Forma de Apresentação: Tema Livre
Objetivo: Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde, considerou a COVID-19 como
pandemia. Hospitais lotados de atendimento a pacientes graves, com pneumonia associado
a síndrome gripal. O medo da disseminação de uma doença pouco entendida proporcionou
uma diminuição na procura dos atendimentos de urgência e emergência, ou pelo menos,
realizado quando estritamente necessário. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho
é avaliar o impacto na redução da incidência da apendicite aguda, em um serviço de
pronto-socorro durante a primeira onda da COVID-19.
Método: Foi realizado avaliação de prontuário eletrônico, de coorte retrospectiva, de pacientes
submetidos a apendicectomia por apendicite aguda, durante a primeira onda da pandemia
COVID-19, no período de 11 de março de 2020 até 31 de dezembro de 2020. Foram excluídos
laparotomias de urgência por outras causas. Os casos com dados incompletos em prontuário
também foram excluídos. Todos os pacientes operados no período da pandemia foram submetidos
a triagem sorológica para COVID-19. Sendo positivo, colhia-se RT-PCR e mantinha isolamento
até o resultado definitivo. Independentemente do resultado de triagem, os pacientes
foram operados com todas as medidas de proteção para equipe médica. Os dados demográficos,
anamnese, exame clínico, técnica intra-operatória e evolução foram avaliados e descritos
em planilha de Excel para posterior análise descritiva.
Resultados: Houve uma considerável diminuição na procura a atendimentos de urgência. Para se
ter uma ideia, em 2019, foi realizado 74 apendicectomias, enquanto em 2020, foram
apenas 35. Durante a primeira onda, foi identificado 33 pacientes operados. A idade
média foi de 32 ± 13 anos, sendo homens (63%) a sua grande maioria. A média do início
dos sintomas variou de 3,5 ± 4 dias. A dor abdominal com Blumberg + esteve presente
em 30 pacientes (93%). O exame de imagem mais solicitado foi a tomografia de abdome
sem contraste em 23 casos (69%). Os achados radiológicos sugerindo apendicite foram
visualizados em 19 exames (82%), sendo os mais comuns: edema, espessamento e coleções.
Apenas um único caso foi submetido a apendicectomia vídeo laparoscópica. O sepultamento
do coto pela técnica de Ochsner foi realizado em 31 casos (93%). Dois casos foram
submetidos a tiflectomias por apendicite complicada. Somente um paciente foi re-operado
por fístula entérica. Houve apenas um diagnosticado com COVID-19 no pré-operatório
e posteriormente confirmado por RT-PCR. Nenhum óbito ocorreu nesse período por complicações
de apendicite ou COVID-19.
Conclusões: Na Pandemia Sars-cov-2, observou-se uma redução nos casos suspeitos de apendicite,
possivelmente devido ao pânico de contrair a doença. Apesar dos números modestos,
observamos uma tendência ao aumento no atendimento e no manejo de apendicites complicadas.