CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2023; 58(01): 108-113
DOI: 10.1055/s-0041-1740294
Original Article
Mão

Tratamento de cisto sinovial dorsal do punho com escleroterapia percutânea utilizando solução salina hipertônica

Article in several languages: português | English
1   Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
,
1   Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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1   Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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1   Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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1   Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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2   Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
› Author Affiliations
 

Resumo

Objetivo Avaliar a eficácia da infiltração da solução salina hipertônica como agente esclerosante no cisto sinovial dorsal do punho.

Método Pacientes de ambos os sexos, com 18 anos ou mais, com diagnóstico clínico e ultrassonográfico de cisto sinovial, e sem nenhum tratamento prévio foram selectionados. Série de casos em que 50 pacientes foram submetidos a aspiração do conteúdo do cisto e infiltração da solução salina hipertônica (2 ml solução de cloreto de sódio 20% e 1 ml de lidocaína 2%). Seguimento realizado por 24 semanas, durante as quais foram avaliados os parâmetros dor, força, arco de movimento, função (questionários quick disabilities of the arm, hand, and shoulder [quickDASH] e brief Michigan), recorrência e complicações.

Resultado Foram avaliados 46 pacientes por 24 semanas, 18 (39,1%) cistos evoluíram para cura e 28 (60,9%) cistos apresentaram recorrência. Não houve diferença estatisticamente significante nos quesitos força e arco de movimento. Não houve diferença clinicamente significante nos escores dos questionários. As complicações mais frequentes foram dor e edema.

Conclusão A infiltração com solução salina hipertônica para tratamento do cisto sinovial dorsal do punho mostrou taxa de recorrência de 60,9%.


#

Introdução

Cisto sinovial é um tumor de tecidos moles mais comum do punho e mão.[1] Ele é ncontrado em todas as idades, com pico de incidência na faixa etária entre a segunda e a quarta década de vida e predominantemente no gênero feminino.[2] [3] O dorso do punho é o local mais comum de aparecimento do cisto, contando com 60 a 70% de todos os cistos do punho e da mão.[3]

Há inúmeras formas de tratamento do cisto dorsal descritas na literatura: observacional; punção e aspiração do conteúdo do cisto com ou sem infiltração de corticosteroides; infiltração de agentes esclerosantes; eletrocauterização transcutânea; e cirúrgica (via aberta ou artroscópica).[4]

O tratamento não cirúrgico por aspiração com ou sem infiltração tem baixa taxa de resolução (20–30%) comparada ao tratamento cirúrgico, que apresenta de 90 a 100% de cura; contudo, o tratamento cirúrgico é sujeito a complicações inerentes da cirurgia.[4]

Os agentes esclerosantes são uma opção válida, sendo que para um agente esclerosante ser considerado ideal, ele deve ser capaz de produzir obliteração do cisto e não causar complicações.[5]

A escleroterapia com solução salina hipertônica já é realizada há décadas, por exemplo no tratamento de teleangiectasias e veias reticulares;[6] cistos abdominais simples sintomáticos[7]; e também no cisto sinovial.[8]

Em 2003, Dogo et al.,[8] realizaram uma série de casos de cistos sinoviais tratados com infiltrações de solução salina hipertônica e apesentaram taxa de resolução de 100%, tendo como complicação apenas dor leve. O tratamento dessa patologia bastante prevalente com este procedimento com alta taxa de resolução e baixa morbidade poderia ser o tratamento de escolha, mas ainda faltam evidências do assunto na literatura.[1] [3] [8]

Há a necessidade de testar a eficácia real da solução salina hipertônica no tratamento do cisto sinovial dorsal, já que pode ser facilmente implementado na prática clínica, com baixa incidência de complicações e altas taxas de resolubilidade.

O objetivo deste estudo é avaliar reprodutibilidade do método analisando a taxa de resolução, a recorrência, e possíveis complicações com o tratamento conservador do cisto sinovial dorsal do punho através da aspiração e infiltração de solução de cloreto de sódio hipertônico 20% diluído com lidocaína 2%, numa proporção de 2:1 ml.


