CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672850
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Schwannoma esporádico do nervo troclear: relato de caso e revisão sistemática da literatura

Letícia Chaffin Barbosa Peruffo
1   Universidade Federal do Paraná
,
Mariana Basso Spadoni
1   Universidade Federal do Paraná
,
Felipe Constanzo
2   Instituto de Neurologia de Curitiba
,
Ricardo Ramina
2   Instituto de Neurologia de Curitiba
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Apresentação do Caso: Mulher de 32 anos apresentou-se com parestesias paroxísticas em domínio direito há 3 meses. Havia antecedentes de ambliopia idiopática esquerda e midríase persistente esquerda, ambas congênitas. O único achado no exame físico foi midríase reativa à esquerda. Ressonância magnética de crânio evidenciou lesão sólido-cística irregular ocupando cisterna ambiens e ângulo pontocerebelar à esquerda, sugerindo schwannoma troclear. A paciente foi submetida à cirurgia por acesso retrossigmóideo, com ressecção completa da lesão. Durante a cirurgia, foi evidenciada a origem da lesão no nervo troclear. A paciente evoluiu com melhora completa dos sintomas.

    Discussão: Os schwannomas trocleares são lesões pouco frequentes. A revisão sistemática da literatura encontrou 94 casos relatados. Foram incluídos os casos de schwannomas trocleares com diagnóstico por imagem, cirurgia ou histopatologia. Foram excluídos artigos não disponíveis em inglês. Os schwannomas trocleares são mais frequentes em homens (62% dos casos relatados) e em pacientes com neurofibromatose tipo 2, o que não era o caso da paciente. Além disso, a média de idade no momento do diagnóstico foi de 50 anos, bastante acima dos 32 anos da paciente. O relato também é incomum quanto à lateralidade e quanto à característica da lesão, visto que apenas 27% dos casos descritos são à esquerda e somente 31% dos casos são de tumores císticos. Queixas de parestesia, como a da paciente deste caso, são incomuns. Ela não apresentava sintomas frequentes, como diplopia (presente em 77% dos casos), cefaleia (28%) e paresia do nervo troclear (79%). A ausência de diplopia pode ser explicada pela compensação da perda de função do músculo oblíquo superior por outros músculos extrínsecos do olho. Há melhora da maioria dos sintomas com a cirurgia, exceto da paralisia do nervo troclear, pois a lesão do nervo é frequente durante a ressecção do tumor. 70% dos pacientes submetidos à cirurgia apresentaram paralisia do nervo troclear no pós-operatório. A ressecção total do tumor sem nenhum sintoma pós-operatório, como obtido no caso aqui relatado, havia sido conseguida apenas uma vez na literatura.

    Comentários Finais: Este caso é o primeiro relato de schwannoma troclear no Brasil e tem sua relevância na apresentação atípica da lesão rara e no sucesso da cirurgia com ressecção total do tumor e nenhum sintoma pós-operatório.


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