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DOI: 10.1055/s-0044-1781279
TRATAMENTO CIRÚRGICO NA CONSTIPAÇÃO CRÔNICA GRAVE COMO COMPLICAÇÃO DE ESQUISTOSSOMOSE MEDULAR: RELATO DE CASO
ma-gimenez@hotmail.com
Apresentação do Caso Relatamos o caso da paciente CLBC, do sexo feminino, de 47 anos, natural de Pernambuco e proveniente da Bahia, encaminhada pelo Departamento de Neurocirurgia devido à constipação crônica secundária a dano medular por esquistossomose. Anos antes, iniciara quadro de fraqueza nas pernas, que evoluiu para paraplegia e hipoestesia dos membros inferiores, pelve e períneo. Apresentou melhora quanto à função locomotora, mas manteve arreflexia perineal com sequelas urinária e evacuatória. Manteve-se necessária a realização de sondagem vesical de alívio e irrigação intestinal rotineira. Em exame de tempo de trânsito cólico, houve diagnostico de hipomobilidade cólica. A manometria anorretal demonstrou pressões de repouso e de contração inadequadas para gênero e idade, bem como sensibilidade retal acentuadamente reduzida e capacidade retal indeterminada pelo máximo volume do aparelho. Frente aos achados, foi realizado o diagnóstico de inercia cólica e disfunção de assoalho pélvico. Em março de 2022, foi realizada confecção de colostomia no cólon descendente, sem realização de colectomia segmentar. A paciente evoluiu de forma satisfatória.
Discussão A constipação intestinal crônica (CIC) tem importante efeito na piora da qualidade de vida do paciente, e afeta de 15% a 20% da população adulta. A investigação da CIC é auxiliada pelos critérios de ROMA IV, pela escala de consistência fecal de Bristol, pelo teste terapêutico e por exames complementares. O tratamento inicial é clínico comportamental. Em caso de refratariedade, a terapia medicamentosa é recomentada. Para CICs relacionadas a disfunção do assoalho pélvico, o biofeedback é uma alternativa. O tratamento cirúrgico é individualizado e reservado para casos selecionados. A constipação por infecção de Schsitossoma mansoni envolve ovos do parasita no cone medular e na cauda equina. Esses segmentos são responsáveis pela inervação parassimpática e somática das vísceras da cavidade pélvica e pelo períneo. No caso aqui exposto, optou-se em conjunto pela confecção de colostomia de colón descendente, levando-se em consideração a possibilidade de reconstrução de trânsito no futuro, uma vez que, devido ao quadro de paraplegia transitória com retorno de função locomotora ao longo dos anos, a paciente demonstrava-se esperançosa quanto à melhora da disfunção do assoalho pélvico e o retorno da função excretora.
Comentários Finais A abordagem cirúrgica planejada e individualizada pode ser uma opção no tratamento de pacientes com constipação crônica grave refratária a medidas clínicas.
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No conflict of interest has been declared by the author(s).
Publication History
Article published online:
27 February 2024
© 2024. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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