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DOI: 10.1055/s-0044-1781149
PROGRESSÃO DE DOENÇA DE BOWEN EM PACIENTE HIV POSITIVO: RESSECÇÃO CIRÚRGICA
brunamcarregaro@gmail.com
Apresentação do Caso Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, de 54 anos, com diagnóstico de síndrome da imunodeficiência adquirida em 2006, com uso de terapia antirretroviral. Em 2022, procurou o Serviço de Coloproctologia por lesão anal desde 2020, associada a dor, ardência e crescimento da lesão nos últimos quatro meses. Ao exame proctológico, observou-se grande lesão elevada em placa, hiperemiada, eczematosa, de bordas irregulares e com áreas melanocíticas esparsas; iniciava na margem anal, comprometia 30% da circunferência posterior, e estendia-se por 6 cm radialmente, em formato de leque. Identificou-se a presença de outra lesão verrucosa na margem anal direita, de 1cm. Ao toque retal, não foram identificadas alterações. Realizou-se anuscopia da lesão verrucosa na lateral direita do canal anal, de 0,5 cm. O paciente foi submetido a biópsia anal, que evidenciou doença de Bowen (DB). Após um ano, devido à perda de seguimento, foi submetido a ressecção cirúrgica. Nesse intervalo, apresentou aumento da lesão para 7 cm, aparecimento de lesões compatíveis com papulose bowenoide e lesões condilomatosas no períneo e na raiz da coxa direita. A DB foi ressecada em bloco com margens, e realizou-se eletrocauterização das demais lesões.
Discussão A DB é um carcinoma escamoso in situ incomum, que é mais frequente em mulheres na quinta década de vida. É uma lesão escamosa intraepidérmica que tende a se espalhar por este plano em vez de invadir o tecido subjacente. Apresenta crescimento lento e evolui para carcinoma epidermóide numa taxa de1% a 2%/ano. São fatores de risco exposição à radiação UV ou ionizante, arsênio, imunossupressão e principalmente HPV 16 e 33. Pode ser assintomático em 40% dos casos, ou apresentar-se com quadro semelhante ao relatado aqui. O diagnóstico diferencial é doença de Paget perianal, leucoplasia, carcinoma invasivo, condilomas, dermatite, eczema, líquen plano, psoríase e tumores retais com disseminação distal. A biópsia pode ajudar no diagnóstico. A excisão ampla com margens livres de tumor é o tratamento padrão, e foi realizada neste caso devido à má aderência ao tratamento.
Comentários Finais A identificação precoce da doença e o tratamento são de fundamental importância. Apesar de infrequente, pacientes com fatores de risco para DB perianal devem ser submetidos a uma avaliação cuidadosa de possíveis lesões perianais que não cicatrizam com tratamento e prazo usual. O seguimento multidisciplinar desses pacientes, com a Infectologia e Coloproctologia, tem que ser priorizado. A dificuldade de verbalizar queixas perineais, além do pouco questionamento ativo de profissionais de saúde, podem acarretar o retardo não diagnóstico e no tratamento adequado.
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Publication History
Article published online:
27 February 2024
© 2024. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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