Open Access
CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2021; 41(S 01): S1-S235
DOI: 10.1055/s-0041-1741904
MISCELÂNEA
Relato de Caso
ID: 17037

Abdome Agudo Perfurativo por Citomegalovírus na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: Relato de Caso

E. de Souza
1   Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
,
C. P. Oliveira
1   Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
,
L. L. M. de Oliveira
1   Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
,
G. J. O. de Sousa
1   Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
,
R. C. V. de Brito
1   Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
› Author Affiliations
 
 
    • Área: MISCELÂNEA

    Forma de Apresentação: e-Pôster

    Introdução O abdome agudo em paciente com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma situação comum no cotidiano médico. A colite por citomegalovírus (CMV) é uma das doenças oportunistas possíveis em um quadro de imunodeficiência. Contudo, a perfuração intestinal nesses casos é um evento raro. Este relato tem como objetivo apresentar um caso de paciente com SIDA que evoluiu com abdome agudo perfurativo durante a internação.

    Relato de Caso Paciente do sexo feminino, 27 anos, 38kg, admitida hospitalarmente por quadro de clínico de diarreia sanguinolenta, dor abdominal intensa, vômitos, astenia e perda ponderal de 25Kg em 3 anos. Nega doenças prévias. Na admissão foram solicitadas sorologias para HIV, Sífilis, Hepatite B e C, além de outros exames que evidenciaram anemia ferropriva e hipoproteinemia. Realizada colonoscopia com biópsias, que evidenciou pancolite grave em atividade com lesão ulcerada em cólon transverso, na qual foi aventada a hipótese de Doença de Crohn e assim iniciados corticoterapia e antibioticoterapia. O anatomopatológico evidenciou CMV em atividade e a sorologia para HIV foi positiva e compatível com SIDA grave. Assim, no 11º DIH foi feita uma nova colonoscopia para pesquisa de fungos e micobactérias que evidenciava a melhora da pancolite, especialmente em cólon transverso e sigmoide. Contudo, 5 dias depois a paciente evoluiu com piora clínica, distensão abdominal, vômitos e pneumoperitônio em tomografia. No intraoperatório verificou-se a perfuração de ceco e peritonite fecal sendo realizada colectomia direita com ileotransversostomia. Após longo período de recuperação, recebeu alta, mantendo infusões semanais com Ganciclovir e acompanhamento pela infectologia.

    Discussão O CMV é a principal infecção oportunista em pacientes com SIDA. Ocorrendo especialmente quando os níveis CD4 estão abaixo de 100.¹ A perfuração pela colite por CMV é uma complicação rara, mesmo com os agentes oportunistas da SIDA comprometendo o trato gastrointestinal (TGI) em mais de 50% dos casos.² No TGI o cólon é o local mais acometido (47%) seguido por duodeno (21,7%), estômago (17,4%), esôfago (8,7%) e intestino delgado (4,3%). Segundo Goodman et.al. a fisiopatologia está relacionada a manifestação de uma vasculite em submucosa, podendo cursar com trombose, isquemia, ulceração, espessamento, gangrena local, e então, perfuração.³ A clínica da colite por CMV é bastante pleomórfica, variando desde quadros com diarreia aquosa leve até colites fulminantes com abdome agudo. Geralmente os pacientes apresentam anorexia, febre, diarreia e dor abdominal. Já os exames endoscópicos podem variar de inflamação leve e erosões na mucosa até grandes úlceras que mimetizam neoplasias ou doenças inflamatórias intestinais.³ O cirurgião deve considerar, nos quadros graves, a hipótese de colite com perfuração pelo CMV e operar precocemente, de modo a minimizar a morbimortalidade. Por fim, o tratamento precoce com glancicovir, até mesmo pré-operatório, aumenta a taxa de sucesso em casos como este.


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    Publication History

    Article published online:
    04 January 2022

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