |
99 |
131 |
133 |
85 |
85 |
53 |
53 |
|
13 |
72 |
72 |
102 |
100 |
126 |
121 |
76 |
78 |
88 |
90 |
|
13 |
58 |
60 |
105 |
105 |
137 |
137 |
90 |
88 |
51 |
53 |
|
15 |
57 |
60 |
110 |
115 |
105 |
107 |
87 |
85 |
75 |
73 |
|
16 |
55 |
57 |
85 |
87 |
133 |
134 |
85 |
83 |
52 |
50 |
|
17 |
78 |
78 |
108 |
109 |
132 |
127 |
91 |
90 |
69 |
67 |
|
18 |
62 |
60 |
126 |
124 |
137 |
143 |
88 |
87 |
60 |
61 |
|
19 |
72 |
70 |
100 |
100 |
142 |
142 |
80 |
82 |
80 |
80 |
|
20 |
57 |
55 |
105 |
105 |
151 |
141 |
96 |
97 |
59 |
59 |
|
21 |
60 |
60 |
103 |
102 |
112 |
112 |
84 |
82 |
77 |
76 |
|
22 |
58 |
59 |
94 |
92 |
110 |
110 |
94 |
86 |
67 |
66 |
|
23 |
56 |
56 |
98 |
97 |
97 |
98 |
89 |
89 |
77 |
77 |
|
24 |
51 |
53 |
102 |
101 |
110 |
110 |
98 |
98 |
78 |
78 |
|
25 |
50 |
50 |
98 |
98 |
111 |
112 |
89 |
91 |
57 |
56 |
|
26 |
56 |
57 |
88 |
88 |
110 |
110 |
76 |
76 |
69 |
69 |
|
27 |
65 |
68 |
86 |
88 |
104 |
101 |
89 |
88 |
81 |
80 |
|
28 |
50 |
52 |
87 |
90 |
95 |
97 |
93 |
93 |
58 |
56 |
|
29 |
50 |
50 |
112 |
113 |
134 |
134 |
83 |
83 |
60 |
61 |
|
30 |
64 |
65 |
108 |
108 |
132 |
131 |
90 |
89 |
66 |
67 |
|
31 |
64 |
63 |
99 |
98 |
132 |
133 |
85 |
86 |
54 |
53 |
|
32 |
58 |
60 |
105 |
105 |
137 |
137 |
82 |
84 |
53 |
54 |
|
33 |
55 |
57 |
85 |
86 |
130 |
131 |
85 |
85 |
52 |
51 |
|
34 |
82 |
82 |
100 |
100 |
140 |
138 |
81 |
82 |
77 |
77 |
|
35 |
56 |
55 |
103 |
102 |
112 |
112 |
82 |
80 |
76 |
76 |
|
36 |
55 |
54 |
99 |
100 |
97 |
96 |
90 |
90 |
77 |
77 |
|
37 |
63 |
64 |
102 |
101 |
107 |
109 |
95 |
95 |
75 |
75 |
|
38 |
80 |
80 |
100 |
99 |
140 |
142 |
80 |
80 |
82 |
82 |
|
Média |
60.68 |
61.53 |
99.05 |
119.89 |
119.84 |
86.34 |
86.55 |
66.61 |
66.45 |
98.89 |
|
Desvio Padrão |
10.212 |
10.01 |
9.291 |
16.256 |
16.045 |
6.671 |
6.5 |
10.612 |
10.84 |
9.282 |
No grupo 1, foram incluídos 55 pacientes. A média das mensurações dos eixos H1, H2, V1, HR e VR estão representadas na [Tabela 3]. Com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 24 casos (43,6%), à H2 em 50 (90,9%), à V1 em 28 (50,9%), à HR em 16 (29,09%), e à VR em 8 casos (14,5%) ([Figura 2]).
