Subscribe to RSS

DOI: 10.1055/s-0044-1790212
Displasia acetabular limítrofe dolorosa: O que há de novo?
Article in several languages: português | English- Resumo
- Introdução
- Materiais e Métodos
- Epidemiologia
- Diagnóstico por Imagem
- Tratamento da Displasia Desenvolvimental do Quadril Limítrofe
- Considerações Finais
- Referências
Resumo
A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ), é uma patologia estática-dinâmica complexa que conduz à instabilidade articular crônica e à artrose. Já a displasia acetabular borderline (limítrofe) refere-se a padrões levemente anormais na forma e na cobertura acetabular que não estão dentro dos valores para serem considerados displásicos. Entretanto, tais padrões podem predispor a disfunção mecânica e instabilidade quadril. O diagnóstico e o tratamento continuam sendo um tópico controverso na preservação do quadril, com pouca literatura comparativa atual para orientar o diagnóstico preciso e a tomada de decisão do tratamento. Historicamente o diagnóstico da DDQ limítrofe foi baseado em avaliações da anatomia acetabular na radiografia pélvica anteroposterior, mais comumente o ângulo da borda central lateral (LCEA), com valores normais entre 20 e 25°, ou, em alguns estudos mais recentes, 18 a 25°. Quanto a tomada de decisão de tratamento em casos cirúrgicos, há grande debate entre a utilização artroscopia isolada do quadril ou osteotomia periacetabular, tendo em vista que diagnóstico mecânico fundamental (instabilidade versus impacto femoroacetabular) pode ser difícil de determinar nos casos de DDQ limítrofe. Assim, para uma tomada de decisão cirúrgica efetiva, a avaliação de características adicionais da anatomia óssea, instabilidade e características dos pacientes é fundamental.
Palavras-chave
articulação do quadril - diagnóstico por imagem - impacto femoroacetabular - luxação do quadril - tomada de decisõesIntrodução
A displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ) é uma condição musculoesquelética importante. Embora cerca de 80% dos casos já estejam presentes desde o nascimento, muitas vezes tais alterações permanecem sem diagnóstico apropriado. Apesar de a maioria dos casos de DDQ serem assintomáticos, essa condição pode levar a alterações biomecânicas na região do quadril, que podem predispor os indivíduos ao desenvolvimento de quadros de osteoartrite do quadril.[1]
A classificação desta condição é, em geral, baseada nos valores de ângulo centro-borda lateral (LCEA) de Wiberg menores que 20°.[2] Porém, estudos demonstram que quadris com valores entre 20 e 25° também apresentam sinais de displasia, no entanto, nestes casos as apresentações imaginológicas, biomecânicas e clínicas, tendem a ser diferentes da DDQ estabelecida. Deste modo, tais casos passaram a ser denominados DDQ limítrofe.
O uso do termo “limítrofe” em si é um tanto controverso, com uma definição variável na literatura. É importante reconhecer que esse termo não indica que a deficiência acetabular não é importante, mas sim é utilizado para reconhecer que o diagnóstico primário desses quadris pode se enquadrar em qualquer lado do espectro de instabilidade e impacto estabelecidos na literatura.[3] [4]
Um dos grandes dilemas relacionados à DDQ limítrofe é que, diferentemente da estabelecida, alguns dos pacientes apresentam instabilidade estrutural (similar a casos de displasia estabelecida), ao passo que outros pacientes apresentam impacto femoroacetabular (IFA) e microinstabilidade.[5] [6] Assim, a tomada de decisões cirúrgicas, quando necessárias, em quadris com displasia acetabular limítrofe é desafiadora devido à ausência de padrões clínicos para diferenciar quadris com instabilidade estrutural significativa daqueles com IFA e microinstabilidade/ausência de instabilidade.[7]
Deste modo, dada a relativa escassez e heterogeneidade da literatura quanto a DDQ limítrofe, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão da literatura para identificar os conceitos mais atuais quanto ao diagnóstico, classificação, tratamento e desfechos clínicos referentes à doença.
Materiais e Métodos
Revisão Narrativa da Literatura
Para auxiliar no processo de busca e aquisição dos artigos foi realizada uma ampla revisão da literatura nas seguintes bases de dados: Medline (PubMed), OVID, Google Scholar e Scielo. Para cada uma das bases foi criada uma estratégia de busca para identificação de artigos de interesse. Exemplos dos mecanismos de busca são citados a seguir: borderline hip dysplasia AND imaging diagnostic OR diagnostic OR x-ray OR magnetic resonance OR computer tomography ou borderline hip dysplasia AND treatment OR surgical treatment OR hip arthroscopy OR periacetabular osteotomy.
Após identificação dos artigos, foram excluídos aqueles que não mencionavam o tema displasia do quadril, artigos em outras línguas que não português ou inglês, e artigos que não puderam ser acessados pelos autores.
Epidemiologia
Por se tratar de uma condição limítrofe e com muitos debates quanto a sua classificação, a real prevalência da DDQ limítrofe ainda não é completamente compreendida, tendo em vista que muitos estudos classificam quadris com a condição como normais ou não têm seus valores reportados. Múltiplos parâmetros podem ser utilizados para identificação, entre eles ângulos de LCEA entre 20 e 25°, ângulos de Sharp maiores que 45° e o ângulo de Tönnis > 10°.[5] [8]
Epidemiologia – População Geral
Jacobsen et al.,[9] relata em estudo com 3.859 pacientes assintomáticos, que a prevalência de quadris classificados com DDQ limítrofe foi de 19.2%, ao passo que apenas 3,4% dos pacientes apresentaram DDQ estabelecida.
Ademais, Engesæter et al.,[8] em estudo prospectivo com 2.072 indivíduos de 19 anos, identificou que 16,7% dos pacientes apresentam sinais de DDQ limítrofe e que 3,3% apresentavam sinais de displasia estabelecida. Mais recentemente, um estudo norte-americano com 2.596 pacientes derivados de uma base de dados coletada entre 1990 e 1997 para detecção da prevalência de osteoartrite no condado de Johnston, Carolina do Norte, apontou que DDQ limítrofe envolveu aproximadamente 18,8% dos casos.[10]
Por fim, Freiman et al.[11] realizaram uma metanálise para identificar a prevalência geral de DDQ limítrofe. Os autores verificam uma presença de 6,7% entre os pacientes assintomáticos. Ademais, os autores apontam que na população geral assintomática a DDQ limítrofe ocorre 3,5 vezes mais que a clássica. Entretanto, em populações sintomáticas a diferença reduz para 1,3 vezes.
