CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2022; 57(06): 1001-1008
DOI: 10.1055/s-0042-1742340
Artigo Original
Artroscopia

Entorse no tornozelo em jovens atletas: Um estudo retrospectivo de 2 anos em um clube multiesportivo

Article in several languages: português | English
1   Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Belo Horizonte, MG, Brasil
2   Centro Universitário Una, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
,
3   Departamento de Fisioterapia Esportiva, Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
3   Departamento de Fisioterapia Esportiva, Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
3   Departamento de Fisioterapia Esportiva, Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
4   Departamento Médico, Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, MG, Brasil; Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Hospital Universitário Ciências Médicas, Belo Horizonte, MG, Brasil; Departamento de Medicina do Esporte, Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
1   Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Belo Horizonte, MG, Brasil
3   Departamento de Fisioterapia Esportiva, Minas Tênis Clube, Belo Horizonte, MG, Brasil
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Resumo

Objetivo O presente estudo teve como objetivo analisar entorses no tornozelo em jovens atletas de basquete, futsal, ginástica artística, trampolim, tênis, judô e vôlei ao longo de duas temporadas.

Métodos Foram investigados dados de 529 atletas no 1° ano e 495 atletas no 2° ano de análise a partir do banco de dados de registros de lesões de um clube esportivo. Foram considerados os seguintes dados: as características demográficas (idade, massa corporal, altura e sexo), o mecanismo (contato ou não contato), a severidade, o momento em que ocorreu a lesão e a recorrência. Além disso, foram calculadas a taxa de incidência, o risco de lesão da primeira entorse no tornozelo e a razão da taxa de incidência entre os esportes.

Resultados Os atletas sofreram 124 entorses no tornozelo nos 2 anos de análise. A maioria ocorreu durante o treinamento (76,6%) e levou à interrupção da prática esportiva (75,8%). A recorrência da lesão foi baixa: 2 atletas (1,6%) tiveram recorrência no mesmo ano e 5 (4,0%) no ano seguinte. A taxa de incidência (0,79 a 12,81 por 1.000 horas) e o risco de lesão (1,14 a 19,44%) variaram entre os esportes. Vôlei, basquete e futsal apresentaram a maior incidência de lesões. Tênis, ginástica e trampolim apresentaram a menor incidência de lesões. O judô apresentou uma taxa de incidência diferente das do basquete e do vôlei no 1° ano e semelhante às dos outros esportes no 2° ano.

Conclusão A entorse no tornozelo impactou muito a prática esportiva e apresentou características que diferem entre os esportes investigados. Esses achados podem contribuir para o desenvolvimento de programas de prevenção de lesões.


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Introdução

As preocupações com as lesões esportivas em jovens atletas estão aumentando, uma vez que crianças e adolescentes estão participando de carreiras esportivas mais cedo e estão expostos a demandas substanciais de treinamento e competição.[1] A maioria dessas lesões ocorre nos membros inferiores, especialmente no joelho e no tornozelo.[2] [3] Estudos mostraram que a prevalência de lesão no tornozelo é de ∼ 34%.[4] No entanto, em esportes, como o vôlei, a prevalência aumenta para ∼ 45% de todas as lesões musculoesqueléticas. [4] Além disso, a incidência de entorses no tornozelo é maior em crianças e adolescentes do que em adultos.[5] Crianças e adolescentes são mais suscetíveis a entorses no tornozelo do que adultos devido a características de desenvolvimento corporal, como massa muscular, habilidade de realizar movimentos esportivos e fatores hormonais.[5] [6] [7] Portanto, o tornozelo é uma das articulações mais lesionadas entre os jovens atletas.

A lesão mais comum no tornozelo é a entorse, que muitas vezes acontece com inversão e flexão plantar afetando o complexo do ligamento colateral lateral.[5] A entorse no tornozelo é típica em esportes que envolvem aceleração, desaceleração e mudança de direção.[5] Essa lesão é frequente em esportes que exigem saltos, como vôlei e basquete, em que o mecanismo de lesão de aterrissagem no pé de um companheiro de equipe ou de um jogador adversário é habitual.[5] Após a lesão, o atleta pode apresentar múltiplas deficiências que impactam o desempenho e resultam em ausência de treinos e partidas.[5] A recuperação adequada com reabilitação é necessária, uma vez que os sintomas residuais podem estar presentes de 40 a 50% dos pacientes.[5] Além disso, atletas que têm história de entorse no tornozelo são mais propensos a ter outra lesão e a desenvolver instabilidade crônica no tornozelo.[7] [8] Essa instabilidade crônica é um desfecho comum de entorses no tornozelo lateral em jovens atletas e, portanto, esforços clínicos devem ser feitos para preveni-la.[9] Entender a epidemiologia da entorse no tornozelo de acordo com o esporte praticado por jovens atletas pode ajudar a planejar intervenções específicas para prevenir essa lesão e suas complicações e reduzir seu impacto sobre os atletas.

