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DOI: 10.1055/s-0043-1768619
Osteointegração e sucesso em revisão acetabular de artroplastia total de quadril com enxerto estrutural homólogo: seguimento médio de 9,6 anos
Article in several languages: português | EnglishResumo
Objetivo Avaliar os resultados clínicos, radiográficos e a sobrevida da cirurgia de revisão acetabular de artroplastia total de quadril com implante cimentado sem uso de anel de reforço, associado à enxertia óssea homóloga estrutural.
Métodos Um total de 40 pacientes (44 quadris) operados de 1995 a 2015 foram analisados retrospectivamente. As radiografias foram avaliadas de acordo com a classificação do defeito ósseo acetabular, o formato do enxerto e à presença de osteointegração. Foram considerados casos de insucesso a migração do implante > 5mm em qualquer direção e/ou a progressão de linhas de radioluscência em torno do componente acetabular > 2mm. Verificamos a associação dos achados radiográficos com os casos de falha utilizando testes estatísticos e analisamos a sobrevida utilizando a curva de Kaplan-Meier.
Resultados Dos 44 quadris, 45,5% dos defeitos acetabulares eram Paprosky tipo 3A e 50%, 3B. Em 65% dos quadris, a configuração do enxerto foi classificada como tipo 1 de Prieto e em 31% como tipo 2. Não foi observada evidência radiográfica de osteointegração em 13,6% dos casos. Observamos 9 (20,5%) falhas de reconstrução. Foi observada correlação entre falha da reconstrução com a ausência de sinais radiográficos de osteointegração do enxerto.
Conclusão Observamos bons resultados clínicos e radiográficos, com sobrevida de 79,54% em seguimento médio de 9,65 anos. Também houve associação entre ausência de sinais radiográficos de osteointegração do enxerto estrutural e falha nesta série de pacientes com grandes defeitos ósseos. As falhas não se correlacionaram com a severidade do defeito ósseo acetabular, espessura ou configuração do enxerto.
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Palavras-chave
artroplastia de quadril - enxerto ósseo - estudos transversais - osteointegração - transplante homólogo - reoperaçãoIntrodução
A cirurgia de reconstrução acetabular em revisão de artroplastia total do quadril (RATQ) é um procedimento complexo. A soltura do implante pós-artroplastia é uma das complicações mais frequentes à longo prazo, levando a perda óssea.[1] Os principais objetivos da cirurgia de reconstrução acetabular são obter a estabilidade do implante, restaurando a anatomia do quadril com posicionamento do componente o mais próximo possível do centro de rotação articular.[2]
Existem diversas formas de tratamento de grandes defeitos ósseos acetabulares em RATQ: colocação de implante com centro de rotação do quadril alto (High Hip Center), utilização de implantes de grande diâmetro (Jumbo cup), uso de enxerto ósseo homólogo estrutural (com ou sem anel de reforço), impacção de enxerto ósseo homólogo fragmentado (com ou sem anel de reforço), além da utilização de aumentos de metal trabecular.[3] Contudo, o tratamento mais adequado ainda permanece indefinido.[4] [5]
O nosso serviço iniciou o uso de enxerto homólogo em RATQ na década de 80, com a publicação subsequente dos resultados.[6] [7] [8] A análise dos nossos casos e dos resultados da literatura permite a constatação da consolidação do enxerto ósseo homólogo com possível osteointegração na maioria dos casos, permitindo uma reconstrução estável.[2] [5] O uso de enxerto ósseo possibilita restaurar o centro de rotação do quadril, obter estabilidade do implante, restaurar a integridade do acetábulo e o estoque ósseo, facilitando futuras revisões.[9] Com a estabilidade do enxerto na reconstrução, é possível fornecer condições para que ocorram a revascularização e osteointegração junto ao osso hospedeiro.[9] As desvantagens que podem ser encontradas com essa técnica são a potencial reabsorção do enxerto e a não-união ao osso hospedeiro.[10] [11]
O objetivo do presente estudo é avaliar os resultados clínicos, radiográficos e a sobrevida da cirurgia de reconstrução acetabular com implante cimentado sem uso de anel de reforço, associado à enxertia óssea homóloga estrutural.
