Descritores:
Cirurgia plástica - Autoimagem - Impacto psicossocial - Qualidade de vida - Procedimentos
de cirurgia plástica - Inquéritos e questionários
INTRODUÇÃO
A cirurgia plástica é o ramo da medicina cujo objetivo pode ser definido como a
recuperação da função, restauração de alguma região corporal, além da melhora da
forma e embelezamento visando alcançar o equilíbrio da estrutura corporal.
Atualmente, o Brasil encontra-se em segundo lugar no ranking de países com maior
número de procedimentos cirúrgicos na cirurgia plástica, com 1.306.906 cirurgias,
representando 12,9% do total de cirurgias realizadas no mundo, perdendo apenas para
os Estados Unidos, com 1.485.116 cirurgias (14,7%). O restante do ranking é
completado, respectivamente, por Alemanha, Japão e Turquia[1].
No Brasil, as cinco cirurgias plásticas mais realizadas são a lipoaspiração (173.420
casos, representando 13,3%), mamoplastia de aumento (172.485 procedimentos; 13,2%),
blefaroplastia (143.037 procedimentos; 10.9%), abdominoplastia (112.186
procedimentos; 8,6%) e a mastopexia (105.641 procedimentos; 8,1%)[1].
Já nos Estados Unidos, país com o maior número de cirurgias plásticas segundo a
Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), as cirurgias mais
realizadas são, respectivamente, mamoplastia de aumento, lipoaspiração,
abdominoplastia, mastopexia e blefaroplastia. Ao compararmos os dois países, notamos
que as cirurgias mais realizadas são as mesmas, mudando apenas suas posições no
ranking[1].
O aumento da busca pela cirurgia plástica pode ser explicado pelo imaginário coletivo
de um padrão de beleza, estimulado pela globalização e a utilização de redes
sociais, permeado por uma cultura narcísica na qual o desejo de sucesso pessoal pode
ser personificado na materialização do corpo.
A cirurgia plástica tem sido uma alternativa para as pessoas melhorarem a visão de
si
mesmas, sentindo-se mais confiantes e satisfeitas com seus aspectos corporais. Dessa
forma, com a elevação da autoestima nessas pessoas, a cirurgia é capaz de interferir
de forma positiva não somente na autoavaliação corporal, mas também na dimensão
psicossocial[2].
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu a saúde como um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença
ou enfermidade. Assim, o bem-estar mental e social são cada vez mais valorizados,
levando-nos a compreender a importância da autoestima na vida das pessoas.
A autoestima é literalmente definida pelo valor que as pessoas dão a si
mesmas[3]. É o componente
avaliativo do autoconhecimento. Autoestima elevada se refere a uma avaliação global
altamente favorável de si mesmo. Por outro lado, a baixa autoestima, por definição,
é uma interpretação desfavorável do próprio ser.
A cirurgia plástica é a especialidade médica que permite moldar e alterar a silhueta
do corpo humano. Os procedimentos referentes a essa especialização podem melhorar
a
aparência estética e, consequentemente, a autoestima e a autoconfiança. Nos últimos
20 anos, grande parte das pesquisas sobre os aspectos psicológicos referentes à
cirurgia plástica estética focou na construção psicológica da imagem
corporal[4].
Portanto, a alta autoestima pode se referir a uma avaliação precisa, justificada e
equilibrada de seu valor como pessoa, seus sucessos e competências. Seguindo a mesma
lógica, a baixa autoestima pode ser uma compreensão precisa e bem fundamentada na
percepção pessoal das deficiências de alguém como pessoa ou uma sensação distorcida
e até patológica de insegurança e inferioridade[5].
Em 1965, com o intuito de graduar e avaliar a autoestima, Morris Rosenberg criou a
Escala de Autoestima de Rosenberg, um instrumento unidimensional capaz de
classificar a autoestima em baixa, média e alta.
Já a qualidade de vida, pode ser definida como uma percepção do indivíduo de sua
inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive
e
em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações[4]
[6].