Epidemiologia – População de Atletas Profissionais
Além do mais, Kapron et al.,[12] em uma população com 67 jogadores de futebol americano assintomáticos, verificaram a presença de 19,4% DDQ limítrofes. Em estudo do mesmo grupo, desta vez com grupo de 63 atletas femininas assintomáticas com média de 19 anos de idade, apontou que 46% destas apresentavam quadril limítrofe e 20% DDQ estabelecida.[13] Por fim, Harris et al.[14] investigaram um grupo de 47 profissionais de uma companhia de ballet e verificou-se que 51% dos pacientes tinham DDQ limítrofe.
Epidemiologia – População sintomática
Quanto a prevalência de DDQ limítrofe em pacientes com dores no quadril, Kraeutler et al.,[15] 2019, reportam 341 indivíduos que a presença de displasia limítrofe era de 14% entre os pacientes. Já Matsuda et al.,[16] investigando 1.053 pacientes na fila para receberem artroscopia do quadril, identificou uma prevalência de 12,6%.
Diagnóstico por Imagem
O diagnóstico da DDQ limítrofe só pode ser concluído com o auxílio de exames de imagem e a mensuração de ângulos associados às alterações causadas pela displasia. A [Tabela 1] apresenta a comparação entre os valores de quadris com displasia limítrofe e estabelecida.
Parâmetro |
Displasia limítrofe |
Displasia franca |
---|---|---|
LCEA |
20–25° |
< 20° |
Linha illiofemoral |
15–22% |
> 22% |
Ângulo centro borda anterior |
20–25° |
< 20° |
Ângulo de Tönnis |
> 13° |
> 13° |
Ângulo de Sharp |
39–42° |
> 42° |
A medida mais frequentemente utilizada é o LCEA ([Fig. 1A]), que define a cobertura acetabular súperolateral da cabeça do fêmur, e é medido por meio de duas linhas que se originam no centro da cabeça femoral. Uma linha estende-se superiormente e perpendicularmente ao eixo transverso da pelve e a outra passa pela borda lateral do acetábulo. Esta última linha foi mais especificamente definida para cruzar o ponto mais superolateral da zona de sustentação de peso esclerótica do acetábulo (sourcil). Estudos apontam que valores de LCEA menores que 20° são indicativos de DDQ estabelecida. Alguns autores chegam a considerar valores entre 18 e 25° como displasias limítrofes, no entanto, os limites mais utilizados e aceitos na literatura são de 20 a 25°.[4]


Outra medida que pode auxiliar no diagnóstico da DDQ limítrofe é o ângulo de Tönnis ([Fig. 1B]), que possui valores normativos entre 0 e 10°, com valores maiores geralmente sendo encontrados em quadris displásicos. Este ângulo é definido como uma inclinação caudal para cranial da porção média a lateral distante do soquete acetabular com perda da concavidade acetabular lateral normal. Valores elevados de ângulo de Tönnis podem indicar a presença de DDQ limítrofe, com autores identificando uma prevalência 3 vezes maior destes achados em pacientes com quadril limítrofe em relação a pacientes saudáveis. Ademais, estudos apontam que pacientes com hipermobilidade do quadril tendem a apresentar maiores valores de ângulo de Tönnis, o que pode auxiliar na tomada de decisão cirúrgica.[17] [18]
A terceira medida de interesse é o ângulo de Sharp que é medido por uma linha horizontal traçada entre as lágrimas bilaterais (projeção da extremidade inferior da fossa acetabular) e uma linha adicional até o teto acetabular lateral. Estudos apontam que ângulos de Sharp entre 33 e 38° são considerados normativos, valores entre 39 e 42°, definidos como indicadores de displasia limítrofe; e valores acima de 42° sendo considerados como quadris com displasia estabelecida.[19]
Outra medida de interesse é a linha iliofemoral (LIF), na qual valores entre 15 e 22% são indicativos de DDQ limítrofe. Este parâmetro é medido com uma linha que se estende desde o ápice da concavidade do colo femoral lateral até a margem cortical interna do ílio; adicionalmente uma linha horizontal da porção medial à porção lateral da cabeça do fêmur é desenhada. Então, verifica-se o quanto a linha vertical avançou sobre a linha horizontal da seguinte forma: A = tamanho da linha horizontal do bordo medial da cabeça do fêmur até a linha vertical; e B = tamanho da linha horizontal do bordo lateral da cabeça do fêmur até a linha vertical. Por fim realiza-se a seguinte conta B/(A + B). Em quadris com supercobertura acetabular, a LIF é tangente à cabeça do fêmur ou pode até mesmo estar completamente lateral à cabeça. Se a cobertura lateral é reduzida ou o centro do quadril é deslocado de maneira superolateral (como em graus variados de displasia), a LIF intersecta cada vez mais a cabeça do fêmur.[20]
Já, o índice femoroepifiseal do teto do acetábulo (do inglês, FEAR) pode ser utilizado para identificar a presença de instabilidade em pacientes com DDQ limítrofe ([Fig. 1G]). A medida é composta por uma linha sobre a porção central da cicatriz fiseal, e uma segunda linha que é feita da parte medial à parte lateral do sourcil, caso a inclinação do ângulo seja na direção lateral este é considerado positivo; neste caso, valores acima de 5° são indicativos de instabilidade em displasia limítrofe.[4] [21]
Outro ângulo que pode ser importante na tomada de decisão é o ângulo alfa ([Fig. 1H]) que pode orientar o cirurgião quanto a presença de deformidades do tipo cam, caso seus valores estejam acima de 50°; ademais, estudos apontam que pacientes com ângulos alfa maiores que 78° apresentam risco significativamente maior de desenvolverem osteoartrite de estágio avançado.[22] [23] Este ângulo é medido na incidência de Dunn e Ducroquet, por um círculo ao redor da cabeça do fêmur, de onde raio da cabeça do fêmur será derivado.[24] O ponto onde a distância a partir do centro da cabeça excede o raio da cabeça do fêmur é marcado. O ângulo alfa é o ângulo formado por uma linha que conecta o centro da cabeça do fêmur ao ponto onde a distância a partir do centro da cabeça excede o raio da cabeça e o eixo do colo do fêmur. Valores maiores de ângulo alfa podem ser indicativos de risco de impacto femoral e da presença de lesões de cartilagem.[4] [23] [25]
Autores também reportam a importância do ângulo colo do fêmur ([Fig. 1F]), onde uma linha é desenhada ao longo do centro do eixo femoral e uma segunda linha é desenhada ao longo do centro do colo femoral. O ângulo do colo do fêmur é o ângulo formado entre essas duas linhas sendo que os valores considerados normativos variam entre 125 e 135°.[18]
Outras duas medidas muito úteis na avaliação da morfologia do quadril e cobertura femoral, incluem o índice da parede anterior e índice da parede posterior. O índice da parede anterior (AWI, do inglês) é obtido com a divisão da distância ente o centro da cabeça do fêmur à parede anterior e o raio da cabeça do fêmur ([Fig. 1C]). Similarmente, o índice da parede posterior (PWI, do inglês) pode ser calculado pela divisão da distância do centro da cabeça do fêmur até a parede posterior divido pelo raio da cabeça do fêmur ([Fig. 1D]). De acordo com Siebenrock et al.[26] valores de AWI menores que 0,30 ou de PWI menores 0,81 podem ser indicativos de displasia de quadril.