#
Materiais e Métodos
Entre janeiro de 1995 e agosto de 2015, 318 pacientes foram submetidos a RATQ por 2 cirurgiões da mesma equipe médica (Roos B. D. e Roos M. V.). Destes, 71 foram submetidos a RATQ com a utilização de implante acetabular cimentado sem anel de reforço associado à enxertia óssea homóloga estrutural. Trinta e um pacientes foram excluídos por perda de seguimento, seguimento < 24 meses, ou por apresentarem prontuário ou exames incompletos. Quarenta pacientes foram analisados (44 quadris) em um estudo retrospectivo ([Tabela 1]).
Pré-operatório |
Pós-operatório imediato |
Pós-operatório tardio |
||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
# |
Sexo |
Lado operado |
Idade (anos) |
Tipo de ATQ |
Data da cirurgia |
Tipo de revisão |
Último follow-up (anos + meses) |
Falha |
1 |
Feminino |
Esquerdo |
40 |
Cimentada |
31/01/2007 |
Cimentada |
11a + 11m |
Não |
2 |
Feminino |
Direito |
46 |
Hibrida |
12/05/2003 |
Cimentada |
8a + 4m |
Não |
3 |
Feminino |
Direito |
42 |
Girdlestone |
13/11/2002 |
Cimentada |
14a + 11m |
Não |
4 |
Masculino |
Direito |
43 |
Cimentada |
21/02/2003 |
Cimentada |
9a + 1m |
Não |
5 |
Feminino |
Esquerdo |
77 |
Cimentada |
16/07/2001 |
Cimentada |
4a + 2m |
Não |
6 |
Feminino |
Direito |
47 |
Não cimentada |
08/11/2006 |
Cimentada |
10a + 10m |
Não |
7 |
Masculino |
Direito |
67 |
Cimentada |
05/08/2002 |
Cimentada |
14a + 6m |
Não |
8 |
Feminino |
Direito |
72 |
Não cimentada |
17/09/2003 |
Hibrida reversa |
11a + 10m |
Sim |
9a |
Feminino |
Direito |
64 |
Espaçador |
19/09/2005 |
Cimentada |
7a + 6m |
Sim |
10a |
Feminino |
Direito |
72 |
Cimentada |
13/05/2013 |
Cimentada |
7a + 10m |
Sim |
11 |
Feminino |
Direito |
76 |
Parcial |
04/02/1997 |
Cimentada |
8a |
Não |
12 |
Feminino |
Esquerdo |
57 |
Não cimentada |
20/11/2000 |
Cimentada |
15a + 4m |
Não |
13 |
Masculino |
Direito |
67 |
Cimentada |
02/08/2004 |
Cimentada |
6a + 1m |
Não |
14 |
Feminino |
Direito |
71 |
Cimentada |
07/11/2005 |
Cimentada |
4a + 9m |
Não |
15b |
Masculino |
Direito |
42 |
Cimentada |
17/03/1998 |
Cimentada |
16a + 10m |
Não |
16b |
Masculino |
Esquerdo |
51 |
Cimentada |
14/05/2007 |
Cimentada |
7a + 8m |
Não |
17 |
Masculino |
Direito |
69 |
Não cimentada |
10/05/2001 |
Cimentada |
4a + 4m |
Não |
18 |
Feminino |
Direito |
78 |
Cimentada |
31/01/1995 |
Cimentada |
18a + 9m |
Não |
19 |
Masculino |
Direito |
72 |
Cimentada |
17/01/2008 |
Cimentada |
10a + 11m |
Sim |
20 |
Feminino |
Direito |
43 |
Não cimentada |
24/06/2003 |
Cimentada |
14a + 2m |
Não |
21 |
Masculino |
Esquerdo |
47 |
Cimentada |
19/11/1996 |
Cimentada |
16a + 7m |
Não |
22 |
Feminino |
Esquerdo |
57 |
Não cimentada |
13/09/2000 |
Cimentada |
14a + 1m |
Sim |
23 |
Masculino |