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Pacientes e Métodos

Esse estudo é uma série de casos, prospectiva, longitudinal, intervencionista, aprovada pelo comitê de ética e pesquisa da instituição, realizado em um hospital universitário.

Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos com cisto sinovial dorsal do punho com diagnóstico confirmado pela ultrassonografia. Foram excluídos pacientes com cisto não visível com punho em posição neutra, outras patologias concomitantes afetando a mão ou punho, pacientes com história de qualquer tipo de tratamento prévio e recusa ao termo de consentimento.

Antes do procedimento, foram colhidos dados epidemiológicos como idade, sexo, lado acometido, e história pregressa de trauma. Foram avaliados também a intensidade da dor no punho, pela escala visual analógica (EVA)[9]; o arco de movimento do punho (goniometria); a força de preensão (média do dinamômetro de Jamar)[10]; e a função da mão e membro superior através dos questionários (quick disabilities of the arm, shoulder, and hand [QuickDash] e Brief Michigan Hand Questionanarie)[11] [12]

Houve cinco momentos de avaliação dos pacientes: antes do procedimento e com 4, 8, 12 e 24 semanas.

A punção foi realizada pela técnica de single dart.[13] Foi realizada anestesia local (injeção de 1 ml de lidocaína 2% no subcutâneo na região proximal ao cisto). Pela região anestesiada foi puncionado o cisto com uma agulha de 40 × 12, aspirado o seu conteúdo e infiltrada uma solução de cloreto de sódio hipertônico a 20% e de lidocaína 2% (2:1). Foi prescrito paracetamol, como medicação analgésica, caso houvesse dor.

Com 4 semanas, avaliou-se presença de dor ou parestesia, hiperemia e edema na região do cisto. Conforme a evolução do cisto, os pacientes foram divididos em 3 grupos: grupo 1 (cura) incluiu os indivíduos em que os cistos não eram mais possíveis de ser palpados; o grupo 2 incluiu os indivíduos em quem o cisto era palpável, mas não visível com o punho em posição neutra; no grupo 3, ficaram os pacientes em quem o cisto era visível com punho em posição neutra. Nessa ocasião (4 semanas), foi realizada nova punção nos pacientes dos grupos 2 e 3, pela mesma técnica.

Com 8, 12 e 24 semanas, os pacientes foram reclassificados. Foi registrado também se houve ou não complicações como dor, edema, hiperemia, parestesia ou necrose cutânea.

Com 24 semanas, os pacientes foram submetidos a uma avaliação semelhante à realizada pré-procedimento (dor, goniometria do punho, força de preensão e questionários funcionais).


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Método Estatístico

Os métodos estatísticos utilizados foram: o teste t de Student pareado e o teste de igualdade de duas proporções, com nível de significância < 0,05.


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Resultados

Entre julho de 2018 e novembro de 2019, tratamos 50 cistos sinoviais de 50 pacientes. Nas 24 semanas de seguimento, tivemos perda de 4 pacientes para o seguimento, totalizando no final do estudo 46 pacientes. ([Quadro 1]). A média de idade foi de 36,2 anos (18–68). A maioria dos pacientes era do sexo feminino (73,9%). O lado direito foi o mais acometido (52,2%). Somente 8,7% mencionaram algum tipo de trauma no punho pregresso ao cisto.