Com este intuito, a OMS desenvolveu um questionário visando a avaliação da qualidade
de vida e relacionamentos pessoais em diversos grupos sociais independentemente do
nível de escolaridade chamado World Health Organization Quality Of Life 100
(WHOQOL-100), composto por 100 questionamentos divididos em 24 grupos. Além deste,
a
OMS também desenvolveu um questionário abreviado para uma maior facilidade de
aplicação chamado WHOQOL-Bref.
É amplamente aceita a ideia de que a percepção do paciente sobre sua saúde deve ser
considerada quando avaliamos a efetividade de um tratamento médico, principalmente
na cirurgia plástica, na qual existe um fator psicológico importante para a
avaliação dos resultados pós-cirúrgicos[2]
[7].
O impacto positivo da cirurgia plástica na autoestima dos pacientes é algo notório
no
dia a dia, seja na melhor aceitação e valorização das características corporais,
como também no aspecto de melhor relacionamento pessoal e profissional. Esta
evolução em um aspecto de relacionamento global, seja pessoal ou profissional, leva
a uma melhor qualidade de vida e melhor percepção de posicionamento e importância
na
sociedade[7].
A procura pela cirurgia plástica por parte da população brasileira muitas vezes é
devido a um desconforto ou queixa corporal[8], problemas no relacionamento íntimo, além de dificuldades em
iniciar ou manter relacionamentos pessoais e profissionais, levando estas pessoas
a
apresentarem piores desempenhos em suas atividades, inclusive podendo desencadear
transtornos depressivos[9].
Através destes dados epidemiológicos, podemos notar que além do resultado cirúrgico
é
evidenciado a relevância da cirurgia plástica em um aspecto social, de forma que se
trata de uma especialidade médica capaz de atuar também no âmbito psicossocial dos
pacientes.
Em um estudo de caso-controle que avaliou a importância da cirurgia plástica para
o
idoso[7], foram evidenciados
altos níveis de satisfação pessoal e na vida social neste grupo de pacientes.
Entretanto, não demonstrou diferenças significativas na autoestima em pacientes
idosas que realizaram a cirurgia plástica e nas que não realizaram (grupo
controle).
Já um estudo transversal prospectivo[8] avaliou 49 pacientes com idade entre 30 e 40 anos que foram
submetidas a cirurgia plástica periorbitária (blefaroplastia). Aplicando a Escala
de
Autoestima de Rosenberg no período pré-operatório, 30 e 90 dias após a cirurgia,
observou-se melhora da autoestima nas pacientes submetidas a este procedimento.
Outra pesquisa nesta linha foi realizada em Nicósia (Chipre)5, a qual investigou
através de um estudo descritivo transversal e prospectivo se a cirurgia plástica tem
um efeito sobre a imagem corporal de um indivíduo, satisfação corporal e autoestima
geral na população do Chipre. A maioria dos participantes foi composta por mulheres
(81,9%), sendo que 47,6% realizaram mamoplastia de aumento. A conclusão final deste
estudo fornece evidências de melhora na satisfação dos indivíduos com sua imagem
corporal e autoestima após uma cirurgia estética.
OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo conhecer as características sociodemográficas e
clínicas de pacientes submetidos a cirurgia plástica, além de analisar o efeito e
impacto da cirurgia plástica na autoestima e qualidade de vida destes pacientes.
MÉTODO
Foi realizado um estudo observacional do tipo coorte prospectivo com elementos
descritivos, analíticos e natureza quantitativa.
O estudo foi realizado no período de setembro de 2021 a julho 2022 com pacientes
provenientes da clínica privada de cirurgia plástica do autor da pesquisa no
município de Fortaleza/Ceará. A população do estudo foi de pacientes que realizaram
algum tipo de cirurgia plástica. Foi realizada uma amostra por conveniência
(amostragem não probabilística) com os pacientes que realizaram cirurgia plástica
e
que aceitarem participar da pesquisa.