Esquerdo |
59 |
Cimentada |
13/04/1999 |
Cimentada |
8a + 10m |
Não |
24 |
Feminino |
Direito |
72 |
Cimentada |
22/11/2006 |
Cimentada |
7a + 7m |
Não |
25 |
Feminino |
Esquerdo |
65 |
Não cimentada |
06/09/2004 |
Cimentada |
4a + 0m |
Não |
26 |
Feminino |
Esquerdo |
38 |
Não cimentada |
14/03/2003 |
Cimentada |
15a + 0m |
Não |
27 |
Feminino |
Esquerdo |
62 |
Não cimentada |
19/05/2005 |
Cimentada |
13a + 8m |
Não |
28c |
Feminino |
Direito |
38 |
Cimentada |
27/10/2005 |
Cimentada |
2a + 1m |
Sim |
29c |
Feminino |
Direito |
45 |
Cimentada |
30/07/2012 |
Cimentada |
7a + 2m |
Sim |
30 |
Masculino |
Direito |
77 |
Cimentada |
25/10/2002 |
Cimentada |
6a + 6m |
Não |
31 |
Feminino |
Direito |
73 |
Não cimentada |
05/12/2007 |
Cimentada |
10a + 6m |
Não |
32 |
Feminino |
Esquerdo |
61 |
Não cimentada |
21/12/1998 |
Cimentada |
12a + 3m |
Não |
33 |
Feminino |
Esquerdo |
66 |
Cimentada |
25/10/2005 |
Cimentada |
13a + 5m |
Não |
34 |
Feminino |
Esquerdo |
56 |
Não cimentada |
13/10/2004 |
Cimentada |
12a + 9m |
Não |
35 |
Feminino |
Esquerdo |
41 |
Não cimentada |
03/07/2000 |
Cimentada |
16a + 3m |
Não |
36 |
Feminino |
Direito |
70 |
Cimentada |
19/06/2007 |
Cimentada |
12a + 5m |
Não |
37d |
Masculino |
Esquerdo |
56 |
Cimentada |
27/09/1997 |
Cimentada |
6a + 10m |
Sim |
38d |
Masculino |
Esquerdo |
63 |
Cimentada |
27/08/2004 |
Cimentada |
15a + 9m |
Não |
39 |
Feminino |
Direito |
70 |
Não cimentada |
10/08/2015 |
Hibrida reversa |
3a + 2m |
Não |
40 |
Feminino |
Direito |
46 |
Não cimentada |
15/07/2015 |
Hibrida reversa |
4a + 0m |
Não |
41 |
Feminino |
Direito |
63 |
Cimentada |
21/07/2015 |
Hibrida reversa |
3a + 1m |
Sim |
42 |
Feminino |
Direito |
64 |
Cimentada |
19/05/2015 |
Hibrida reversa |
2a + 1m |
Não |
43 |
Masculino |
Direito |
69 |
Cimentada |
12/02/2015 |
Hibrida reversa |
2a + 1m |
Não |
44 |
Masculino |
Esquerdo |
59 |
Girdlestone |
01/10/2014 |
Hibrida reversa |
2a + 0m |
Não |
A decisão de utilizar a técnica avaliada neste trabalho foi a constatação radiográfica pré-operatória de defeitos ósseos acetabulares segmentares ou combinados, além de grandes defeitos cavitários, com ou sem descontinuidade pélvica (Classificação D'Antonio[12]). O estudo foi iniciado após aprovação pelo Comitê de Ética da nossa instituição.
Avaliação Clínica
A avaliação clínica pré- e pós-operatória tardia foi realizada em todos os pacientes utilizando o escore de avaliação do quadril Harris Hip Score (HHS).[13]
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Avaliação Radiográfica
Radiografias padronizadas de pélvis foram realizadas pré-operativamente, no pós-operatório imediato e nos exames de acompanhamento em 6 semanas, 3 meses, 6 meses, e após, anualmente.