Quadro 1

Ordem

4 semanas

Novo procedimento

24 semanas

Ordem

4 semanas

Novo procedimento

24 semanas

1

PNV

Sim

PV

26

CURA

Não

CURA

2

PV

Sim

PV

27

CURA

Não

PNV

3

PV

Sim

PV

28

CURA

Não

PNV

4

PV

Sim

PV

29

PNV

Sim

CURA

5

PV

Sim

CURA

30

CURA

Não

PV

6

CURA

Não

CURA

31

PNV

Sim

PNV

7

PNV

Sim

CURA

32

PERDIDO DURANTE O SEGUIMENTO

8

PV

Sim

CURA

33

PNV

Sim

PNV

9

CURA

Não

PV

34

PNV

Sim

PNV

10

CURA

Não

CURA

35

CURA

Não

PNV

11

PV

Sim

PV

36

CURA

Não

PNV

12

PNV

Sim

CURA

37

CURA

Não

CURA

13

PNV

Sim

PNV

38

CURA

Não

CURA

14

CURA

Não

PV

39

PV

Sim

CURA

15

PV

Sim

PNV

40

CURA

Não

CURA

16

PV

Sim

PV

41

CURA

Não

PV

17

PNV

Sim

PNV

42

CURA

Não

PV

18

PNV

Sim

CURA

43

CURA

Não

CURA

19

CURA

Não

PNV

44

PERDIDO DURANTE O SEGUIMENTO

20

PV

Sim

PV

45

PV

Sim

CURA

21

PERDIDO DURANTE O SEGUIMENTO

46

CURA

Não

CURA

22

PV

Sim

PV

47

PERDIDO DURANTE O SEGUIMENTO

23

PNV

Sim

PNV

48

PNV

Sim

PV

24

CURA

Não

CURA

49

CURA

Não

PV

25

PNV

Sim

PNV

50

CURA

Não

CURA

Após a primeira infiltração, com 4 semanas de seguimento, houve 45,7% de cura; 28,3% continuaram palpáveis e 26,1% eram visíveis e palpáveis. Uma segunda infiltração foi realizada nos cistos palpáveis.

Com 24 semanas de seguimento, dos que foram submetidos a somente uma infiltração (total de 21 pacientes), 10 (21,7%) evoluíram para cura, 5 (10,9%) ficaram no grupo 2, e 6 (13,0%) ficaram grupo 3. Dos que foram submetidos a duas infiltrações, 8 evoluíram para cura, 8 permaneceram palpáveis, e 9 ficaram palpáveis e visíveis.

Somando-se os 2 grupos, após 24 semanas de seguimento, 18 (39,1%) cistos evoluíram para cura e 28 (60,9%) cistos apresentaram persistência. Dos cistos que persistiram, 13 (28,2%) cistos eram palpáveis e não visíveis e 15 (32,6%) cistos eram palpáveis e visíveis ([Tabela 1]).

Tabela 1

Resultado

Semana 0

Semana 4

Semana 24

N

%

N

%

N

%

Cura

0

0,0%

21

45,7%

18

39,1%

Não visível

0

0,0%

13

28,3%

13

28,3%

Visível e palpável

46

100%

12

26,1%

15

32,6%

Mensurando a intensidade da dor pela escala EVA antes e após o tratamento, foi notada uma melhora estatisticamente significativa da dor ([Tabela 2]). Quando avaliamos os grupos, observamos que houve melhora na grande parte (77.7%) dos pacientes curados, em quase metade (46,1%) dos pacientes com cisto palpável e apenas em 26,6% dos pacientes com cisto palpável e visível.

Tabela 2

Escores

N

Média

Desvio Padrão

Valor de p

EVA

Pré

46

4,36

2,94

0,006

Pós

46

2,86

3,41

Quick DASH

Pré

46

26,15

21,06

< 0,001

Pós

46

15,37

18,57

Brief Michigan

Pré

46

70,57

18,09

< 0,001

Pós

46

83,17

15,06

As medidas de força de preensão e de amplitude de movimento pré-procedimento e após 24 semanas de seguimento não apresentaram diferenças estatística ([Tabela 3]).

Tabela 3

Punho direto

Média

Valor de p

Flexão

Pré

71,93

0,847

Pós

72,20

Extensão

Pré

65,17

0,109

Pós

66,78

Desvio ulnar

Pré

35,09

0,212

Pós

33,70

Desvio radial

Pré

22,48

0,133

Pós

20,87

Força de preensão

Pré

28,29

0,055

Pós

25,78

Os escores médios do questionário QuickDASH pré-tratamento e no fim de 24 semanas de seguimento foram de 26,15 e 15,37, respectivamente ([Tabela 2]).

