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DOI: 10.1055/s-0044-1780989
TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL NA COLITE DE DERIVAÇÃO: BENEFÍCIOS EM RELAÇÃO AOS TRATAMENTOS CONVENCIONAIS
ustavo.provazi@hotmail.com
Introdução A colite de derivação fecal (CDF) é um processo inflamatório assintomático que ocorre no segmento colorretal desfuncionalizado após cirurgias de desvio do trânsito intestinal, como a colostomia ou ileostomia. Entretanto, cerca de 30% dos pacientes podem apresentar a forma sintomática da CDF, com evacuação mucossanguinolenta, tenesmo e desconforto abdominal. A reconstituição do trânsito fecal é o tratamento mais eficaz para a CDF, mas entre 30% e 40% dos pacientes não têm esta reconstituição, e desenvolve a enfermidade. Para a maioria, empregam-se os tratamentos conservadores, como a aplicação de corticoides e enemas contendo ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) ou 5-aminossalicílico, mas que cursam com eficácia variável. O transplante de microbiota fecal (TMF) tem sido utilizado para o tratamento da CDF, e demonstrou resultados promissores.
Objetivo Verificar os benefícios do TMF no tratamento da CDF.
Materiais e Métodos Pesquisa na base de dados PubMed (por artigos publicados de 2016 a 2022), tendo sido incluídos 14 artigos de revisão.
Resultados A CDF sintomática pode se desenvolver em 3 a 36 semanas após a interrupção do trânsito intestinal, e não apresenta predileção por sexo, idade, tipo de estoma ou cirurgia realizada. Sua fisiopatologia inclui modificações na flora bacteriana, deficiência nutricional local e aumento da produção de espécies reativas de oxigênio pelas células da mucosa cólica, decorrente da falta de AGCCs. O tratamento preconizado, como o uso de enemas com AGCCs, demonstrou resultados inconsistentes. O uso de corticoides pode ocasionar a atrofia da mucosa e, no longo prazo, osteoporose, retenção hidroeletrolítica e imunossupressão. O TMF foi aprovado pelo FDA em 2013 para tratar infecções refratárias por C. difficile e, na colite ulcerativa, como estratégia adjuvante, por ser uma opção segura, sem contraindicações, e por apresentar poucos efeitos adversos. Os sintomas clínicos da CDF melhoram após 5 dias do início do tratamento e a melhora endoscópica é observada após 28 dias, com boa regressão do processo inflamatório nos segmentos exclusos de trânsito. O principal risco do tratamento relaciona-se à possibilidade de transmissão de outros agentes infecciosos quando a seleção dos doadores não é realizada com rigor; por isso, o transplante autólogo parece a opção mais segura.
Conclusão O TMF demonstrou eficácia e segurança; entretanto, devido à composição altamente dinâmica da microbiota, estudos devem observar possíveis eventos adversos em longo prazo.
Publication History
Article published online:
27 February 2024
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