Pré-operativamente, foi avaliada a classificação do defeito ósseo acetabular através dos métodos de Paprosky[14] e D'Antonio,[12] além da dimensão do defeito em milímetros.[6]
Na radiografia pós-operatória imediata, foram avaliadas a percentagem de cobertura do componente acetabular pelo enxerto estrutural, e a aferição em milímetros da maior espessura craniocaudal do enxerto. Para descrever a configuração do enxerto estrutural no acetábulo, utilizamos a descrição publicada por Prieto et al.,[2] definidos em três tipos: Tipo 1, configuração de contraforte ou “flying buttress”; Tipo 2, suporte de domo “dome support”; e, Tipo 3, em base ou “footing”.
Na radiografia pós-operatória mais tardia, classificou-se a osteointegração do enxerto conforme descrição em outra publicação, que se tornou conhecida como “critério de Coon”.[15] O tipo 1 foi definido como continuidade total do trabeculado ósseo na interface entre o osso hospedeiro e o enxerto (osteointegração total); o tipo 2, como continuidade parcial do trabeculado ósseo na interface entre o osso hospedeiro e o enxerto (osteointegração parcial); o tipo 3, como ausência de continuidade do trabeculado ósseo na interface entre o osso hospedeiro e o enxerto (ausência de osteointegração); e o tipo 4 como impossibilidade de visualização do enxerto pela presença de componentes protéticos (telas, anéis de reforço etc.).
Em radiografias seriadas, avaliou-se a presença de linhas de radioluscência progressivas em torno do componente acetabular, sinais de reabsorção do enxerto e de osteólise, de acordo com as zonas acetabulares determinadas por DeLee et al. [16]
Foi aferida a migração do componente acetabular em radiografias obtidas no pós-operatório imediato em comparação com o mais tardio, através de parâmetros definidos por Knight et al.,[17] tendo como pontos de referência a gota de lágrima de ambos os quadris, a linha de Köhler e o centro de rotação do quadril.
Foram considerados casos de insucesso as falhas de reconstrução devido a afrouxamento do implante com migração > 5mm em qualquer direção, e/ou a progressão de linhas de radioluscência em torno do componente acetabular > 2mm de largura. Os casos de insucesso foram comparados com os demais (sucesso) buscando correlação com a classificação do defeito ósseo conforme Paprosky et al.[14] e D'Antonio et al.,[12] a dimensão do defeito ósseo em milímetros,[6] a maior espessura do enxerto em milímetros, o percentual de cobertura do implante pelo enxerto, a osteointegração do enxerto,[15] a presença de reabsorção do enxerto e osteólise, além da sua configuração.[18]
Para evitar erros inter- e intraobservadores, as aferições foram realizadas por um membro da equipe e revisada por outro. No caso de haver discordância, uma nova avaliação foi executada por um terceiro membro da equipe procedendo-se, então, a um consenso.
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Técnica Cirúrgica
Em todos os casos, utilizamos a abordagem cirúrgica anterolateral de Hardinge modificada. Inicialmente, realiza-se a remoção do componente acetabular; após, efetua-se a limpeza de debris e tecido fibroso da cavidade, utilizando curetas e fresas acetabulares, com o objetivo de alcançar uma superfície cruenta e apta a receber o enxerto. Em seguida, é realizada a remoção da haste femoral, quando necessário.
O enxerto é preparado e lavado com soro fisiológico; utilizou-se enxerto em bloco no teto acetabular associado ou não a enxerto picado. Após a limpeza do acetábulo, prepara-se um leito com enxerto picado impactado no local que receberá o bloco ósseo, para que não existam "zonas mortas" que permitam a formação de tecido fibroso ou cistos, dificultando a consolidação e a possível integração do bloco.
A fixação do enxerto estrutural no osso hospedeiro se dá por meio de parafusos esponjosos de 3,5mm com rosca parcial, em ângulo de 45° e em número variável de acordo com o tamanho e número de blocos ósseos utilizados. Após a fixação do enxerto, fresa-se a cavidade até que se atinja o tamanho ideal. Após o preenchimento complementar dos defeitos existentes, é colocado o componente acetabular, cimentado ou não, e é realizada ao menos uma ancoragem, feita superiormente com broca de 10mm, necessariamente alcançando o osso hospedeiro, e outra feita no ísquio através do osso hospedeiro, enxerto impactado, ou bloco ósseo (dependendo do tamanho da cavidade existente). Usamos uma solução de iodopolividona com soro fisiológico ao longo do transoperatório.