Outra medida que também pode ser utilizada para verificar a presença de instabilidade nos quadris é o ângulo centro-borda anterior ([Fig. 1E]), que é formado por uma linha que vem do centro da cabeça do fêmur até a fonte acetabular e uma linha perpendicular ao solo vinda do centro da cabeça do fêmur.[27] Estudos apontam que pacientes com valores de ACE menores que 20° estão mais sujeitos a apresentarem instabilidade no quadril.[2]
Dornarcher et al.[28] propõe a utilização de três índices em conjunto com o LCEA para a identificação de diferentes tipos de displasia limítrofes, sendo eles: AWI > 0,30 e PWI > 0,80 (quadril displásico lateralmente); AWI < 0,30 e PWI < 0,80 (quadril displásico ântero-lateral); e AWI > 0,30 e PWI < 0,80 (quadril displásico posterolateral).
Exames de ressonância podem ser utilizados para identificação da hipertrofia labral, que em pacientes sem patologias do quadril gira em torno de 7,68 mm, já em pacientes com displasia limítrofe tende a apresentar valores próximos a 9,44 mm.[4]
Quanto a exames de tomografia computadorizada, diversas mensurações podem ser feitas para identificação da presença de DDQ-limítrofe e outros fatores para auxiliar na tomada de decisão.[15]
A versão acetabular, medida em cortes axiais, é o ângulo entre uma linha perpendicular ao eixo horizontal do acetábulo posterior e uma linha entre a borda posterior e anterior do acetábulo, esse ângulo tem seus valores normativos entre 12 e 20°.[29] Estudos apontam que valores maiores que 25° graus podem ser indicativos de cobertura acetabular reduzida e maiores riscos de presença de instabilidade. Já valores muito reduzidos, indicando uma retroversão acetabular, podem aumentar o risco de impacto acetabular, devido à presença de cobertura acetabular anterior excessiva.[15] [26] [27]
O ângulo de torsão do fêmur também pode ser utilizado para identificar a presença de instabilidade nos quadris, com estudos demonstrando que quanto maior valor deste maior o risco da presença de instabilidade. No entanto, múltiplos métodos são descritos para medir esse ângulo, de forma que os seus valores de referência variem significativamente, com valores entre 7 e 24° sendo considerados normais.[4] [30] [31] No estudo realizado por Han et al.,[32] os autores demonstraram que pacientes sem displasia do quadril apresentavam menores valores de torsão femoral comparados a pacientes com displasia de quadril (21,2° vs. 27,5°, p < 0.05). Ademais, os autores apontam que quanto maior o grau de Hartofilakidis, maiores os valores de torsão femoral (GI: 24, GII: 29, GIII: 39°).
Por fim, Saks et al.,[33] em seu estudo, demonstram que os pacientes com DDQ-limítrofe muito provavelmente não compõe um grupo único/homogêneo, mas sim são formados por diversos subgrupos com características distintas. Em seu estudo os pesquisadores investigaram a diferença entre os pacientes do sexo masculino e feminino portadores de DDQ limítrofe, demonstrando que pacientes do sexo masculino tendem a apresentar ângulos alfa maiores quando comparados a pacientes do sexo feminino (69,7 vs. 58.1°). Pacientes do sexo masculino também apresentaram maior taxa de lesão labral (62,4 vs. 19,3%) e maiores taxas de lesão de cartilagem grau 3 e 4 (50 vs. 30%). Já pacientes do sexo feminino receberam maior quantidade de plicatura capsular para tratamento de instabilidade do quadril 78,5 contra 45,9% em pacientes do sexo masculino. Ademais, pacientes do sexo feminino apresentaram dor interna dolorosa que requeria alongamento fracional do iliopsoas em maior quantidade do que pacientes do sexo masculino (60 vs. 32,1%). Esses dados demonstram que, apesar dos dois grupos sofrerem da mesma patologia, as diferenças entre os parâmetros radiológicos e achados cirúrgicos é tão marcante que poderiam compor duas entidades patológicas diferentes.[33]
Tratamento da Displasia Desenvolvimental do Quadril Limítrofe
Há grande debate na literatura sobre qual o tratamento ideal para pacientes com DDQ limítrofe, tendo em vista que os procedimentos mais utilizados (artroscopia ou osteotomia periacetabular) apresentam resultados efetivos. No entanto, em ambas as técnicas, alguns pacientes apresentaram complicações e precisaram de uma reabordagem cirúrgica.[3]
Swarup et al.[34] reportam, em uma coorte retrospectiva com 33 pacientes, que a utilização da técnica de osteotomia Peri acetabular é capaz de promover melhora clínica significativa na qualidade de vida pacientes e que o procedimento foi capaz de promover melhora clínica significativa em 90% dos pacientes em até um após o procedimento.
Evans et al.,[35] em uma análise retrospectiva de 17 pacientes com DDQ limítrofe pareados 1:1 com pacientes sem displasia do quadril, analisaram o impacto da utilização de artroscopia de quadril neste grupo. Os pesquisadores demonstram que ambos os grupos obtiveram melhora clínica significativa dos desfechos clínicos, demonstrando que a artroscopia pode ser um tratamento eficaz para quadros de DDQ limítrofe.
Nawabi et al.[36] apresentam os resultados clínicos de 2 anos de 55 quadris com DDQ limítrofe, tratados com artroscopia e comparados a um grupo controle (quadris que receberam artroscopia, mas tinham LCEA > 25° e < 40°). Os autores demonstraram que ambos os grupos apresentam melhora significativa nos questionários de qualidade de vida pós-operatórios e sem diferença entre a melhora de um grupo e outro, resultados similares aos obtidos nos desfechos de movimento do quadril. Ademais, os autores investigaram os procedimentos que foram realizados em cada um dos grupos, com o de desbridamento do ligamento redondo sendo o procedimento realizado com maior frequência em pacientes com DDQ limítrofe.
De maneira similar, Beck et al.,[37] 2019, realizaram um estudo de coorte retrospectivo com pareamento entre pacientes com displasia limítrofe e pacientes sem displasia limítrofe recebendo artroscopia. O estudo aponta que ambos os grupos apresentam melhora significativa em diversos questionários de qualidade de vida, além de serem capazes de atingirem melhora clínica significativa e atingirem estado aceitável de sintomas (PASS, do inglês). Ademais, o trabalho aponta que quanto menor o ângulo alfa e quanto maior o LCEA pré-operatórios, maior a chance de o paciente atingir um estado aceitável de sintomas em 2 anos.
