CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2020; 55(02): 239-246
DOI: 10.1055/s-0039-3400516
Artigo Original
Quadril
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Deformidade dos ossos pélvicos e sua correlação com o ângulo centro-borda acetabular[*]

Article in several languages: português | English
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
,
Milton Valdomiro Roos
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
,
Antero Camisa Júnior
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
,
Ezequiel Moreno Ungaretti Lima
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
,
Darby Lira Tisatto
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
,
Marcel Cruz Argoud
1   Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

30 November 2018

22 January 2019

Publication Date:
28 January 2020 (online)

Resumo

Objetivos O objetivo do presente trabalho é avaliar a deformidade dos ossos pélvicos e sua correlação com ângulo centro-borda acetabular (CE).

Métodos Foi realizado um estudo prospectivo caso-controle, entre agosto de 2014 e abril de 2015. Os critérios de inclusão foram pacientes consecutivos com idades entre 20 e 60 anos. Os critérios de exclusão foram: doença metabólica, cirurgia prévia de quadril ou coluna, radiografia evidenciando artrose de quadril ≥ Tönnis 2, displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) severa, sobrecobertura acetabular global, sinal do cruzamento das linhas acetabulares, deformidades decorrentes de epifisiólise ou Legg-Perthes-Calveé, e radiografia sem qualidade adequada. Foram avaliados na radiografia anteroposterior (AP) de pelve: o ângulo CE, índice acetabular (IA), sinal do cruzamento das linhas acetabulares, mensuração do eixo horizontal e vertical da hemipelve superior e inferior (H1: Linha Horizontal 1, hemipelve superior; H2: Linha Horizontal 2, hemipelve superior; V1: Linha Vertical, hemipelve superior; HR: Linha Horizontal, hemipelve inferior; VR: Linha Vertical, hemipelve inferior). As mensurações H1, H2, V1, HR e VR foram consideradas assimétricas quando, na comparação de uma hemipelve em relação ao lado contralateral, evidenciou-se uma diferença > 5 mm. Os pacientes foram separados em dois grupos: controle e grupo 1.

Resultados O total de pacientes avaliados no período foi de 228 (456 quadris). De acordo com os critérios estabelecidos, foram incluídos neste estudo 93 pacientes. A idade média foi de 39,9 anos (20 a 60 anos, desvio padrão [DP] = 10,5), e o ângulo CE médio do quadril direito foi de 31,5° (20° a 40°) e do esquerdo de 32,3° (20° a 40°). Um total de 38 pacientes foi incluído no grupo controle, sendo que com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 4 casos (10,5%), H2 em 5 (13,1%), V1 em 7 (18,4%), HR em 5 (13,1%), e VR em 1 caso (2,63%). No grupo 1, foram incluídos 55 pacientes, sendo que com relação à H1, foi constatada aferição assimétrica em 24 casos (43,6%), H2 em 50 (90,9%), V1 em 28 (50,9%), HR em 16 (29,09%), e VR em 8 casos (14,5%). Na comparação entre o grupo controle e o grupo 1, observou-se diferença estatisticamente significativa para a assimetria das mensurações H1, H2 e V1 (p < 0,001).

Conclusão No presente trabalho, evidenciou-se correlação entre variação do ângulo CE acetabular e assimetria da hemipelve superior. Os presentes autores acreditam que o melhor entendimento das alterações morfológicas pélvicas permite uma maior facilidade no diagnóstico das deformidades articulares do quadril.

* Trabalho feito no Grupo de Quadril do Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.


 
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