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Manejo Pós-operatório
Foi utilizada profilaxia tromboembólica mecânica no pós-operatório imediato, anticoagulação oral profilática durante trinta dias e antibioticoprofilaxia com vancomicina e ceftriaxona. Além disso, em cada dose de cimento ósseo utilizado é adicionado um grama de ceftazidima. Realiza-se avaliação radiográfica 6 semanas após o procedimento cirúrgico; a partir desse momento, é permitido apoio total com uma muleta como elemento acessório de equilíbrio.
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Análise Estatística
A análise estatística foi realizada para se estabelecerem comparações entre as medidas do pré e do pós-operatório em relação aos dados e critérios clínicos e radiológicos, utilizando-se, conforme a necessidade, os testes t de Student, χ2, Mann-Whitney, ou teste exato de Fischer. Foi utilizado o teste de normalidade de Shapiro-Wilk. A análise de sobrevida do componente acetabular foi realizada através do método de Kaplan-Meier usando dados radiográficos. Considerou-se valor significativo quando p < 0.05, com intervalo de confiança [IC] de 95%. Foi empregado o software IBM SPSS Statistics for Windows, versão 27.0 (IBM Corp., Armonk, NY, EUA) para a análise de dados.
#
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Resultados
Foram avaliados 40 pacientes (44 quadris), com seguimento médio de 9,65 anos (de 2 a 18,75 anos). Em 39 pacientes iniciais da série (88,66%) foi utilizado componente acetabular cimentado convencional (não crosslinked).
Com relação aos resultados clínicos, o HHS[13] pré-operatório médio foi de 48,8 pontos, e o pós-operatório tardio de 82. Comparativamente, observou-se diferença estatisticamente significativa (p ≤ 0,001).
Dos 44 casos operados, 20 defeitos acetabulares (45,5%) foram classificados como tipo 3A de Paprosky[14] e 22 (50%) como tipo 3B. Pela classificação de D'Antonio,[12] observou-se 39 defeitos combinados (88,6%). A dimensão do defeito ósseo em milímetros[6] foi em média de 62,48 mm. As características radiográficas dos pacientes estão descritas na [Tabela 2].
Características |
Total (n = 44) |
Falha (n = 9) |
Sucesso (n = 35) |
valor-p |
|
---|---|---|---|---|---|
Falha na osteointegração |
62.48 (± 8.26) |
65.67 (± 10.95) |
61.66 (± 7.39) |
0.226ǂ |
|
Defeito acetabular (Paprosky) |
2A |
1 (2.3%) |
0 (0.0%) |
1 (100.0%) |
0.239Δ |
2B |
1 (2.3%) |
1 (100.0%) |
0 (0.0%) |
||
3A |
20 (45.5%) |
4 (20.0%) |
16 (80.0%) |
||
3B |
22 (50.0%) |
4 (18.2%) |
18 (81.8%) |
||
Defeito acetabular (D'Antonio) |
I |
1 (2.3%) |
0 (0.0%) |
1 (100.0%) |
0.178Δ |
II |
3 (6.8%) |
0 (0.0%) |
3 (100.0%) |
||
III |
39 (88.6%) |
8 (20.5%) |
31 (79.5%) |
||
IV |
1 (2.3%) |
1 (100.0%) |
0 (0.0%) |
||
Cobertura (%) |
0.77 (± 0.16) |
0.76 (± 0.16) |
0.78 (± 0.17) |
0.748ǂ |
|
Maior espessura do enxerto |
2.20 (± 0.71) |
2.30 (± 0.99) |
2.17 (± 0.64) |
0.907ǂ |
|
Configuração do enxerto (Prieto) |
I (flying buttress) |
29 (65.9%) |
7 (24.1%) |
22 (75.9%) |
0.662Δ |
II (dome support) |
14 (31.8%) |
2 (14.3%) |
12 (85.7%) |
||
III (footing) |
1 (2.3%) |
0 (0.0%) |
1 (100.0%) |
||
Osteointegração (Coon) |