Owens et al.,[38] reporta que atletas de alto nível com displasia limítrofe submetidos à artroscopia do quadril, em estudo pareado com 5 anos de acompanhamento, apresentam resultados de retorno ao esporte e de melhora nos desfechos clínicos similares à atletas com cobertura normal dos quadris.
Em estudo com 56 pacientes, Domb et al.,[39] 2023, analisou os desfechos clínicos de 10 anos de pacientes com displasia limítrofe submetidos à artroscopia e plicatura capsular com preservação labral. Os autores apontam que os pacientes apresentam em média uma taxa 76% de atingimento de melhora clínica significativa em algum dos questionários de qualidade de vida e uma taxa de sobrevivência livre aos 10 anos de 82% para artroplastia. O estudo também demonstrou que pacientes com DDQ limítrofe apresentaram evolução clínica similar a pacientes com cobertura normal recebendo o mesmo procedimento, no entanto os pacientes sem displasia apresentaram uma taxa de sobrevivência de 92.4%. Por fim, os autores demonstram que, no grupo com DDQ limítrofe, os fatores mais associados a necessidade de conversão para artroplastias nestes casos foram idade mais avançada e índice de massa corporal (IMC) mais elevado.[39]
Beals et al.,[40] em um estudo de coorte retrospectiva com acompanhamento mínimo de 10 anos, investigou os desfechos clínicos de pacientes com DDQ limítrofe e impacto femoroacetabular. O estudo demonstrou que os pacientes submetidos a artroscopia apresentaram melhora significativa em múltiplos questionários de qualidade de vida. Além disso, revelou-se que os fatores de risco para conversão para artroplastia de quadril foram, idade avançada, presença de lesões condrais avançadas e ângulos de Tönnis maiores que 15°.
Diversos autores investigam os possíveis fatores de risco para falhas nas artroscopias no cenário de displasia limítrofe. Maldonado et al.,[41] 2018, identificou pacientes acima de 35 anos como tendo um risco 2.35 vezes maior de falha na cirurgia de plicatura capsular, quando comparado com pacientes com menos de 35 anos. Hatakeyama et al.,[42] 2018, demonstrou que pacientes com DDQ-limítrofe recebendo artroscopia com preservação labral, plicatura capsular e osteoplastia do cam, apresentavam maiores riscos de falha no procedimento quando com idade > 42 anos, quebra da linha de Shenton e ângulo de Tönnis maior que 15°. Já Maldonado et al.,[43] 2020, aponta em estudo pareado que pacientes com displasia limítrofe submetidos a artroscopia e que tenham um ligamento redondo intacto/saudável tendem a apresentar melhores resultados que pacientes com lesões no ligamento redondo.
Em um novo estudo de Maldonado et al.,[44] 2021, investigou os desfechos clínicos de pacientes submetidos à revisão de artroscopia do quadril por meio de uma segunda artroscopia. Os autores apontam que no grupo de pacientes com DDQ-limítrofe os pacientes atingiram melhoras clínicas similares aos pacientes sem displasia, no entanto o grupo displásico apresentou uma tendência à maior risco de necessitar um procedimento secundário.
McClincy et al.,[25] em estudo com 49 pacientes com DDQ-limítrofe, identificaram que este grupo de pacientes apresentou e manteve melhora clínica significativa 2 anos após receber osteotomia periacetabular. Ademias os autores apontam que a taxa de sobrevivência sem revisão de 2 anos de pacientes submetidos à osteotomia foi de 94%.
Nepple et al.[45] apresentam uma coorte retrospectiva de 178 pacientes (186 quadris) com DDQ limítrofe que receberam osteotomia periacetabular (OP). É demonstrado no estudo que pacientes recebendo OP apresentam melhora clínica significativa em múltiplos questionários de qualidade de vida. Ademais, os autores demonstram que pacientes submetidos a artroscopias prévias, apresentavam piores desfechos clínicos no último período de acompanhamento, compara do àqueles sem procedimentos prévios. Os autores também investigam impacto da adição de osteoplastias ou artroscopias concomitantes à OP, demonstrando que os pacientes que receberam tais procedimentos adicionais, não apresentaram melhores desfechos clínicos no último período de acompanhamento, quando comparados com os pacientes que não receberam os procedimentos. Por fim os autores apontam que o fator que está significativamente associado às falhas no tratamento, é baixa correção de ângulo de LCEA (falha: 6,6 e sucesso: 11,1°).[45]
Barton et al.,[46] em revisão sistemática, demonstrou que pacientes recebendo artroscopia de quadril para tratamento de DDQ limítrofe apresentaram uma taxa de 7,5% de necessidade de uma artroscopia de revisão, cerca de 4% com conversão para artroplastia e 13,7% de necessidade de revisão em geral.
Em outra revisão sistemática dos desfechos clínicos de médio e longo prazo de pacientes com DDQ limítrofe, Lee et al.[47] demonstram que ao menos 70% dos pacientes atingiram melhora clínica importante em um ou mais questionários de qualidade de vida. Ademais, os autores apontam que a taxa de artroscopias de revisão variou de 0 a 7% e a taxa de conversões para artroplastias de quadril variou de 0 a 24%, sendo que a taxa de sobrevivência sem revisão à médio prazo foi de 98,2% e a taxa de sobrevivência à longo prazo foi de 76,3%. Por fim, o estudo aponta que um grau de Tönnis maior que 2, ângulo de Tönnis maior que 15° e grau IV de Outerbridge são os fatores mais associados à necessidade de conversão para artroplastia nesse grupo de pacientes.[47]
Murata et al.,[48] 2021, realizou uma revisão sistemática para comparar os desfechos entre a realização de osteotomia periacetabular e artroscopia de quadril em pacientes com displasia de quadril limítrofe. Devido à pouca literatura realizando a comparação entre as técnicas não foi possível realizar comparação entre os grupos. Entretanto, ambos os grupos apresentaram melhora clínica significativa e taxas similares de complicações entre os estudos, na faixa de 0 a 22%.
Por fim, Andronic et al.[49] realizou a comparação entre pacientes com DDQ limítrofe recebendo OP ou artroscopia do quadril pareados segundo idade, gênero e dados radiológicos. O estudo demonstra que ambos os grupos apresentaram melhora clínica significativa nos desfechos clínicos e uma taxa similar de diferença clínica significativa (MCID, do inglês) e PASS. Os autores demonstraram que pacientes recebendo OP apresentavam maior risco de cirurgia futura em relação àqueles recebendo artroplastia (principalmente por reação ao implante). Além disso, é evidenciado que dos pacientes do grupo artroplastia, três necessitaram revisão e foram submetidos à osteotomia periacetabular devido à dor persistente, já um paciente do grupo OP necessitou da realização de uma artroscopia para tratamento de adesões intra-articulares. Por fim, um paciente do grupo artroscopia necessitou uma artroplastia de quadril.[49]
Considerações Finais
A DDQ limítrofe é uma condição que gera muito debate na literatura, quanto a sua parametrização e melhores métodos para abordagem. Deste modo, exames complementares são essenciais para auxiliar na identificação de diferentes padrões de apresentação, podendo auxiliar na tomada de decisões cirúrgicas.