Poucos estudos investigam jovens atletas, especialmente em esportes como futsal e judô. Além disso, no campo da medicina esportiva, a compreensão da incidência e da severidade das lesões é essencial.[10] Saber a severidade de uma lesão específica direciona os esforços preventivos e de reabilitação de forma mais eficaz. Por isso, o presente estudo teve como objetivo analisar entorses no tornozelo em jovens atletas de basquete, futsal, ginástica artística, trampolim, tênis, judô e vôlei ao longo de duas temporadas. Os resultados desta investigação podem oferecer dados de referência sobre jovens atletas em esportes ainda não reportados ou com menos estudos epidemiológicos.


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Métodos

O presente estudo retrospectivo observacional analisou as lesões registradas em 2016 e 2017 do banco de dados de um clube esportivo. Os membros deste clube são atletas de diferentes idades que praticam diversos esportes e participam de competições regionais e nacionais. Os critérios de inclusão foram atletas com até 18 anos que praticam basquete, futsal, ginástica artística, trampolim, judô, vôlei e tênis. Foram analisados dados de 529 atletas (402 homens e 127 mulheres) em 2016 e de 495 atletas (354 homens e 141 mulheres) em 2017. Qualquer entorse no tornozelo sofrida durante o treinamento ou competição que recebeu tratamento de um fisioterapeuta esportivo ou médico da equipe foi incluída nas análises. Se o registro apresentou alguma inconsistência, foi excluído das análises. O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade aprovou esta pesquisa (número 97206918.8.0000.5093).

O diagnóstico de entorse no tornozelo foi baseado no histórico clínico e no exame físico.[11] Todas as lesões foram avaliadas e monitoradas pelo médico e fisioterapeuta. O mecanismo e seu local anatômico foram determinantes para a definição do tipo de entorse no tornozelo. Além disso, os seguintes sintomas clínicos contribuíram para o diagnóstico de lesão: local de dor, presença de edema ou equimoses, capacidade de suportar peso, lesão ligamentar, reação ao estresse manual e evidência de instabilidade.[12] Os métodos de imagem foram realizados para auxiliar no diagnóstico seguindo as regras de Ottawa.[13] A ressonância magnética (RM) foi considerada em entorses no tornozelo que estavam sintomáticas após 6 a 8 semanas de tratamento padrão.

A análise da entorse no tornozelo considerou as características demográficas do atleta (idade, massa corporal, altura e sexo), esporte praticado (basquete, futsal, ginástica artística e trampolim, judô, vôlei e tênis) e horas de exposição ao treino. A análise também considerou o mecanismo de lesão (contato ou não contato), o momento em que ocorreu a lesão (partida, treino ou outro momento no clube esportivo, como treinamento físico), e recorrência de lesão[14] (ou seja, entorse no tornozelo do mesmo lado que ocorreu após o jogador voltar a participar plenamente no esporte). Além disso, a análise considerou a severidade da lesão de acordo com o número de dias perdidos e se o atleta (1) interrompeu toda a prática esportiva, (2) teve o treino modificado devido à lesão (por exemplo, tempo reduzido de treinamento) ou (3) não interrompeu a prática esportiva.

Análise estatística

Para todas as análises de dados, a ginástica artística e o trampolim foram investigados em conjunto devido ao baixo número de atletas nesses esportes e às suas semelhanças. As análises descritivas consistiram de cálculo de médias e desvios padrão (DPs) de idade, massa corporal e altura de acordo com o sexo e o esporte praticados pelo atleta. A frequência observada para cada categoria das seguintes variáveis foi calculada de acordo com o esporte praticado: mecanismo de entorse no tornozelo, severidade e momento em que ocorreu. A taxa de incidência de entorse no tornozelo foi calculada e relatada como o número de lesões por 1.000 horas de exposição.[5] [15] O risco de lesão da primeira entorse no tornozelo foi calculado como o número de atletas lesionados por número total de atletas em risco.[15] Os intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados tanto para a taxa de incidência quanto para o risco de lesão.[15] A razão de taxa de incidência foi calculada para comparar a taxa de entorse do tornozelo entre os esportes.[15] Todos os IC95% da razão de taxa de incidência não contendo 1,00 foram considerados estatisticamente significativos.