Os escores médios do questionário Brief Michigan Hand Questionnarie pré-tratamento e após 24 semanas de seguimento foram de 70,57 e 83,17, respectivamente ([Tabela 2]).

As complicações observadas foram dor (73,9%), sendo que 58,8% fizeram uso de analgésicos; edema (91,3%); hiperemia (37%), e parestesia na região da infiltração (30,4%). Não houve casos de necrose. Nenhum paciente precisou de procedimento adicional para tratar essas complicações ([Tabela 4]).

Tabela 4

Semana 4

Semana 24

Valor de p

N

%

N

%

Dor

Não

12

26,1%

34

73,9%

< 0,001

Sim

34

73,9%

12

26,1%

Analgésico

Não

14

41,2%

46

100%

< 0,001

Sim

20

58,8%

0

0,0%

Edema

Não

4

8,7%

46

100%

< 0,001

Sim

42

91,3%

0

0,0%

Hiperemia

Não

29

63,0%

46

100%

< 0,001

Sim

17

37,0%

0

0,0%

Necrose

Não

46

100%

46

100%

- x -

Sim

0

0,0%

0

0,0%

Parestesia

Não

32

69,6%

43

93,5%

0,003

Sim

14

30,4%

3

6,5%


#

Discussão

Houve quatro perdas para o seguimento, que é um número aceitável na literatura.[14] Seguimos 46 pacientes, número equiparável aos de outros trabalhos prévios relativos ao tema.[15]

Quanto às características epidemiológicas, como sexo, idade e lado acometido, encontramos características semelhantes às de outros artigos da literatura.[2] [8]

O diagnóstico do cisto dorsal foi feito pelo exame clínico e confirmado pelo exame ultrassonográfico, assim como em estudos prévios.[16]

O método de execução do procedimento, denominado single dart, foi escolhido pois aumenta as chances de a substância ser infiltrada dentro do cisto, além de provocar menos complicações.[13]

O seguimento foi de 24 semanas após a infiltração inicial, também similar ao de estudos anteriores.[13]

Em relação às opções de tratamento descritas na literatura, o manejo expectante do cisto apresenta resolução espontânea em média de 49% dos casos, num seguimento de 2 a 12 anos.[3] A aspiração simples apresenta grande variação na taxa de recorrência, com média de recorrência de 41%.[3] A aspiração e infiltração com corticoide apresenta taxas de recorrência variáveis de 14 a 83%, podendo acarretar hipopigmentação da pele.[3] [17]

Os esclerosantes hiperosmóticos e os esclerosantes detergentes, como polidocanol e tetradecil sulfato de sódio, são os mais seguros e efetivos utilizados para procedimentos médicos, porém com taxas semelhantes de cura.[3] [5] [13]

Utilizando solução de cloreto de sódio hipertônico na aspiração e escleroterapia do cisto, Dogo et al.[8] relataram ausência de recorrência do cisto sinovial. Considerando como recorrência o cisto palpável, sendo ele visível ou não, no nosso estudo houve recorrência de 60,9% dos cistos com 24 semanas de seguimento. Se considerarmos apenas os cistos visíveis como recorrência, diminuímos essa taxa para 32,5%. Com essa diferença de valores, é possível observar que esse dado (definição de cura), não equalizado nos estudos, pode explicar a divergência dos resultados.

Essa diferença nos resultados observados também pode ser explicada pela diferença na concentração da solução salina hipertônica, visto que no estudo de Dogo et al.,[8] a concentração não está explicita. Pelo receio de complicações como necrose cutânea,[13] neste estudo, a concentração da solução definida foi de 2 ml de cloreto de sódio a 20% com 1 ml de lidocaína a 2% sem vasoconstritor.