Por fim, ainda não há consenso quanto a melhor abordagem para DDQ limítrofe, com revisões apontando que não há diferenças clínicas entre a utilização de artroscopias e osteotomias.
Conflito de Interesses
Os autores não têm conflito de interesses a declarar.
Suporte Financeiro
Os autores declaram que não receberam suporte financeiro de agências dos setores público, privado ou sem fins lucrativos para conduzir o presente estudo.
-
Referências
- 1 Gala L, Clohisy JC, Beaulé PE. Hip Dysplasia in the Young Adult. J Bone Joint Surg Am 2016; 98 (01) 63-73
- 2 Kraeutler MJ, Garabekyan T, Pascual-Garrido C, Mei-Dan O. Hip instability: a review of hip dysplasia and other contributing factors. Muscles Ligaments Tendons J 2016; 6 (03) 343-353
- 3 Kraeutler MJ. Editorial Commentary: Most Patients With Borderline Hip Dysplasia Do Well After Hip Arthroscopy: Could Instability Be the Problem for Those Who Do Poorly?. Arthroscopy 2023; 39 (02) 283-284
- 4 Welton KL, Kraeutler MJ, Garabekyan T, Mei-Dan O. Radiographic Parameters of Adult Hip Dysplasia. Orthop J Sports Med 2023; 11 (02) 23 259671231152868
- 5 Vaudreuil NJ, McClincy MP. Evaluation and Treatment of Borderline Dysplasia: Moving Beyond the Lateral Center Edge Angle. Curr Rev Musculoskelet Med 2020; 13 (01) 28-37
- 6 Grammatopoulos G, Pascual-Garrido C, Nepple J. et al. The Borderline Dysplastic Hip: Arthroscopy or PAO?. Orthop J Sports Med 2018; 6 (07) x
- 7 Nepple JJ, Fowler LM, Larson CM. Decision-making in the Borderline Hip. Sports Med Arthrosc Rev 2021; 29 (01) 15-21
- 8 Engesæter IØ, Laborie LB, Lehmann TG. et al. Prevalence of radiographic findings associated with hip dysplasia in a population-based cohort of 2081 19-year-old Norwegians. Bone Joint J 2013; 95-B (02) 279-285
- 9 Jacobsen S, Sonne-Holm S, Søballe K, Gebuhr P, Lund B. The distribution and inter-relationships of radiologic features of osteoarthrosis of the hip. A survey of 4151 subjects of the Copenhagen City Heart Study: the Osteoarthrosis Substudy. Osteoarthritis Cartilage 2004; 12 (09) 704-710
- 10 Raveendran R, Stiller JL, Alvarez C. et al. Population-based prevalence of multiple radiographically-defined hip morphologies: the Johnston County Osteoarthritis Project. Osteoarthritis Cartilage 2018; 26 (01) 54-61
- 11 Freiman SM, Schwabe MT, Fowler L, Clohisy JC, Nepple JJ. Prevalence of Borderline Acetabular Dysplasia in Symptomatic and Asymptomatic Populations: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2022; 10 (02) 23 259671211040455
- 12 Kapron AL, Anderson AE, Aoki SK. et al. Radiographic prevalence of femoroacetabular impingement in collegiate football players: AAOS Exhibit Selection. J Bone Joint Surg Am 2011; 93 (19) e111 , 1–10)
- 13 Kapron AL, Peters CL, Aoki SK. et al. The prevalence of radiographic findings of structural hip deformities in female collegiate athletes. Am J Sports Med 2015; 43 (06) 1324-1330
- 14 Harris JD, Gerrie BJ, Varner KE, Lintner DM, McCulloch PC. Radiographic Prevalence of Dysplasia, Cam, and Pincer Deformities in Elite Ballet. Am J Sports Med 2016; 44 (01) 20-27
- 15 Kraeutler MJ, Goodrich JA, Ashwell ZR, Garabekyan T, Jesse MK, Mei-Dan O. Combined Lateral Osseolabral Coverage Is Normal in Hips With Acetabular Dysplasia. Arthroscopy 2019; 35 (03) 800-806
- 16 Matsuda DK, Wolff AB, Nho SJ. et al; Multicenter Arthroscopic Study of the Hip (MASH) Study Group. Hip Dysplasia: Prevalence, Associated Findings, and Procedures From Large Multicenter Arthroscopy Study Group. Arthroscopy 2018; 34 (02) 444-453
- 17 Wong TY, Jesse MK, Jensen A, Kraeutler MJ, Coleman C, Mei-Dan O. Upsloping lateral sourcil: a radiographic finding of hip instability. J Hip Preserv Surg 2018; 5 (04) 435-442
- 18 McQuivey KS, Secretov E, Domb BG. et al. A Multicenter Study of Radiographic Measures Predicting Failure of Arthroscopy in Borderline Hip Dysplasia: Beware of the Tönnis Angle. Am J Sports Med 2020; 48 (07) 1608-1615
- 19 Mannava S, Geeslin AG, Frangiamore SJ. et al. Comprehensive Clinical Evaluation of Femoroacetabular Impingement: Part 2, Plain Radiography. Arthrosc Tech 2017; 6 (05) e2003-e2009
- 20 Kraeutler MJ, Ashwell ZR, Garabekyan T. et al. The Iliofemoral Line: A Radiographic Sign of Acetabular Dysplasia in the Adult Hip. Am J Sports Med 2017; 45 (11) 2493-2500
- 21 Wyatt M, Weidner J, Pfluger D, Beck M. The Femoro-Epiphyseal Acetabular Roof (FEAR) Index: A New Measurement Associated With Instability in Borderline Hip Dysplasia?. Clin Orthop Relat Res 2017; 475 (03) 861-869
- 22 Agricola R, Waarsing JH, Thomas GE. et al. Cam impingement: defining the presence of a cam deformity by the alpha angle: data from the CHECK cohort and Chingford cohort. Osteoarthritis Cartilage 2014; 22 (02) 218-225
- 23 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002; 84 (04) 556-560
- 24 Barton C, Salineros MJ, Rakhra KS, Beaulé PE. Validity of the alpha angle measurement on plain radiographs in the evaluation of cam-type femoroacetabular impingement. Clin Orthop Relat Res 2011; 469 (02) 464-469
- 25 McClincy MP, Wylie JD, Kim YJ, Millis MB, Novais EN. Periacetabular Osteotomy Improves Pain and Function in Patients With Lateral Center-edge Angle Between 18° and 25°, but Are These Hips Really Borderline Dysplastic?. Clin Orthop Relat Res 2019; 477 (05) 1145-1153
- 26 Siebenrock KA, Kistler L, Schwab JM, Büchler L, Tannast M. The acetabular wall index for assessing anteroposterior femoral head coverage in symptomatic patients. Clin Orthop Relat Res 2012; 470 (12) 3355-3360