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Resultados

Foram observados 124 registros de entorses no tornozelo nos 2 anos de análise. A maioria ocorreu durante o treinamento (95; 76,6%), seguido por partidas (22; 17,7%) e outras (7; 5,6%). Noventa e quatro atletas (75,8%) interromperam toda a prática esportiva; 12 (9,6%) não interromperam toda a prática, mas modificaram seus treinamentos, e 18 (14,52%) não interromperam ou modificaram sua prática esportiva. Durante os 2 anos de análise, foram observados 2.295 dias de afastamento. Dois atletas (1,6%; 1 de basquete e 1 jogador de futsal) tiveram uma recorrência no mesmo ano e 5 (4,0%; 1 de basquete, 1 de futsal e 3 jogadores de vôlei) no ano seguinte. Quanto ao mecanismo de lesão, 60 (48,4%) foram classificados como com contato e 64 (51,6%) como sem contato. Os dados foram organizados de acordo com o esporte e ano de análise para características da amostra ([Tabela 1]) e mecanismo de entorse no tornozelo, severidade e momento em que a lesão ocorreu ([Tabela 2]).

Tabela 1

Primeiro ano de análise (2016)

Esporte

Idade (anos)

Massa corporal (kg)

Altura (cm)

Sexo M (%)/F (%)

 Basquete (n = 108; 20,9%)

14,3 (2,1)

67,1 (18,4)

176,0 (14,4)

108 (100) / 0 (0)

 Futsal (n = 88; 17,1%)

14,4 (2,4)

56,1 (14,1)

165,0 (12,6)

88 (100) / 0 (0)

 Ginástica e trampolim (n = 57; 11,0%)

10,3 (2,7)

34,3 (12,6)

138,2 (15,4)

31 (54,3) / 26 (45,7)

 Judô (n = 88; 17,1%)

13,0 (1,9)

56,8 (17,8)

159,8 (13,6)

79 (89,8) / 9 (10,2)

 Voleibol (n = 155; 30,0%)

15,4 (2,0)

68,9 (11,3)

180,4 (9,1)

70 (45,2) / 85 (54,8)

 Tênis (n = 33; 6,4%)

13,5 (2,4)

54,4 (15,5)

162,0 (13,5)

26 (78,8) / 7(21,2)

 Todos os atletas (n = 529; 100%)

14,0 (2,7)

59,8 (18,6)

167,9 (18,6)

402 (76,0) / 127 (24,0)

Segundo ano de análise (2017)

Esporte

Idade (anos)

Massa corporal (kg)

Altura (cm)

Sexo M (%)/F (%)

 Basquete (n = 108; 21,8%)

14,6 (2,2)

69,3 (17,7)

177,8 (14,8)

108 (100) / 0 (0)

 Futsal (n = 90; 18,2%)

13,6 (1,8)

53,7 (13,8)

163,3 (12,6)

90 (100) / 0 (0)

 Ginástica e trampolim (n = 62; 12,5%)

9,9 (2,5)

32,9 (12,4)

136,8 (15,0)

32 (51,6) / 30 (48,4)

 Judô (n = 51; 10,3%)

13,3 (2,2)

55,5 (16,5)

160,2 (13,0)

32 (62,8) / 19 (37,3)

 Voleibol (n = 151; 30,5%)

15,1 (2,1)

69,0 (12,2)

180,1 (10,0)

70 (46,4) / 81 (53,6)

 Tênis (n = 33; 6,7%)

13,0 (2,2)

49,0 (12,9)

159,2 (13,5)

22 (66,7) / 11 (33,3)

Todos os atletas (n = 495; 100%)

13,8 (2,3)

59,4 (18,6)

167,9 (18,6)

354 (71,5) / 141 (28,5)

Tabela 2

Primeiro ano de análise (2016)

Basquete ( n  = 108)

Futsal ( n  = 88)

Ginástica e trampolim ( n  = 57)

Judô ( n  = 88)

Voleibol ( n  = 155)

Tênis ( n  = 33)

Todos ( n  = 516)

Total de lesões

20

11

2

1

20

2

56

Mecanismo

 Contato

13

5

2

1

11

2

34

 Não contato

7

6

0

0

9

0

22

Severidade

 Interrompeu toda a prática esportiva

12

8

0

0

14

1

35

 Modificou a prática esportiva

4

0

2

0

2

1

9

 Não interrompeu a prática esportiva

4

3

0

1

4

0

12

 Afastamento (dias)

330

151

50

0

354

5

890

Quando aconteceu?