1 (total) |
27 (61.4%) |
3 (11.1%) |
24 (88.9%) |
≤ 0.001Δ |
2 (parcial) |
11 (25%) |
0 (0.0%) |
11 (100.0%) |
||
3 (ausente) |
6 (13.6%) |
6 (100.0%) |
0 (0.0%) |
||
Migração (≥ 2mm) |
9 (20.5%) |
0 (0.0%) |
35 (100.0%) |
≤ 0.001¥ |
|
Absorção (DeLee Zona I) |
14 (31.8%) |
5 (55.6%) |
9 (25.7%) |
0.117¥ |
|
Osteólise (DeLee Zona III) |
8 (18.2%) |
2 (22.2%) |
6 (17.1%) |
0.659¥ |
|
Migração |
8 (18.2%) |
8 (88.9%) |
0 (0.0%) |
≤ 0.001¥ |
|
Reoperação |
8 (18.2%) |
6 (66.7%) |
2 (5.7%) |
≤ 0.001¥ |
|
Revisão |
4 (9.1%) |
4 (9.1%) |
0 (0.0%) |
≤0.001¥ |
A percentagem de cobertura média do implante cimentado pelo enxerto foi de 77% (43 a 100%), sendo em 41 casos (93,18%) evidenciado > 50% de cobertura. A maior espessura craniocaudal do enxerto foi em média de 2,2 mm (1,2 a 4,6 mm). Em 29 quadris (65%), a configuração do enxerto foi classificada como tipo 1 de Prieto[2] (footing), e em 14 (31%) como tipo 2 (dome support).
Pós-operativamente, não foi observada evidência radiográfica de osteointegração em 6 (13,6%) casos (Coon 3[15]). Em 14 quadris (26%), observou-se reabsorção parcial do enxerto, todos na zona 1 de DeLee.[16] Em 8 casos (18.2%), evidenciou-se a presença de osteólise, todos na zona 3 de DeLee.[16]
Observou-se linhas de radioluscência progressivas > 2 mm de largura em torno do implante acetabular em 9 casos. Destes, em 8 casos evidenciou-se migração > 5mm. De acordo com os critérios radiográficos estabelecidos, 9 casos (20,5) foram considerados falhas de reconstrução. Cinco (11,5%) destes pacientes foram submetidos novamente à cirurgia de revisão, sendo um destes casos por infecção. Dos 9 casos de falha, não se observou osteointegração do enxerto em 6 casos ([Figs. 1] e [2]).




Utilizando-se critérios radiográficos para definição de insucesso, constatamos 79,54% de sobrevida em seguimento médio de 9,65 anos. Quando utilizada como critério a necessidade de nova cirurgia de revisão do componente acetabular por qualquer motivo, a sobrevida foi de 88,63%. Como complicações, observamos 4 casos (9,09%) de instabilidade e 1 (2,27%) de infecção.
A sobrevida da reconstrução foi avaliada através da curva de Kaplan-Meier, sendo de 92.1% em 5 anos e 78.3% em 10 anos, quando utilizado os parâmetros radiográficos de insucesso. A sobrevida de 5 e 10 anos livre de nova cirurgia de revisão do componente acetabular por qualquer motivo como desfecho, foi de 94.4 e 83.2%, respectivamente ([Fig. 3]).


Foi observada correlação entre migração e falha da reconstrução, com a ausência de sinais radiográficos de osteointegração do enxerto (p < 0,01). Houve 5 casos de complicações: 4 de instabilidade (9,09%) e 1 (2,27%) de infecção.
#
Discussão
No presente estudo, a maioria dos pacientes apresentava grandes defeitos acetabulares, sendo 90,9% dos defeitos classificados como tipo III ou IV de D'Antonio e 95,5% como tipo 3A ou 3B de Paprosky. Foi observada correlação entre insucesso da reconstrução e ausência de sinais radiográficos de osteointegração do enxerto (p < 0,01). Os pacientes que apresentaram sinais radiográficos de insucesso evidenciaram escores pós-operatórios significativamente piores que os demais pacientes.