Critérios de inclusão: pacientes submetidos a cirurgia plástica do tipo estética com
idade igual ou acima de 18 anos; pacientes com, no mínimo, 3 meses de
pósoperatório.
Critérios de exclusão: Foram excluídos pacientes menores de 18 anos, pacientes em
período pós-operatório menor que 3 meses.
Os pacientes foram recrutados em dois momentos: 1. no pré-operatório (antes da
cirurgia) e 2. no seguimento do pós-operatório - após três meses do procedimento
cirúrgico, período este que é o mínimo esperado para obtenção de resultado final do
procedimento.
Foram utilizados três instrumentos para coleta de dados:
-
Um questionário sociodemográfico e clínico desenvolvido pelo autor da
pesquisa, contendo questões acerca da idade, sexo, raça, escolaridade,
profissão, tipo de procedimento, dentre outros questionamentos;
-
Escala de Autoestima de Rosenberg, versão traduzida e adaptada para o
português9,10, que consiste em 10 afirmações com o objetivo de graduar a
autoestima do(a) paciente. As afirmações 1, 2, 4, 6, 7, 8 e 9 retratam alta
autoestima. Já as afirmações 3, 5 e 10 possuem uma característica que relata
baixa autoestima. Em todas as afirmações são dispostas 4 respostas possíveis
em uma escala de Likert (discordo plenamente, discordo, concordo e concordo
plenamente), com pontuação mínima de 1 e máxima de 4 nas afirmações 1, 2, 4,
6, 7, 8 e 9 (atribuições positivas), sendo ao contrário no restante das
afirmações (atribuições negativas). O escore obtido com a Escala pode variar
de 10 a 40, sendo calculado somando-se as pontuações obtidas através das
respostas dadas às 10 afirmações. Uma autoestima considerada satisfatória é
definida com escore igual ou maior que 30 na Escala de Rosenberg e
insatisfatória com escore menor que 30[9]
[10].
-
World Health Organization Quality Of Life - Bref (WHOQOL-Bref), versão
traduzida para o português[10], consiste em 26 questionamentos divididos em quatro
domínios (físico, psicológico, relacionamento social e ambiente) visando a
avaliação da qualidade de vida e relacionamento social. As respostas estão
dispostas em cinco alternativas em escala de Likert[10].
O questionário sociodemográfico, a Escala de Autoestima de Rosenberg e o WHOQOL-Bref
foram aplicados no período de pré-operatório e, posteriormente, reaplicados após,
no
mínimo, 3 meses de pós-operatório, de forma presencial pelo mesmo profissional
treinado pelo pesquisador ou em ambiente isolado na clínica privada de cirurgia
plástica ou através de um instrumento online (Google Forms), a
segunda alternativa sendo de grande valia devido à pandemia de COVID-19, evitando
assim aglomerações.
Os dados categóricos foram expressos como contagens absolutas e frequência relativa
em porcentagens. Os dados contínuos foram avaliados quanto à distribuição normal
usando o teste de Shapiro-Wilk, análise da curtose, histogramas e gráficos Q-
Q. Os dados considerados normais foram expressos como média ± desvio padrão e os
não-normais como mediana e amplitude interquartil. Para comparações de dados
contínuos entre 2 grupos dependentes (antes vs. após cirurgia
plástica), foi usado o teste t pareado, conforme normalidade dos dados. Para
comparação entre grupos pareados quanto a diferença na frequência de dados
categóricos, foi usado o teste de McNemar. Os dados foram analisados no
software SPSS para Macintosh, versão 23 (Armonk, NY: IBM Corp.)
Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente
significativos.
RESULTADOS
Participaram da pesquisa 52 pacientes (n=52) que realizaram cirurgia plástica, sendo
a maioria mulheres (92,3%), com idade média de 37±11 anos.
Quanto à etnia, o grupo de pacientes mais prevalente referiu-se como apresentando
a
cor branca (33; 63,5%). A maioria referiu apresentar uma faixa de renda de 4 até 10
salários-mínimos (15; 28,8%).