 Treinamento

14

8

2

0

18

1

43

 Competição

5

2

0

0

1

1

9

 Outros

1

1

0

1

1

0

4

Segundo ano de análise (2017)

Basquete ( n  = 108)

Futsal ( n  = 90)

Ginástica e trampolim ( n  = 62)

Judô ( n  = 51)

Voleibol ( n  = 151)

Tênis ( n  = 33)

Todos ( n  = 495)

Total de lesões

23

10

3

5

26

1

68

Mecanismo

 Contato

11

8

1

1

8

1

30

 Não contato

12

2

2

4

18

0

38

Severidade

 Interrompeu toda a prática esportiva

21

9

3

5

20

1

59

 Modificou a prática esportiva

0

1

0

0

2

0

3

 Não interrompeu a prática esportiva

2

0

0

0

4

0

6

 Afastamento (dias)

655

124

39

131

443

13

1405

Quando aconteceu?

 Treinamento

17

7

3

4

21

0

52

 Competição

4

3

0

0

5

1

13

 Outros

2

0

0

1

0

0

3

A taxa de incidência e o risco de lesão de uma entorse no tornozelo são apresentados na [Tabela 3]. A razão de taxa de incidência entre os esportes é mostrada na [Tabela 4]. Os IC95% que não continham 1,00 (estatisticamente diferente) foram destacados.

Tabela 3

Primeiro ano de análise (2016)

Esporte

Atletas lesionados ( n)

Lesões ( n)

Exposição a treinamento ( h)

Taxa de incidência por 1000 horas de exposição (IC 95%)

Risco de lesão (IC95%)

Basquete (n = 108)

17

20

2044

9,78 (5,50–14,07)

15,74% (8,87–22,61%)

Futsal (n = 88)

10

11

1572

7,00 (2,86–11,13)

11,36% (4,73–17,99%)

Ginástica e trampolim (n = 57)

2

2

1872

1,07 (- 0,41–2,55)

3,51% (- 1,27–8,29%)

Judô (n = 88)

1

1

780

1,28 (- 1,23–3,79)

1,14% (- 1,08–3,35%)

Voleibol (n = 155)

20

20

1920

10,42 (5,85–14,98)

12,90% (7,63–18,18%)

Tênis (n = 33)

2

2

1258

1,59 (- 0,61–3,79)

6,06% (- 2,08–14,20%)

Todos (n = 516)

52

56

9446

5,93 (4,38–7,48)

9,83% (7,29–12,37%)

Segundo ano de análise (2017)

Esporte

Atletas lesionados ( n)

Lesões ( n)

Exposição a treinamento ( h)

Taxa de incidência por 1000 horas de exposição (IC 95%)

Risco de lesão (IC95%)

Basquete (n = 108)

21

23

2044

11,25 (6,65–15,85)

19,44% (11,98–26,91%)

Futsal (n = 90)

10

10

1572

6,36 (2,42–10,30)

11,11% (4,62–17,60%)

Ginástica e trampolim (n = 62)

3

3

1872

1,60 (- 0,21–3,42)

4,84% (- 0,50–10,18%)

Judô (n = 51)

5

5

780

6,41 (0,79–12,03)

9,80% (1,64–17,97%)

Voleibol (n = 151)

25

26

2030

12,81 (7,88–17,73)

16,56% (10,63–22,48%)

Tênis (n = 33)

1

1

1258

0,79 (- 0,76–2,35)

3,03% (- 2,82–8,88%)

Todos (n = 495)

65

68

9556

7,12 (5,42–8,81)

13,13% (10,16–16,11%)

Tabela 4

Primeiro ano de análise (2016)

Esporte

Basquete

Futsal

Ginástica e trampolim

Judô

Voleibol

Tênis

Basquete (n = 108)

