CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2023; 43(S 01): S1-S270
DOI: 10.1055/s-0044-1781279
Modalidade de apresentação: Pôster Eletrônico
Temas gerais dentro da especialidade

TRATAMENTO CIRÚRGICO NA CONSTIPAÇÃO CRÔNICA GRAVE COMO COMPLICAÇÃO DE ESQUISTOSSOMOSE MEDULAR: RELATO DE CASO

Marina Carla Gimenez
1   Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, São Paulo – SP, Brasil.
,
Bruna Bueno Biondi
,
Daniel Teixeira de Alencar
,
Magaly Gemio Teixeira
› Author Affiliations
 
 

    ma-gimenez@hotmail.com

    Apresentação do Caso Relatamos o caso da paciente CLBC, do sexo feminino, de 47 anos, natural de Pernambuco e proveniente da Bahia, encaminhada pelo Departamento de Neurocirurgia devido à constipação crônica secundária a dano medular por esquistossomose. Anos antes, iniciara quadro de fraqueza nas pernas, que evoluiu para paraplegia e hipoestesia dos membros inferiores, pelve e períneo. Apresentou melhora quanto à função locomotora, mas manteve arreflexia perineal com sequelas urinária e evacuatória. Manteve-se necessária a realização de sondagem vesical de alívio e irrigação intestinal rotineira. Em exame de tempo de trânsito cólico, houve diagnostico de hipomobilidade cólica. A manometria anorretal demonstrou pressões de repouso e de contração inadequadas para gênero e idade, bem como sensibilidade retal acentuadamente reduzida e capacidade retal indeterminada pelo máximo volume do aparelho. Frente aos achados, foi realizado o diagnóstico de inercia cólica e disfunção de assoalho pélvico. Em março de 2022, foi realizada confecção de colostomia no cólon descendente, sem realização de colectomia segmentar. A paciente evoluiu de forma satisfatória.

    Discussão A constipação intestinal crônica (CIC) tem importante efeito na piora da qualidade de vida do paciente, e afeta de 15% a 20% da população adulta. A investigação da CIC é auxiliada pelos critérios de ROMA IV, pela escala de consistência fecal de Bristol, pelo teste terapêutico e por exames complementares. O tratamento inicial é clínico comportamental. Em caso de refratariedade, a terapia medicamentosa é recomentada. Para CICs relacionadas a disfunção do assoalho pélvico, o biofeedback é uma alternativa. O tratamento cirúrgico é individualizado e reservado para casos selecionados. A constipação por infecção de Schsitossoma mansoni envolve ovos do parasita no cone medular e na cauda equina. Esses segmentos são responsáveis pela inervação parassimpática e somática das vísceras da cavidade pélvica e pelo períneo. No caso aqui exposto, optou-se em conjunto pela confecção de colostomia de colón descendente, levando-se em consideração a possibilidade de reconstrução de trânsito no futuro, uma vez que, devido ao quadro de paraplegia transitória com retorno de função locomotora ao longo dos anos, a paciente demonstrava-se esperançosa quanto à melhora da disfunção do assoalho pélvico e o retorno da função excretora.

    Comentários Finais A abordagem cirúrgica planejada e individualizada pode ser uma opção no tratamento de pacientes com constipação crônica grave refratária a medidas clínicas.


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    Publication History

    Article published online:
    27 February 2024

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