Grupos |
H1 D |
H1 E |
H2 D |
H2 E |
V1 D |
V1 E |
HR D |
HR E |
VR D |
VR E |
|
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Inclinação Acetabular |
1 |
45 |
45 |
90 |
80 |
100 |
99 |
105 |
105 |
68 |
66 |
2 |
84 |
81 |
90 |
92 |
170 |
170 |
76 |
76 |
72 |
70 |
|
3 |
60 |
50 |
110 |
100 |
100 |
100 |
80 |
80 |
72 |
74 |
|
4 |
50 |
45 |
100 |
94 |
100 |
105 |
96 |
96 |
64 |
63 |
|
5 |
62 |
62 |
107 |
100 |
113 |
115 |
87 |
87 |
72 |
72 |
|
6 |
55 |
50 |
104 |
100 |
102 |
104 |
88 |
88 |
77 |
75 |
|
7 |
53 |
58 |
72 |
89 |
105 |
109 |
75 |
73 |
63 |
70 |
|
8 |
60 |
54 |
92 |
86 |
112 |
110 |
88 |
86 |
67 |
66 |
|
9 |
56 |
57 |
110 |
117 |
110 |
115 |
97 |
107 |
64 |
62 |
|
10 |
50 |
50 |
90 |
98 |
100 |
100 |
70 |
74 |
67 |
65 |
|
11 |
73 |
64 |
107 |
97 |
112 |
112 |
69 |
70 |
65 |
65 |
|
12 |
57 |
51 |
92 |
93 |
107 |
107 |
80 |
79 |
70 |
68 |
|
13 |
50 |
58 |
92 |
97 |
128 |
123 |
90 |
92 |
47 |
47 |
|
13 |
82 |
73 |
114 |
110 |
134 |
139 |
93 |
90 |
77 |
77 |
|
15 |
69 |
69 |
120 |
124 |
138 |
143 |
90 |
80 |
84 |
75 |
|
16 |
55 |
60 |
118 |
128 |
146 |
145 |
88 |
87 |
52 |
50 |
|
17 |
52 |
58 |
76 |
80 |
127 |
124 |
89 |
89 |
59 |
59 |
|
18 |
70 |
70 |
112 |
119 |
135 |
138 |
90 |
90 |
58 |
60 |
|
19 |
55 |
48 |
115 |
100 |
128 |
108 |
85 |
83 |
40 |
42 |
|
20 |
67 |
83 |
116 |
120 |
136 |
136 |
75 |
66 |
55 |
53 |
|
21 |
61 |
62 |
118 |
109 |
135 |
143 |
85 |
75 |
87 |
72 |
|
22 |
51 |
40 |
85 |
92 |
124 |
127 |
83 |
86 |
57 |
57 |
|
23 |
49 |
49 |
148 |
123 |
144 |
146 |
95 |
93 |
60 |
60 |
|
24 |
80 |
82 |
104 |
97 |
119 |
120 |
73 |
75 |
85 |
83 |
|
25 |
47 |
46 |
82 |
88 |
118 |
116 |
86 |
84 |
57 |
55 |
|
26 |
53 |
53 |
101 |
96 |
109 |
132 |
82 |
84 |
75 |
73 |
|
27 |
69 |
69 |
102 |
98 |
138 |
129 |
92 |
90 |
60 |
58 |
|
28 |
62 |
60 |
95 |
94 |
134 |
135 |
95 |
94 |
62 |
61 |
|
29 |
42 |
42 |
94 |
102 |
144 |
149 |
102 |
95 |
72 |
67 |
|
30 |
55 |
55 |
98 |
90 |
145 |
153 |
94 |
92 |
85 |
84 |
|
31 |
60 |
60 |
75 |
81 |
113 |
112 |
82 |
83 |
85 |
73 |
|
32 |
62 |
55 |
104 |
94 |
98 |
