Introdução A fístula perianal é uma entidade de caráter infeccioso e inflamatório que necessita
de tratamento cirúrgico, e muitas vezes se torna desafiadora para o cirurgião que
almeja tratá-la.
Objetivo Comparar resultados clínicos e funcionais de pacientes com fístula anal submetidos
ao tratamento cirúrgico em um hospital universitário, comparando as técnicas de fistulotomia
simples e fistulotomia com sedenho.
Materiais e Métodos Estudo transversal com dados referentes a 94 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico
de fístula anorretal em um hospital universitário entre janeiro de 2016 e dezembro
de 2021. Os tipos de cirurgia comparados foram fistulotomia simples e fistulotomia
com sedenho. A avaliação dos resultados clínicos foi realizada utilizando o escore
de incontinência de Wexner, e a avaliação funcional, dados manométricos.
Resultados Nos 94 pacientes, o tipo de fístula mais frequente foi transesfincteriana complexa
(69,15%), seguido por transesfincteriana simples (21.28%), interesfincteriana simples
(5.32%) e complexa (4.26%). Ao todo, 64 (68.08%) pacientes foram submetidos à técnica
com sedenho, e 30, à fistulotomia simples. A aplicação do escore de incontinência
anal de Wexner no pós-operatório demonstrou que somente 1 paciente submetido à fistulotomia
simples apresentou alteração na continência, ao passo que aqueles submetidos À fistulotomia
com sedenho apresentaram maiores frequências de incontinência (12 pacientes com escore
variando de 2 a 7); no entanto, quando compararmos com o grupo de fistulotomia simples,
não houve diferença estatisticamente significativa (p = 0.07).Quanto à avaliação da função anal, os pacientes com fistulotomia tiveram
uma redução significativa na média das pressões de repouso (p = 0.01) quando comparados os valores pré e pós-operatórios, assim como quando comparadas
com pressões máximas de repouso pré e pós-operatórias (p = 0.03). Os pacientes submetidos a fistulotomia com sedenho também tiveram uma redução
significativa nas pressões médias (p = 0.01) e máximas de repouso (p = 0.04).
Conclusão A cirurgia de fístula anal resultou em incontinência em ambos os grupos, embora leve.
O tratamento da fístula anorretal, independentemente da técnica empregada, resultou
em alterações funcionais significativas, em especial nas pressões anais de repouso.