1,40 (0,67–2,92)

9,16 (2,14–39,18)

7,63 (1,02–56,87)

0,94 (0,51–1,75)

6,15 (1,44–26,33)

Futsal (n = 88)

0,72 (0,34–1,49)

6,55 (2,14–39,18)

5,46 (0,70–42,28)

0,67 (0,32–1,40)

4,40 (0,98–19,86)

Ginástica e trampolim (n = 57)

0,11 (0,03–0,47)

0,15 (0,03–0,69)

0,83 (0,08–9,19)

0,10 (0,02–0,44)

0,67 (0,09–4,77)

Judô (n = 88)

0,13 (0,02–0,98)

0,18 (0,02–1,42)

1,20 (0,11–13,23)

0,12 (0,02–0,92)

0,81 (0,07–8,89)

Voleibol (n = 155)

1,06 (0,57–1,98)

1,49 (0,71–3,11)

9,75 (2,28–41,71)

8,13 (1,09–60,54)

6,55 (1,53–28,03)

Tênis (n = 33)

0,16 (0,04–0,70)

0,77 (0,05–1,03)

1,49 (0,21–10,56)

1,24 (0,11–13,68)

0,15 (0,04–0,65)

Segundo ano de análise (2017)

Esporte

Basquete

Futsal

Ginástica e trampolim

Judô

Voleibol

Tênis

Basquete (n = 108)

1,77 (0,84–3,72)

7,02 (2,11–23,39)

1,76 (0,67–4,62)

0,88 (0,50–1,54)

14,16 (1,91–104,82)

Futsal (n = 90)

0,57 (0,27–1,19)

3,97 (1,09–14,42)

0,99 (0,34–2,90)

0,50 (0,24–1,03)

8,00 (1,02–62,52)

Ginástica e trampolim (n = 62)

0,14 (0,04–0,47)

0,25 (0,07–0,92)

0,25 (0,06–1,05)

0,13 (0,04–0,41)

2,02 (0,21–19,38)

Judô (n = 51)

0,57 (0,22–1,50)

1,01 (0,34–2,95)

4,00 (0,96–16,74)

0,50 (0,19–1,30)

8,06 (0,94–69,03)

Voleibol (n = 151)

1,14 (0,65–1,99)

2,01 (0,97–4,18)

7,99 (2,42–26,41)

2,00 (0,77–5,20)

16,11 (2,19–118,74)

Tênis (n = 33)

0,07 (0,01–0,52)

0,12 (0,02–0,98)

0,50 (0,05–4,77)

0,12 (0,01–1,06)

0,06 (0,01–0,46)


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Discussão

O presente estudo analisou entorses no tornozelo sofridas por jovens atletas de acordo com o esporte praticado. Jogadores de basquete, vôlei e futsal tiveram maior taxa de incidência e de risco de entorse no tornozelo durante os 2 anos de análise. Além disso, a maioria dos casos foi de lesão sofrida durante o treinamento com posterior afastamento da prática esportiva. Além disso, a taxa de recorrência foi baixa. O presente estudo fornece dados que podem contribuir para a concepção de programas preventivos de acordo com o esporte praticado, uma vez que conhecer o perfil da lesão é o primeiro passo nesse planejamento.[10]

A taxa de incidência de esportes combinados foi de 5,93 lesões/1.000 horas no 1° ano e de 7,12 lesões/1.000 horas no 2° ano. A taxa de incidência do 2° ano é semelhante a uma revisão que uniu incidência acumulada organizada como esportes internos e de quadra na população geral e identificou 7.00 lesões/1.000 exposições.[5] A taxa de incidência variou entre os esportes investigados. As maiores taxas de incidência de entorse no tornozelo para vôlei, basquete e futsal corroboram outros estudos mostrando que os esportes caracterizados por movimentos com rápida mudança de direção e saltos têm maior chance de entorse no tornozelo.[5] Além disso, a diferença de incidências entre os esportes corrobora outro estudo que constatou que, na população em geral, o basquete foi mais comumente associado a uma lesão.[16]