A maior parte dos pacientes afirmou possuir o ensino superior (36; 69,2%).
A maioria dos pacientes (36; 69,2%) referiu ter realizado mais de uma cirurgia
plástica ao longo da vida, sendo que o último procedimento cirúrgico, ou seja,
pertencente a esta pesquisa, foi mais presente como uma associação de cirurgias
plástica (22; 61,1%) ([Tabela 1]).
Tabela 1.
|
Rosenberg (Autoestima)
|
p
|
|
Antes da cirurgia
|
Após a cirurgia
|
Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo, tanto quanto as outras pessoas
|
3,23±0,7
|
3,6±0,69
|
0,012
|
Eu acho que eu tenho várias boas qualidades
|
3,3±0,64
|
3,73±0,45
|
<0,001
|
3) Levando tudo em
conta, eu penso que eu sou um fracasso
|
3,34±0,65
|
3,67±0,47
|
0,002
|
4) Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem
quanto a maioria das pessoas
|
3,15±0,61
|
3,63±0,49
|
<0,001
|
5) Eu acho que eu não
tenho muito do que me orgulhar
|
3,19±0,79
|
3,52±0,75
|
0,031
|
6) Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim
mesmo
|
2,78±0,96
|
3,42±0,72
|
<0,001
|
7) No conjunto, eu
estou satisfeito comigo
|
2,44±1,07
|
3,48±0,67
|
<0,001
|
8) Eu gostaria de poder ter mais respeito por mim
mesmo
|
2,33±1
|
2,88±1
|
<0,001
|
9) Às vezes eu me
sinto inútil
|
2,94±0,83
|
3,42±0,8
|
<0,001
|
10) Às vezes eu acho que não presto para nada
|
3,17±0,83
|
3,57±0,72
|
0,002
|
Rosenberg
somatório
|
29,87±2,10
|
34,92±1,84
|
<0,001
|
Foram realizadas 70 cirurgias plásticas nos pacientes participantes desta pesquisa,
sendo as três mais prevalentes: mastopexia (12; 17,1%), mamoplastia de aumento (18;
25,7%) e abdominoplastia (16; 22,8%). Caso considerarmos as cirurgias mamárias
(mastopexia, mamoplastia redutora e mamoplastia de aumento) como um único grupo,
teremos uma prevalência de cirurgia bastante importante, sendo um total de 34
cirurgias, representando 48,5% do total de procedimentos cirúrgicos realizados.
Houve aumento significativo da autoestima quando comparados os valores do componente
geral no pré-operatório (29,87±2,10 pontos) e pós-operatório (34,92±1,84 pontos).
Quando avaliadas as questões relacionadas à autoestima isoladamente, também foi
evidenciado aumento significativo no pós-operatório, quando comparado com o
pré-operatório ([Tabela 1]).
Foi verificado um aumento importante na qualidade de vida quando comparados os
valores da pontuação geral no pré-operatório (91,59±12,68 pontos) e pósoperatório
(108,22±9,26 pontos) através do WHOQOL-Bref.
Foram avaliados os resultados dos quatro domínios, e evidenciamos um impacto
significativo da cirurgia plástica nos resultados destes domínios. O domínio físico
apresentou um escore de 3,70±0,47 no pré-operatório, evoluindo para 4,29±0,4 pontos
no pós-operatório (p<0,001). Os domínios psicológico, relações
pessoais e meio ambiente apresentaram também aumentos em suas pontuações, todos com
importante significância estatística ([Tabela 2]).
Tabela 2.