- 27 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE. et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008; 90 (Suppl 4, Suppl 4) 47-66
- 28 Dornacher D, Lutz B, Fuchs M, Zippelius T, Reichel H. Acetabular deficiency in borderline hip dysplasia is underestimated by lateral center edge angle alone. Arch Orthop Trauma Surg 2023; 143 (07) 3937-3944
- 29 Direito-Santos B, França G, Nunes J. et al. Acetabular retroversion: Diagnosis and treatment. EFORT Open Rev 2018; 3 (11) 595-603
- 30 Buly RL, Sosa BR, Poultsides LA, Caldwell E, Rozbruch SR. Femoral Derotation Osteotomy in Adults for Version Abnormalities. J Am Acad Orthop Surg 2018; 26 (19) e416-e425
- 31 Hartel MJ, Petersik A, Schmidt A. et al. Determination of Femoral Neck Angle and Torsion Angle Utilizing a Novel Three-Dimensional Modeling and Analytical Technology Based on CT Datasets. PLoS One 2016; 11 (03) e0149480
- 32 Han Q, Zhang A, Wang C, Yang K, Wang J. Application of three-dimensional reconstruction to improve the preoperative measurement accuracy and applicability of femoral neck torsion angle. Medicine (Baltimore) 2019; 98 (45) e17727
- 33 Saks BR, Fox JD, Owens JS. et al. One Bony Morphology, Two Pathologic Entities: Sex-Based Differences in Patients With Borderline Hip Dysplasia Undergoing Hip Arthroscopy. Am J Sports Med 2021; 49 (14) 3906-3914
- 34 Swarup I, Zaltz I, Robustelli S, Sink E. Outcomes of periacetabular osteotomy for borderline hip dysplasia in adolescent patients. J Hip Preserv Surg 2020; 7 (02) 249-255
- 35 Evans PT, Redmond JM, Hammarstedt JE, Liu Y, Chaharbakhshi EO, Domb BG. Arthroscopic Treatment of Hip Pain in Adolescent Patients With Borderline Dysplasia of the Hip: Minimum 2-Year Follow-Up. Arthroscopy 2017; 33 (08) 1530-1536
- 36 Nawabi DH, Degen RM, Fields KG. et al. Outcomes After Arthroscopic Treatment of Femoroacetabular Impingement for Patients With Borderline Hip Dysplasia. Am J Sports Med 2016; 44 (04) 1017-1023
- 37 Beck EC, Nwachukwu BU, Chahla J. et al. Patients With Borderline Hip Dysplasia Achieve Clinically Significant Outcome After Arthroscopic Femoroacetabular Impingement Surgery: A Case-Control Study With Minimum 2-Year Follow-up. Am J Sports Med 2019; 47 (11) 2636-2645
- 38 Owens JS, Jimenez AE, Lee MS, Monahan PF, Maldonado DR, Domb BG. High-Level Athletes With Borderline Hip Dysplasia Achieve Favorable Outcomes and Return to Sport Rates Following Primary Hip Arthroscopy: Minimum 5-Year Outcomes Comparison to a Propensity-Matched Control Group. Arthroscopy 2023; 39 (02) 271-282
- 39 Domb BG, Owens JS, Glein RM, Jimenez AE, Maldonado DR. Borderline Dysplasia After Primary Hip Arthroscopy with Capsular Plication and Labral Preservation: Ten-Year Survivorship and Patient-Reported Outcomes. J Bone Joint Surg Am 2023; 105 (09) 687-699
- 40 Beals TR, Soares RW, Briggs KK, Day HK, Philippon MJ. Ten-Year Outcomes After Hip Arthroscopy in Patients With Femoroacetabular Impingement and Borderline Dysplasia. Am J Sports Med 2022; 50 (03) 739-745
- 41 Maldonado DR, Perets I, Mu BH. et al. Arthroscopic Capsular Plication in Patients With Labral Tears and Borderline Dysplasia of the Hip: Analysis of Risk Factors for Failure. Am J Sports Med 2018; 46 (14) 3446-3453
- 42 Hatakeyama A, Utsunomiya H, Nishikino S. et al. Predictors of Poor Clinical Outcome After Arthroscopic Labral Preservation, Capsular Plication, and Cam Osteoplasty in the Setting of Borderline Hip Dysplasia. Am J Sports Med 2018; 46 (01) 135-143
- 43 Maldonado DR, Chen SL, Walker-Santiago R. et al. An Intact Ligamentum Teres Predicts a Superior Prognosis in Patients With Borderline Dysplasia: A Matched-Pair Controlled Study With Minimum 5-Year Outcomes After Hip Arthroscopic Surgery. Am J Sports Med 2020; 48 (03) 673-681
- 44 Maldonado DR, Kyin C, Shapira J. et al. Revision Hip Arthroscopy in the Borderline Dysplastic Population: Reporting Outcomes With Minimum 2-Year Follow-up, With a Subanalysis Against a Propensity-Matched Nondysplastic Control Group. Am J Sports Med 2021; 49 (01) 66-75
- 45 Nepple JJ, Parilla FW, Pashos GE, Clohisy JC. Outcomes of Periacetabular Osteotomy for Borderline Acetabular Dysplasia. J Bone Joint Surg Am 2023; 105 (02) 137-144
- 46 Barton C, Scott E, Khazi ZM, Willey M, Westermann R. Outcomes of Surgical Management of Borderline Hip Dysplasia: A Systematic Review. Iowa Orthop J 2019; 39 (02) 40-48
- 47 Lee MS, Owens JS, Fong S. et al. Mid- and Long-Term Outcomes Are Favorable for Patients With Borderline Dysplasia Undergoing Primary Hip Arthroscopy: A Systematic Review. Arthroscopy 2023; 39 (04) 1060-1073
- 48 Murata Y, Fukase N, Martin M. et al. Comparison Between Hip Arthroscopic Surgery and Periacetabular Osteotomy for the Treatment of Patients With Borderline Developmental Dysplasia of the Hip: A Systematic Review. Orthop J Sports Med 2021; 9 (05) 23 259671211007401
- 49 Andronic O, Chaharbakhshi EO, Zingg PO. et al. No Difference in Patient-Reported Outcomes for Periacetabular Osteotomy and Hip Arthroscopy With Capsular Plication in the Setting of Borderline Hip Dysplasia: A Propensity-Matched Multicenter Study With Minimum 5-Year Follow-up. Arthroscopy 2024; 40 (03) 754-762
Endereço para correspondência
Publication History
Received: 19 September 2023
Accepted: 23 June 2024
Article published online:
02 April 2025
© 2025. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)
Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil
Rodrigo Monari, Fábio Lima Ferreira Pessiquelli, Eduardo Gomes Machado. Displasia acetabular limítrofe dolorosa: O que há de novo?. Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2025; 60: s00441790212.