O basquete apresentou uma das maiores taxas de incidência e de riscos de lesões nos 2 anos de análise. A taxa de incidência observada foi maior do que a relatada em jogadores de basquete adolescentes por Pasanen et al.[17] Também, considerando os limites dos IC95%, o risco no 1° ano de análise (15,74%; IC95%: 8,87%–22,61%) foi menor, mas no 2° ano (19,44%; IC95%: 11,98–26,91%) foi semelhante aos 25% (IC95%: 23,9–28,0%) reportados em uma única temporada da National Basketball Association (NBA, na sigla em inglês).[18] Os jogos altamente competitivos da NBA provavelmente seriam um fator que poderia explicar a diferença principalmente no 1° ano de análise. Além disso, as taxas de incidência do vôlei não foram diferentes das do basquete nos 2 anos de análise. A taxa de incidência observada foi maior do que a relatada por outro estudo com equipes amadoras de jogadores adultos de vôlei.[19] Por outro lado, as taxas de incidência observadas nos dois anos são semelhantes à relatada pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) durante seus torneios.[20] Portanto, basquete e vôlei são dois dos esportes investigados nos quais os atletas são mais propensos a sofrer entorses no tornozelo e deveriam receber atenção da equipe durante as medidas preventivas.

As lesões de futsal foram investigadas por poucos estudos na literatura e, portanto, a comparação entre os achados da pesquisa atual com os de outros estudos é limitada. Além disso, de acordo com o nosso conhecimento o presente estudo é o primeiro que investigou a epidemiologia da entorse no tornozelo em jovens atletas de futsal. Um estudo com jogadores adultos de futsal mostrou que o tornozelo é uma das articulações mais lesionadas e que as entorses ligamentares estão entre os tipos mais comuns de lesão.[21] Um estudo indicou que a entorse no tornozelo foi um dos diagnósticos mais prevalentes de afastamento durante a análise de três Copas do Mundo de Futsal.[22] Portanto, os resultados atuais agregam informações importantes sobre a entorse no tornozelo em jovens jogadores de futsal e destacam seu impacto no esporte.

O judô apresentou uma taxa de incidência diferente apenas das do basquete e do vôlei no 1° ano (o judô teve uma taxa de incidência menor do que as do basquete e do vôlei) e uma taxa de incidência semelhante às dos outros esportes no 2° ano. O risco de lesão foi de 1,14% no 1° ano e de 9,80% no 2° ano. Poucos estudos têm investigado jovens atletas de judô, como já indicado em uma revisão anterior;[23] portanto, a comparação com nossos resultados é limitada. Um estudo mostrou que o tornozelo foi um dos locais mais comuns e as entorses estavam entre as lesões mais comuns que resultam na busca de emergências por crianças que praticam judô.[24] Outro estudo indicou que a entorse no tornozelo é uma das lesões mais comuns em atletas de judô jovens e adultos.[25] O judô envolve arremessos, travas articulares e também golpes.[23] Esses movimentos esportivos podem resultar em lesões mais frequentes no membro superior, o que pode ser uma das razões para o número limitado de estudos sobre entorses no tornozelo.[23] Portanto, os resultados atuais se somam à literatura sobre lesões no judô em jovens atletas.

Os demais esportes investigados apresentaram baixas taxas de incidência. A ginástica artística e o trampolim apresentaram menor taxa de incidência do que a maioria dos esportes investigados. Esse resultado corrobora um estudo que constatou que esses esportes foram menos associados a entorses no tornozelo na população em geral.[16] Além disso, a taxa de incidência observada na ginástica artística e no trampolim foi semelhante a algumas das investigações relatadas na revisão de Hart et al.[26] Os achados podem contribuir para a epidemiologia dos jovens atletas nesse esportes, uma vez que, conforme indicado por Hart et al.,[26] também há pesquisas limitadas sobre eles. Além disso, o tênis foi um dos esportes com menores taxas de incidência. Diferentemente, dois estudos mostraram que a entorse no tornozelo foi uma das lesões mais comuns entre os jovens tenistas.[27] [28] As taxas de incidência observadas foram inferiores às relatadas para tenistas adultos.[28] Portanto, embora a entorse no tornozelo tenha sido descrita como uma das lesões mais comuns entre os tenistas, a taxa de incidência observada foi menor do que aquelas observadas nos outros esportes investigados.