Outro motivo da diferença pode ser o volume da solução que foi infiltrado. Infiltramos a quantidade suficiente para encher o cisto novamente, deixando-o aproximadamente do mesmo tamanho que antes da aspiração. Em alguns cistos volumosos, 3 ml não foram suficientes para encher o cisto, e, em alguns pequenos, não entrou mais do que 1 ml. Talvez no estudo de Dogo et al.,[8] eles infiltraram volumes e concentrações diferentes. Mensurar isso pode ser impreciso (pois há perdas por extravasamento), mas a quantidade pode influenciar no poder esclerosante no tratamento.

Em relação ao número de infiltrações, apenas 1 paciente de Dogo et al.[8] foi submetido a uma segunda infiltração, obtendo uma taxa de cura de 96,5%. Com uma infiltração, obtivemos uma taxa de cura de 21,7% em 24 semanas. Dos que foram submetidos a uma segunda infiltração apenas 17,4% evoluíram para cura, totalizando 39,1%. Com duas infiltrações, quase dobramos a taxa de cura, mostrando benefício de um segundo procedimento, quando necessário.

Dogo et al.[8] relataram que 20% dos seus pacientes necessitaram usar analgésicos por dor severa. Neste trabalho, 20 dos 34 pacientes que relatam dor com 4 semanas, utilizaram o analgésico prescrito. Mensurando a intensidade da dor antes e após tratamento, foi notado melhora estatisticamente significativa da dor, porém essa diferença não apresenta relevância clínica, visto que a diferença é menor que três pontos.[18]

Avaliando os grupos separadamente, observamos que, no quesito dor, houve uma diminuição maior no grupo cura (77,7%), seguido pelo grupo palpável e não visível (46,2%) e, por último pelo grupo palpável e visível (26,7%). Deste modo, podemos sugerir que a cura ou a não visualização do cisto pode estar relacionada com a diminuição de dor local.

Não houve perda de movimento do punho quando comparamos antes do tratamento e após 24 semanas de seguimento, diferente de alguns estudos que usaram triancinolona, hialuronidase e sulfato tetradecil de sódio.[13]

Houve melhora funcional significativa na avaliação pelos questionários QuickDash e Brief Michigan. Esta melhora foi devida principalmente ao quesito dor e estética, que eram as principais queixas dos pacientes. Essa melhora, no entanto, não foi clinicamente relevante, visto que as diferenças não superaram uma diferença mínima importante.[19]

Em nosso estudo, as complicações utilizando cloreto de sódio hipertônico 20%, foram frequentes, porém com baixa morbidade. Com exceção da dor nos primeiros dias após a infiltração, tratada com analgésico simples (paracetamol), e 3 pacientes que persistiram com parestesia local após 24 semanas (sem alteração sensitiva cutânea), nenhuma complicação necessitou de tratamento adicional específico e regrediram espontaneamente.

Neste estudo, não alcançamos a mesma taxa de sucesso de Dogo et al. Alguns motivos para tal foram citados: técnica utilizada, concentração e volume; talvez o somatório deles possa explicar essa diferença de resultados encontrada.

Como uma limitação deste estudo, acreditamos que podemos mencionar o curto período de acompanhamento, já que as recorrências podem também ser observadas com mais de 6 meses após a infiltração.

Há a necessidade de mais estudos neste assunto, principalmente sobre o emprego de outras substâncias esclerosantes, visto que o tratamento com aspiração e escleroterapia percutânea é um procedimento tecnicamente simples, facilmente implantável na prática clínica, e que pode ser realizado em regime ambulatorial, com baixo custo.


#

Conclusão

A escleroterapia percutânea com solução salina hipertônica é um método seguro para tratamento do cisto sinovial dorsal do punho, porém apresentou taxa de recorrência de 60,9%.


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Conflito de Interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Suporte Financeiro

Não houve suporte financeiro de fontes públicas, comerciais, ou sem fins lucrativos.


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Endereço para correspondência

Fernando Araujo Pires
Disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior
Rua Borges Lagoa 786, Vila Clementino, São Paulo, SP 04038-001
Brasil   

Publication History

Received: 18 July 2021

Accepted: 20 September 2021

Article published online:
24 March 2023

© 2023. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)

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