A reconstrução acetabular na presença de deficiência óssea acetabular grave é um cenário desafiador na cirurgia de revisão do quadril. As técnicas de reconstrução acetabular utilizando enxerto ósseo estrutural permitem restaurar o centro de rotação do quadril e obter estabilidade do implante, com possibilidade de restauração do estoque ósseo, facilitando futuras revisões.[18]
A reconstrução acetabular com uso de enxerto homólogo estrutural em RATQ apresentam resultados controversos na literatura.[11] [18] [19] Prieto et al. [2] encontraram 94% de sobrevida em implantes não cimentados com metal de alta porosidade associado ao uso de aloenxerto estrutural em 5 anos de seguimento. Brown et al., utilizando aloenxerto estrutural de fêmur distal associado a implante não-cimentado, observaram 72% de sobrevida em 21 anos de seguimento médio.[20] Garbuz et al.[21] avaliaram 33 casos de reconstrução acetabular com enxerto estrutural suportando > 50% do implante, em seguimento médio de 7 anos. Observou-se 45% de falha, as quais ocorreram principalmente em casos nos quais não foi utilizado anel de reforço.
Butscheidt et al.,[5] analisaram pós-morte 13 enxertos homólogos estruturais por meio de radiografia, tomografia computadorizada (TC), histologia e microscopia eletrônica. A distância entre o aloenxerto atual e o osso hospedeiro e a distância entre o aloenxerto original e o osso hospedeiro foram avaliadas. O estudo observou adequada osteointegração de todos os enxertos ao longo da maior parte da interface entre enxerto e osso hospedeiro. A eventual não-osteointegração em alguns pontos não levou ao colapso dos enxertos em até 22 anos de seguimento.[5]
A literatura aponta maior incidência de falha da reconstrução quando da utilização de enxerto estrutural com cobertura do implante acetabular > 50%, o que não evidenciamos nesta série mesmo sem a utilização de anel de reforço.[10] [11] [22] O paciente com maior tempo de seguimento (18,75 anos) não apresenta sinais de soltura ou falha até o momento ([Fig. 4]).


A RATQ na presença de defeitos acetabulares graves é mais desafiadora e pode ter resultados piores. No presente estudo, com a análise do tratamento de grandes defeitos ósseos, não observamos, entretanto, uma correlação entre a falha da reconstrução e a gravidade do defeito ósseo acetabular, a espessura ou a configuração do enxerto.
Nosso estudo apresenta algumas limitações. Observamos bom tempo de seguimento médio dos pacientes (9,65 anos); porém, tivemos uma considerável perda de seguimento, o que impossibilitou mais conclusões. Além disso, como a série de pacientes é antiga e não havia localmente a disponibilidade de implante acetabular cimentado com polietileno crosslinked, deve-se considerar que a utilização de polietileno convencional na maioria dos casos pode ter comprometido a sobrevida da reconstrução devido a desgaste precoce. Sugerimos pesquisa futura para avaliar a osteointegração do enxerto estrutural utilizando somente um tipo de implante protético cimentado, visando reduzir fatores de confusão.
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Conclusão
Observamos bons resultados clínicos e radiográficos, com sobrevida de 79,54% em seguimento médio de 9,65 anos. Houve associação entre ausência de sinais radiográficos de osteointegração do enxerto estrutural e falha da revisão acetabular de artroplastia total do quadril nesta série de pacientes com grandes defeitos ósseos. As falhas não se correlacionaram com a severidade do defeito ósseo acetabular, a espessura ou a configuração do enxerto.
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Conflito de Interesses
Os autores não têm nenhum conflito de interesses a declarar.
Trabalho desenvolvido no Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Ortopédico de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
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Referências
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Endereço para correspondência
Publication History
Received: 20 July 2022
Accepted: 04 October 2022
Article published online:
29 June 2023
© 2023. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commercial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
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