DOI: 10.1055/s-0044-1790212
-
Referências
- 1 Gala L, Clohisy JC, Beaulé PE. Hip Dysplasia in the Young Adult. J Bone Joint Surg Am 2016; 98 (01) 63-73
- 2 Kraeutler MJ, Garabekyan T, Pascual-Garrido C, Mei-Dan O. Hip instability: a review of hip dysplasia and other contributing factors. Muscles Ligaments Tendons J 2016; 6 (03) 343-353
- 3 Kraeutler MJ. Editorial Commentary: Most Patients With Borderline Hip Dysplasia Do Well After Hip Arthroscopy: Could Instability Be the Problem for Those Who Do Poorly?. Arthroscopy 2023; 39 (02) 283-284
- 4 Welton KL, Kraeutler MJ, Garabekyan T, Mei-Dan O. Radiographic Parameters of Adult Hip Dysplasia. Orthop J Sports Med 2023; 11 (02) 23 259671231152868
- 5 Vaudreuil NJ, McClincy MP. Evaluation and Treatment of Borderline Dysplasia: Moving Beyond the Lateral Center Edge Angle. Curr Rev Musculoskelet Med 2020; 13 (01) 28-37
- 6 Grammatopoulos G, Pascual-Garrido C, Nepple J. et al. The Borderline Dysplastic Hip: Arthroscopy or PAO?. Orthop J Sports Med 2018; 6 (07) x
- 7 Nepple JJ, Fowler LM, Larson CM. Decision-making in the Borderline Hip. Sports Med Arthrosc Rev 2021; 29 (01) 15-21
- 8 Engesæter IØ, Laborie LB, Lehmann TG. et al. Prevalence of radiographic findings associated with hip dysplasia in a population-based cohort of 2081 19-year-old Norwegians. Bone Joint J 2013; 95-B (02) 279-285
- 9 Jacobsen S, Sonne-Holm S, Søballe K, Gebuhr P, Lund B. The distribution and inter-relationships of radiologic features of osteoarthrosis of the hip. A survey of 4151 subjects of the Copenhagen City Heart Study: the Osteoarthrosis Substudy. Osteoarthritis Cartilage 2004; 12 (09) 704-710
- 10 Raveendran R, Stiller JL, Alvarez C. et al. Population-based prevalence of multiple radiographically-defined hip morphologies: the Johnston County Osteoarthritis Project. Osteoarthritis Cartilage 2018; 26 (01) 54-61
- 11 Freiman SM, Schwabe MT, Fowler L, Clohisy JC, Nepple JJ. Prevalence of Borderline Acetabular Dysplasia in Symptomatic and Asymptomatic Populations: A Systematic Review and Meta-analysis. Orthop J Sports Med 2022; 10 (02) 23 259671211040455
- 12 Kapron AL, Anderson AE, Aoki SK. et al. Radiographic prevalence of femoroacetabular impingement in collegiate football players: AAOS Exhibit Selection. J Bone Joint Surg Am 2011; 93 (19) e111 , 1–10)
- 13 Kapron AL, Peters CL, Aoki SK. et al. The prevalence of radiographic findings of structural hip deformities in female collegiate athletes. Am J Sports Med 2015; 43 (06) 1324-1330
- 14 Harris JD, Gerrie BJ, Varner KE, Lintner DM, McCulloch PC. Radiographic Prevalence of Dysplasia, Cam, and Pincer Deformities in Elite Ballet. Am J Sports Med 2016; 44 (01) 20-27
- 15 Kraeutler MJ, Goodrich JA, Ashwell ZR, Garabekyan T, Jesse MK, Mei-Dan O. Combined Lateral Osseolabral Coverage Is Normal in Hips With Acetabular Dysplasia. Arthroscopy 2019; 35 (03) 800-806
- 16 Matsuda DK, Wolff AB, Nho SJ. et al; Multicenter Arthroscopic Study of the Hip (MASH) Study Group. Hip Dysplasia: Prevalence, Associated Findings, and Procedures From Large Multicenter Arthroscopy Study Group. Arthroscopy 2018; 34 (02) 444-453
- 17 Wong TY, Jesse MK, Jensen A, Kraeutler MJ, Coleman C, Mei-Dan O. Upsloping lateral sourcil: a radiographic finding of hip instability. J Hip Preserv Surg 2018; 5 (04) 435-442
- 18 McQuivey KS, Secretov E, Domb BG. et al. A Multicenter Study of Radiographic Measures Predicting Failure of Arthroscopy in Borderline Hip Dysplasia: Beware of the Tönnis Angle. Am J Sports Med 2020; 48 (07) 1608-1615
- 19 Mannava S, Geeslin AG, Frangiamore SJ. et al. Comprehensive Clinical Evaluation of Femoroacetabular Impingement: Part 2, Plain Radiography. Arthrosc Tech 2017; 6 (05) e2003-e2009
- 20 Kraeutler MJ, Ashwell ZR, Garabekyan T. et al. The Iliofemoral Line: A Radiographic Sign of Acetabular Dysplasia in the Adult Hip. Am J Sports Med 2017; 45 (11) 2493-2500
- 21 Wyatt M, Weidner J, Pfluger D, Beck M. The Femoro-Epiphyseal Acetabular Roof (FEAR) Index: A New Measurement Associated With Instability in Borderline Hip Dysplasia?. Clin Orthop Relat Res 2017; 475 (03) 861-869
- 22 Agricola R, Waarsing JH, Thomas GE. et al. Cam impingement: defining the presence of a cam deformity by the alpha angle: data from the CHECK cohort and Chingford cohort. Osteoarthritis Cartilage 2014; 22 (02) 218-225
- 23 Nötzli HP, Wyss TF, Stoecklin CH, Schmid MR, Treiber K, Hodler J. The contour of the femoral head-neck junction as a predictor for the risk of anterior impingement. J Bone Joint Surg Br 2002; 84 (04) 556-560
- 24 Barton C, Salineros MJ, Rakhra KS, Beaulé PE. Validity of the alpha angle measurement on plain radiographs in the evaluation of cam-type femoroacetabular impingement. Clin Orthop Relat Res 2011; 469 (02) 464-469
- 25 McClincy MP, Wylie JD, Kim YJ, Millis MB, Novais EN. Periacetabular Osteotomy Improves Pain and Function in Patients With Lateral Center-edge Angle Between 18° and 25°, but Are These Hips Really Borderline Dysplastic?. Clin Orthop Relat Res 2019; 477 (05) 1145-1153
- 26 Siebenrock KA, Kistler L, Schwab JM, Büchler L, Tannast M. The acetabular wall index for assessing anteroposterior femoral head coverage in symptomatic patients. Clin Orthop Relat Res 2012; 470 (12) 3355-3360