Observou-se baixas taxas de recorrência no presente estudo. A recorrência foi de apenas 1,6% no 1° ano e de 4,0% no 2° ano. Esses resultados podem estar relacionados à supervisão atual dos atletas investigados, nos quais todas as lesões são encaminhadas à equipe de saúde. Esse contexto, no qual todas as entorses receberam atendimento da equipe de saúde, contrasta com a literatura, que relata que 50% dos indivíduos com entorse no tornozelo não procuram atendimento médico.[29] Além disso, as taxas observadas de recorrência foram menores do que as relatadas por outro estudo.[30] Assim, a supervisão pela equipe de profissionais de saúde do clube esportivo pode ser um fator que impactou positivamente na baixa taxa de recorrência.

O mecanismo de lesão mais comum foi a entorse de contato no 1° ano e a entorse sem contato no 2° ano. A diferença entre os anos pode estar mais relacionada às mudanças do mecanismo, especialmente para o basquete e o vôlei. Em ambos os esportes, o 1° ano apresentou uma contribuição substancial das lesões de contato. No 2° ano, a distribuição entre mecanismos foi quase igual para o basquete, e a lesão sem contato foi mais comum para o vôlei. Outros estudos relataram mais lesões de contato para o basquete[2] e lesões sem contato para o vôlei.[3] Além disso, a maioria das entorses no tornozelo ocorreu durante os treinos. Isso pode estar relacionado com o número de horas de exposição ao treinamento, o qual é maior do que nas partidas. Esse resultado corrobora o relatado para jovens jogadores de basquete[17] e de vôlei.[3] [31] No entanto, esse resultado é diferente de outros estudos que mostraram um número considerável de lesões durante partidas em jovens atletas de basquete.[2] [31]

Na maioria das lesões, o atleta interrompeu todos os treinos esportivos devido à entorse no tornozelo. Esse resultado corrobora o de outros estudos.[2] [3] [19] As entorses no tornozelo observadas no presente estudo resultaram em uma média de 18,5 dias de afastamento da prática esportiva. Estudos mostraram que a maioria das lesões resultou em afastamento de até 7 dias, e ∼ 30% das entorses no tornozelo resultam em entre 7 e 21 dias de afastamento.[2] [3] Portanto, os dias de afastamento da prática esportiva destacam a importância da adoção de estratégias preventivas para minimizar as lesões por entorse no tornozelo.

Algumas limitações se aplicam ao presente estudo. Embora o presente estudo tenha investigado várias variáveis que contribuíram para a compreensão das entorses no tornozelo em jovens atletas, outros fatores não investigados podem estar relacionados a essa lesão, como, por exemplo, variáveis relacionadas ao histórico do atleta, incluindo lesões sofridas antes do período de investigação e dos anos de prática esportiva. Além disso, alterações musculoesqueléticas (por exemplo, déficits de dorsiflexão) podem ter contribuído para o desenvolvimento de entorses no tornozelo. Como o presente estudo é baseado em um banco de dados, outros fatores não estavam disponíveis ou não foram sistematicamente registrados para todos os atletas investigados. Além disso, as características de treinamento (por exemplo, duração da sessão de treinamento, estrutura da sessão de treinamento, plano de periodização) podem ter influenciado os resultados. Estudos futuros podem investigar se fatores não considerados no presente estudo podem explicar diferenças nas taxas de incidência esportiva.


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Conclusão

Basquete, vôlei e futsal tiveram as maiores taxas de incidência de entorse no tornozelo entre os esportes investigados. Durante os 2 anos de análise, a maioria das lesões aconteceu durante o treinamento e levou à ausência da prática esportiva. Além disso, a recorrência da lesão foi baixa. Esses achados podem ajudar a desenvolver programas efetivos de prevenção por meio de estratégias para reduzir o risco de lesões e sua severidade, beneficiando o atleta, a equipe técnica e o clube esportivo.


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Conflito de Interesses

Os autores não têm conflito de interesses a declarar.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao corpo clínico do Minas Tênis Clube, que apoiou a pesquisa.

Suporte Financeiro

O presente estudo não recebeu nenhum apoio financeiro. Todos os custos para a coleta, a análise, a interpretação dos resultados e a redação foram fornecidos exclusivamente pelos autores.


Estudo desenvolvido no Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.


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Endereço para correspondência

Thiago Ribeiro Teles Santos, PhD
Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH)
Av. Prof. Mário Werneck, 1685, Buritis, Belo Horizonte, Minas Gerais
Brasil   

Publication History

Received: 12 June 2021

Accepted: 14 October 2021

Article published online:
04 March 2022

© 2022. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)

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