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CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672800
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Trombose venosa cortical mimetizando tumor cerebral com sangramento

Eleci Vaz Ferreira
1   Santa Casa de Porto Alegre
,
Marcelo Paglioli Ferreira
1   Santa Casa de Porto Alegre
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Apresentação de caso: A.M.S.K., 46 anos, feminina, com quadro súbito de confusão mental e dificuldade de linguagem (afasia de condução e anomia) há 3 dias, sem comorbidades clínicas, apresentou piora do nível de consciência após 5 horas de internação, sendo necessária intervenção cirúrgica por herniação de uncus. À Ressonância Magnética do Encéfalo, observou-se imagem com hipersinal em T2 e T1 envolvendo o lobo temporal esquerdo, compatível com hematoma, associado a edema importante, determinando desvio das estruturas da linha média para a esquerda (cerca de 0,8 cm ao nível do septo pelúcido), com compressão do ventrículo lateral esquerdo e apagamento da cisterna ambiens ipsilateral. Veia cortical adjacente (possivelmente de Labbé) com defeito de enchimento. Hipersinal nos sulcos entre os giros corticais adjacentes à lesão, por componente hemático subaracnoideo. Pequeno meningioma junto à alta convexidade à direita. O resultado do exame anátomo-patológico foi de hematoma circundado por tecido glial.

    Discussão: No diagnóstico diferencial das hemorragias cerebrais não traumáticas devemos considerar os tumores, as malformações vasculares, o infarto venoso e as vasculites. A trombose de veia cortical é uma oclusão de veia cerebral superficial com ou sem trombose de seio dural associada. Nenhuma causa é identificada em 20–25% dos casos. Há um grande espectro de causas predisponentes, como infecção, gravidez, uso de anticoncepcional oral, desidratação, tireotoxicose, coagulopatias, doenças do colágeno, entre outras. A evolução é variável, de casos assintomáticos até coma e morte. Pior prognóstico está associado com edema de papila ao fundo de olho, alteração da consciência, idade superior a 33 anos, retardo no diagnóstico superior a 10 dias, associação com hemorragia cerebral e envolvimento do seio reto. Em mais de 14% dos casos há trombose venosa profunda dos membros inferiores e tromboembolia pulmonar associada.

    Comentários finais: Trombose de veia cortical com infarto hemorrágico extenso é uma entidade incomum. No caso relatado, a paciente foi submetida à lobectomia temporal esquerda padrão pelo risco de morte. Trata-se de uma doença benigna com evolução extremamente desfavorável quando não prontamente diagnosticada e tratada.


    No conflict of interest has been declared by the author(s).