104 |
70 |
62 |
66 |
64 |
|
33 |
57 |
61 |
102 |
108 |
108 |
104 |
86 |
88 |
77 |
77 |
|
34 |
60 |
61 |
96 |
102 |
102 |
102 |
68 |
68 |
72 |
72 |
|
35 |
44 |
44 |
83 |
91 |
97 |
97 |
77 |
76 |
65 |
65 |
|
36 |
72 |
72 |
119 |
124 |
137 |
143 |
90 |
82 |
83 |
81 |
|
37 |
55 |
61 |
120 |
128 |
145 |
145 |
87 |
87 |
51 |
45 |
|
38 |
52 |
59 |
75 |
80 |
127 |
123 |
89 |
89 |
72 |
71 |
|
39 |
67 |
67 |
113 |
119 |
135 |
139 |
92 |
90 |
58 |
60 |
|
40 |
56 |
48 |
110 |
100 |
128 |
108 |
85 |
83 |
41 |
42 |
|
41 |
66 |
83 |
116 |
121 |
136 |
136 |
71 |
67 |
54 |
44 |
|
42 |
61 |
63 |
117 |
109 |
136 |
143 |
85 |
76 |
74 |
72 |
|
43 |
51 |
41 |
86 |
92 |
124 |
127 |
82 |
86 |
60 |
60 |
|
44 |
49 |
48 |
140 |
123 |
144 |
144 |
95 |
95 |
58 |
58 |
|
45 |
80 |
82 |
104 |
96 |
119 |
121 |
73 |
74 |
85 |
83 |
|
46 |
48 |
46 |
82 |
89 |
118 |
116 |
87 |
84 |
55 |
58 |
|
47 |
54 |
53 |
101 |
95 |
109 |
132 |
82 |
84 |
74 |
73 |
|
48 |
70 |
69 |
102 |
98 |
138 |
129 |
92 |
91 |
59 |
58 |
|
49 |
44 |
42 |
94 |
101 |
143 |
149 |
98 |
92 |
65 |
66 |
|
50 |
50 |
50 |
98 |
89 |
145 |
153 |
94 |
93 |
70 |
69 |
|
51 |
60 |
61 |
76 |
81 |
113 |
113 |
83 |
83 |
75 |
73 |
|
52 |
62 |
55 |
104 |
93 |
98 |
104 |
70 |
62 |
62 |
61 |
|
53 |
57 |
62 |
101 |
108 |
108 |
104 |
86 |
86 |
72 |
72 |
|
54 |
61 |
61 |
96 |
101 |
103 |
103 |
68 |
66 |
60 |
63 |
|
55 |
45 |
44 |
83 |
92 |
97 |
96 |
77 |
77 |
60 |
59 |
|
Média |
58.49 |
58.04 |
100.51 |
122.44 |
123.62 |
84.85 |
83.45 |
66.8 |
64.29 |
100.93 |
|
Desvio Padrão |
10.011 |
11.41 |
13.179 |
17.359 |
18.27 |
9.093 |
9.867 |
11.453 |
10.544 |
15.608 |


Os grupos foram considerados homogêneos, por não apresentarem diferença com relação a gênero, idade, ângulo CE e IA (p = 0,086). Na comparação entre o grupo controle e o grupo 1 ([Tabela 4]), observou-se diferença estatisticamente significativa para a assimetria das mensurações H1 (p < 0,001), H2 (p < 0,001) e V1 (p = 0,005). Para as medidas HR e VR, não observou-se diferença estatisticamente significativa (p = 0,082; p = 0,077).