WHOQOL-BREF
|
Antes da
cirurgia
|
Após a
cirurgia
|
p
|
Domínio físico
|
3,70±0,47
|
4,29±0,4
|
<0,001
|
Domínio psicológico
|
3,30±0,68
|
4,14±0,46
|
<0,001
|
Domínio de
relacionamento social
|
3,48±0,87
|
4,15±0,64
|
<0,001
|
Domínio ambiente
|
3,57±0,41
|
3,97±0,48
|
<0,001
|
Ao alcançarmos os resultados da Escala de Autoestima de Rosenberg e do questionário
de qualidade de vida WHOQOL-Bref, também foi realizada uma correlação entre os
resultados dos dois questionários, chegando-se a uma interpretação de que o aumento
da autoestima provido pela realização da cirurgia plástica impacta de uma forma
significativa na qualidade de vida dos pacientes participantes.
Pudemos observar que os domínios físico, psicológico e de relacionamento social
apresentaram os maiores índices no coeficiente de Pearson, levando a interpretar uma
correlação significativa entre o crescimento da autoestima e qualidade de vida após
a realização da cirurgia plástica. Já o domínio ambiente apresentou o menor índice
no referido coeficiente, mas mesmo assim ainda com significância estatística ([Tabela 3]).
Tabela 3.
|
Variação de ROSENBERG
|
|
n
|
r
[*]
|
p
|
WHOQOL somatório
|
52
|
0,471
|
<0,001
|
Domínio físico
|
52
|
0,460
|
<0,001
|
Domínio
psicológico
|
52
|
0,496
|
<0,001
|
Domínio de relacionamento social
|
52
|
0,432
|
0,001
|
Domínio ambiente
|
52
|
0,275
|
0,049
|
DISCUSSÃO
A média de idade dos pacientes desta pesquisa é de 37±11 anos, semelhante aos dados
do censo realizando pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em 2018, no qual
a maioria das pacientes apresentavam idade entre 36 e 50 anos[11].
A maioria de pacientes deste estudo é do sexo feminino (92,3%), dado similar à
pesquisa realizada em 2018 pela SBCP que evidenciou maioria também deste sexo
(79,4%)[11].
As cirurgias mais prevalentes desta pesquisa foram, respectivamente: mamoplastias,
lipoaspiração e abdominoplastia. Estas cirurgias coincidem exatamente com os dados
referidos pela SBCP como cirurgias mais realizadas no Brasil, sendo as mamoplastias
em primeiro lugar, logo depois vindo a lipoaspiração e, posteriormente, a
abdominoplastia[11].
A Escala de Autoestima de Rosenberg é um instrumento específico, com propriedades
psicométricas, que avalia a autoestima dos pacientes no momento da aplicação do
questionário. É uma forma objetiva de quantificar os resultados de um procedimento,
evitando estar sujeito a avaliações subjetivas ou examinadordependente[9].
Estes dados corroboram com a pesquisa de Santos et al.[2], que apresentou resultado de crescimento da
autoestima em pacientes submetidas a mamoplastias através da evolução dos escores
aplicando a Escala de Autoestima de Rosenberg.
Da mesma forma, Ishizuka[7], também
utilizando a referida escala, demonstraram em sua pesquisa um crescimento da
autoestima em pacientes submetidas a blefaroplastia, seja a técnica utilizada
superior ou inferior.
O presente estudo demonstrou que a cirurgia plástica é capaz de melhorar a autoestima
das pacientes, seja o grupo amostral utilizado de todos os procedimentos realizados,
como também nos grupos amostrais dos três procedimentos mais realizados
(mamoplastias, lipoaspiração e abdominoplastia). Em todos os grupos de pacientes
avaliados, houve evolução dos escores de pré-operatório para pósoperatório, com
importante significância estatística.
No caso da avaliação do impacto da cirurgia plástica na qualidade de vida dos
pacientes participantes desta pesquisa, utilizamos o WHOQOL-Bref. Os resultados
demonstrados desta pesquisa nos mostram a importância da cirurgia plástica para o
desenvolvimento biopsicossocial dos pacientes, o que leva a refletir diretamente na
qualidade de vida dos pacientes.
