Introdução A anastomose intestinal é um procedimento comum, mas também é responsável pela mais
grave morbidade da cirurgia abdominal. A técnica selecionada para a confecção da anastomose
depende da localização, do calibre, da qualidade da alça intestinal, e do status da doença subjacente. A teoria da criação de uma anastomose intestinal segura e saudável
permanece constante, independentemente da técnica escolhida. Essa preocupação se dá
porque a deiscência da anastomose está presente em 5% a 10% dos casos, o que aumenta
a morbimortalidade desses pacientes em 22%.
Objetivo Avaliar a incidência de complicações pós-operatórias, em até 30 dias, nos pacientes
submetidos a anastomose isoperistáltica com grampeamento mecânico total.
Materiais e Métodos Coorte retrospectiva, mediante avaliação de prontuário dos pacientes submetidos a
colectomia com anastomose mecânica isoperistáltica, laterolateral (LL), totalmente
grampeada, devido a adenocarcinoma de cólon, tratados de janeiro de 2021 a maio de
2022. Tecnicamente, após a colectomia, a anastomose era confeccionada de forma isoperistáltica
LL, com grampeador linear cortante de 75 mm. O diferencial da técnica totalmente grampeada
é a realização de mais um disparo de grampeador, com fechamento total da abertura
prévia lateral, sem qualquer necessidade de sutura manual. As complicações foram caracterizadas
pela classificação de Clavien-Dindo 30 dias após a cirurgia.
Resultados De 88 pacientes tratados cirurgicamente por câncer de cólon, identificamos 11 (12%),
submetidos à referida anastomose, a maioria do sexo feminino (54%), com média de idade
de 59±4 anos. Ao todo, 10 tumores (90%) estavam localizados no cólon direito, e 1,
no cólon descendente. Apenas 1 era metastático (0,9%). A dieta por via oral foi liberada
em uma média de 4±1 dias. A média de internação hospitalar foi de 9±4 dias. Quanto
ao estádio patológico, 6 casos (54%) eram de estádios I ou II, 1 caso era metastático,
e 4 casos (36%) eram de estádio III. Não houve complicações Clavien-Dindo III e V
em 30 dias. Não houve deiscência nem estenose da anastomose.
Conclusão Apesar da casuística pequena, a anastomose isoperistáltica com grampeamento total
nas cirurgias colorretais parece ser eficiente e segura, sendo uma técnica alternativa
para a confecção de anastomoses mecânicas.