H1 |
H2 |
V1 |
VR |
HR |
|||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Assimetria |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Total |
Inclinação |
24 |
31 |
50 |
5 |
28 |
27 |
0 |
0 |
16 |
39 |
55 |
Acetabular |
85.70% |
47.70% |
90.90% |
13.20% |
77.80% |
47.40% |
0.00% |
0.00% |
76.20% |
54.20% |
59.10% |
Controle |
4 |
34 |
5 |
33 |
8 |
30 |
0 |
0 |
5 |
33 |
38 |
14.30% |
52.30% |
9.10% |
86.80% |
12.20% |
52.60% |
0.00% |
0.00% |
13.80% |
45.80% |
40.90% |
|
Total |
28 |
65 |
55 |
38 |
36 |
57 |
0 |
0 |
21 |
69 |
88 |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
100% |
|
Significância |
p = 0,001 |
p < 0,001 |
p = 0,005 |
p = 000 |
p = 0,82 |
#
Discussão
Existe evidência crescente na literatura da associação de alterações morfológicas ósseas na região do quadril e o desenvolvimento de sintomas, além da possibilidade de evolução para degeneração condral articular. Estas alterações podem estar relacionadas ao fêmur, ao acetábulo ou a ambos.[1] No lado acetabular, como alterações morfológicas frequentes pode-se encontrar a sobrecobertura (IFA) e a deficiência de cobertura (DDQ).[2] [3]
Alguns autores têm proposto que os distúrbios do desenvolvimento do quadril não afetam somente o fêmur proximal e o acetábulo, como é evidenciado em patologias como IFA e DDQ, mas sim em toda a pelve.[1] [10] Porém, não há consenso sobre quais deformidades ósseas pélvicas correlacionam-se com alterações morfológicas acetabulares. Os presentes autores acreditam que o melhor entendimento destes dismorfismos pode levar à maior facilidade no diagnóstico das patologias articulares do quadril.
Fujii et al,[13] realizaram um trabalho avaliando o alinhamento rotacional no plano axial do osso ilíaco em tomografias computadorizadas (TCs) de pacientes portadores de DDQ, e questionaram: se a deformidade rotacional estava presente na DDQ; se os ângulos de rotação correlacionavam-se com a versão e inclinação acetabulares; e se os ângulos de rotação correlacionavam-se com a região de deficiência do acetábulo. Os resultados evidenciaram que a rotação interna (RI) do terço superior da hemipelve (osso ilíaco cranialmente à espinha iliaca ântero-inferior [EIAI]) correlaciona-se com o diagnóstico de DDQ.[12] A RI do osso ilíaco em pacientes portadores de DDQ também foi observada por autores como Kumeta et al[13] e Suzuki,[14] e acredita-se que com esta deformidade o acetábulo tende a rodar anterossuperiormente, resultando em diminuição da cobertura anterossuperior e aumento da cobertura posterior.
Também, Fujii et al[12] correlacionaram a rotação externa do terço inferior da hemipelve (entre o osso ilíaco e o ramo ísquiopúbico) com retroversão acetabular em pacientes portadores de DDQ. Este achado é corroborado por Kalberer et al,[15] que observaram a proeminência da espinha isquiática em pacientes com retroversão do acetábulo.
Estas observações sugerem que alterações estruturais ósseas da pelve e anormalidades acetabulares não são achados isolados, e fazem parte de um continuum de alterações estruturais do desenvolvimento.
No presente trabalho, evidenciou-se correlação entre a variação do ângulo CE e assimetria da hemipelve superior. Assim como Fujii et al,[12] podemos constatar que os dismorfismos da hemipelve superior, decorrentes de distúrbios do desenvolvimento ósseo, podem influenciar na morfologia acetabular. Porém, buscamos analisar estes achados em um grupo de pacientes sem DDQ severa (ÂCE < 20°).
Segundo nosso conhecimento, este é o primeiro estudo que busca estabelecer correlações entre dismorfismos pélvicos e variação do ângulo CE, no percentil 90 para ângulo CE da população geral (20–40°).[16]
#
Conclusão
No presente trabalho, evidenciou-se correlação entre a variação do ângulo CE e assimetria da hemipelve superior. Estes achados sugerem que os dismorfismos da hemipelve superior, decorrentes de distúrbios do desenvolvimento ósseo, podem influenciar na morfologia acetabular.
#
#
Conflito de Interesses
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
* Trabalho feito no Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
-
Referências
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