- 27 Clohisy JC, Carlisle JC, Beaulé PE. et al. A systematic approach to the plain radiographic evaluation of the young adult hip. J Bone Joint Surg Am 2008; 90 (Suppl 4, Suppl 4) 47-66
- 28 Dornacher D, Lutz B, Fuchs M, Zippelius T, Reichel H. Acetabular deficiency in borderline hip dysplasia is underestimated by lateral center edge angle alone. Arch Orthop Trauma Surg 2023; 143 (07) 3937-3944
- 29 Direito-Santos B, França G, Nunes J. et al. Acetabular retroversion: Diagnosis and treatment. EFORT Open Rev 2018; 3 (11) 595-603
- 30 Buly RL, Sosa BR, Poultsides LA, Caldwell E, Rozbruch SR. Femoral Derotation Osteotomy in Adults for Version Abnormalities. J Am Acad Orthop Surg 2018; 26 (19) e416-e425
- 31 Hartel MJ, Petersik A, Schmidt A. et al. Determination of Femoral Neck Angle and Torsion Angle Utilizing a Novel Three-Dimensional Modeling and Analytical Technology Based on CT Datasets. PLoS One 2016; 11 (03) e0149480
- 32 Han Q, Zhang A, Wang C, Yang K, Wang J. Application of three-dimensional reconstruction to improve the preoperative measurement accuracy and applicability of femoral neck torsion angle. Medicine (Baltimore) 2019; 98 (45) e17727
- 33 Saks BR, Fox JD, Owens JS. et al. One Bony Morphology, Two Pathologic Entities: Sex-Based Differences in Patients With Borderline Hip Dysplasia Undergoing Hip Arthroscopy. Am J Sports Med 2021; 49 (14) 3906-3914
- 34 Swarup I, Zaltz I, Robustelli S, Sink E. Outcomes of periacetabular osteotomy for borderline hip dysplasia in adolescent patients. J Hip Preserv Surg 2020; 7 (02) 249-255
- 35 Evans PT, Redmond JM, Hammarstedt JE, Liu Y, Chaharbakhshi EO, Domb BG. Arthroscopic Treatment of Hip Pain in Adolescent Patients With Borderline Dysplasia of the Hip: Minimum 2-Year Follow-Up. Arthroscopy 2017; 33 (08) 1530-1536
- 36 Nawabi DH, Degen RM, Fields KG. et al. Outcomes After Arthroscopic Treatment of Femoroacetabular Impingement for Patients With Borderline Hip Dysplasia. Am J Sports Med 2016; 44 (04) 1017-1023
- 37 Beck EC, Nwachukwu BU, Chahla J. et al. Patients With Borderline Hip Dysplasia Achieve Clinically Significant Outcome After Arthroscopic Femoroacetabular Impingement Surgery: A Case-Control Study With Minimum 2-Year Follow-up. Am J Sports Med 2019; 47 (11) 2636-2645
- 38 Owens JS, Jimenez AE, Lee MS, Monahan PF, Maldonado DR, Domb BG. High-Level Athletes With Borderline Hip Dysplasia Achieve Favorable Outcomes and Return to Sport Rates Following Primary Hip Arthroscopy: Minimum 5-Year Outcomes Comparison to a Propensity-Matched Control Group. Arthroscopy 2023; 39 (02) 271-282
- 39 Domb BG, Owens JS, Glein RM, Jimenez AE, Maldonado DR. Borderline Dysplasia After Primary Hip Arthroscopy with Capsular Plication and Labral Preservation: Ten-Year Survivorship and Patient-Reported Outcomes. J Bone Joint Surg Am 2023; 105 (09) 687-699
- 40 Beals TR, Soares RW, Briggs KK, Day HK, Philippon MJ. Ten-Year Outcomes After Hip Arthroscopy in Patients With Femoroacetabular Impingement and Borderline Dysplasia. Am J Sports Med 2022; 50 (03) 739-745
- 41 Maldonado DR, Perets I, Mu BH. et al. Arthroscopic Capsular Plication in Patients With Labral Tears and Borderline Dysplasia of the Hip: Analysis of Risk Factors for Failure. Am J Sports Med 2018; 46 (14) 3446-3453
- 42 Hatakeyama A, Utsunomiya H, Nishikino S. et al. Predictors of Poor Clinical Outcome After Arthroscopic Labral Preservation, Capsular Plication, and Cam Osteoplasty in the Setting of Borderline Hip Dysplasia. Am J Sports Med 2018; 46 (01) 135-143
- 43 Maldonado DR, Chen SL, Walker-Santiago R. et al. An Intact Ligamentum Teres Predicts a Superior Prognosis in Patients With Borderline Dysplasia: A Matched-Pair Controlled Study With Minimum 5-Year Outcomes After Hip Arthroscopic Surgery. Am J Sports Med 2020; 48 (03) 673-681
- 44 Maldonado DR, Kyin C, Shapira J. et al. Revision Hip Arthroscopy in the Borderline Dysplastic Population: Reporting Outcomes With Minimum 2-Year Follow-up, With a Subanalysis Against a Propensity-Matched Nondysplastic Control Group. Am J Sports Med 2021; 49 (01) 66-75
- 45 Nepple JJ, Parilla FW, Pashos GE, Clohisy JC. Outcomes of Periacetabular Osteotomy for Borderline Acetabular Dysplasia. J Bone Joint Surg Am 2023; 105 (02) 137-144
- 46 Barton C, Scott E, Khazi ZM, Willey M, Westermann R. Outcomes of Surgical Management of Borderline Hip Dysplasia: A Systematic Review. Iowa Orthop J 2019; 39 (02) 40-48
- 47 Lee MS, Owens JS, Fong S. et al. Mid- and Long-Term Outcomes Are Favorable for Patients With Borderline Dysplasia Undergoing Primary Hip Arthroscopy: A Systematic Review. Arthroscopy 2023; 39 (04) 1060-1073
- 48 Murata Y, Fukase N, Martin M. et al. Comparison Between Hip Arthroscopic Surgery and Periacetabular Osteotomy for the Treatment of Patients With Borderline Developmental Dysplasia of the Hip: A Systematic Review. Orthop J Sports Med 2021; 9 (05) 23 259671211007401
- 49 Andronic O, Chaharbakhshi EO, Zingg PO. et al. No Difference in Patient-Reported Outcomes for Periacetabular Osteotomy and Hip Arthroscopy With Capsular Plication in the Setting of Borderline Hip Dysplasia: A Propensity-Matched Multicenter Study With Minimum 5-Year Follow-up. Arthroscopy 2024; 40 (03) 754-762