O WHOQOL deve ser interpretado através dos seus quatro domínios (físico, psicológico,
relacionamento social e ambiente). Entretanto, é importante notar a grande evolução
nos escores de questionamentos isolados referentes à aceitação da aparência física,
melhora da qualidade do sono, satisfação pessoal e também da vida sexual. Todos
estes tópicos são aspectos importantes buscados por pacientes ao realizar uma
cirurgia plástica, além de serem significativos para uma melhor qualidade de
vida.
De qualquer forma, avaliando a evolução dos escores nos domínios do WHOQOL-Bref,
podemos ver nesta pesquisa que houve crescimento nas pontuações de todos os domínios
com significância estatística, refletindo a cirurgia plástica como um importante
fator externo que desencadeia uma melhora na qualidade de vida das pacientes.
Ao avaliarmos os grupos de pacientes que realizaram as cirurgias mais prevalentes,
encontramos também um crescimento nos escores pós-operatórios comparados ao
pré-operatório com importante significância estatística, demonstrando a uniformidade
de resultados encontrados, mesmo quando avaliamos os resultados de todos os
pacientes.
Algumas limitações foram percebidas. A pesquisa foi realizada durante a pandemia da
COVID-19, período no qual, por conta dos protocolos de segurança, as cirurgias
eletivas foram limitadas, o que resultou em uma diminuição do número de
participantes.
Estes dados são importantes, pois reforçam o modelo de saúde biopsicossocial sugerido
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em que o tratamento holístico é mais
importante do que simplesmente o foco da atenção apenas na doença. Desta forma, os
cuidados psicológicos e sociais são de extrema valia para a saúde do paciente.
CONCLUSÃO
Através do presente estudo, somos capazes de analisar e graduar o impacto da cirurgia
plástica na autoestima e qualidade de vida dos pacientes submetidos a um
procedimento cirúrgico.
Houve aumento significativo da autoestima quando comparados os resultados do escore
geral no pré-operatório e pós-operatório através dos resultados da aplicação da
Escala de Autoestima de Rosenberg, assim como concluímos a melhoria da qualidade de
vida dos pacientes submetidos a cirurgia plástica, seja através da interpretação do
resultado geral do WHOQOL-Bref, como também os quatro domínios deste questionário
demonstraram evolução significativa.
Também com esta pesquisa pudemos conhecer as características sociodemográficas dos
pacientes participantes, como idade, sexo mais prevalente, classe social e cor da
pele. Informações muito importantes para conhecermos melhor as características de
pacientes que têm intenção de submeter-se a uma cirurgia plástica.
Através da Escala de Autoestima de Rosenberg e do questionário de qualidade de vida
da OMS (WHOQOL-Bref), ambos validados e com importância na literatura médica,
pudemos quantificar a melhora desses tópicos subjetivos relatados acima.
Com os resultados alcançados, concluímos que a cirurgia plástica é uma importante
especialidade médica que, através de seus procedimentos cirúrgicos, é capaz de
aumentar a autoestima dos pacientes. E não somente isso. Já que neste estudo foi
encontrada uma correlação com significância estatística entre autoestima e qualidade
de vida no pós-operatório da cirurgia plástica, poderemos, com grande possibilidade,
influenciar em uma melhora da qualidade de vida destes pacientes.
A avaliação do bem-estar físico e psicossocial dos pacientes deve ser rotina entre
os
profissionais de saúde. Assim, através deste estudo, concluímos como a cirurgia
plástica em si pode estar em uma importante posição na terapêutica de melhoria da
autoestima, refletindo, portanto, em uma melhor qualidade de vida.
Bibliographical Record
HELMANO FERNANDES MOREIRA FILHO, OLIVIA ANDREA DE ALENCAR COSTA BESSA, NAYANA SOARES
MOREIRA. Autoestima e qualidade de vida em pacientes submetidos a cirurgia plástica.
Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) – Brazilian Journal of Plastic Surgery
2024; 39: 217712352024rbcp0858pt.
DOI: 10.5935/2177-1235.2024RBCP0858-PT