CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672646
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Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Cirurgia de epilepsia em displasia cortical focal adjacente à área de linguagem refratária à medicação: um relato de caso desafiador

João Pedro Abreu da Silva
1   Universidade Federal do Rio Grande do Sul
,
Eliseu Paglioli Neto
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
André Palmini
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Bruno Loz da Rosa
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Maurício Marchiori
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Vinicius Castro da Rosa
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Normando Guedes
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Gabriel Carvalho Heemann
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Rafael Paglioli
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Francine Hehn de Oliveira
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Ricardo Bernardi Soder
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Ricardo Chmelnitsky Wainberg
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
,
Thomas More Frigeri
2   Hospital São Lucas da PUC-RS
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 
 

    Introdução:A displasia cortical focal (DCF) é reconhecida como uma causa comum de epilepsia. Embora não seja totalmente compreendida, acredita-se que anormalidades celulares e/ou arquiteturais durante principalmente o desenvolvimento cerebral uterino tenham alguma relação causal. Alguns estudos sugerem que injúrias perinatais podem influenciar no desenvolvimento da doença. O desafio do tratamento cirúrgico nesses pacientes está relacionado à delimitação da zona epileptogênica e, segundo a literatura, os resultados livres de crise são piores entre as doenças epilépticas.

    Apresentação de caso: Paciente feminina,36 anos, com DCF permeando área de Broca. Crises iniciaram aos 4 meses de idade. Nascimento a termo, baixo peso, episódios de hipertonia de caráter inespecífico, sem retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, sem história de doenças do SNC durante período neonatal e infância. Apresentava crises em vigília e sono, sem aura, com mioclonias e automatismos bimanuais, desconexão, duração de 1 minuto e 2–3 crises diárias. Na investigação, foi realizada ressonância magnética (RM), identificada alteração displásica comprometendo córtex frontal, giros frontais médio e inferior à esquerda, envolvendo opérculo e transição fronto-insular. Videoeletroencefalografia localizou foco circunjacente à área de linguagem. Sem melhora com otimização das medicações. Por fim, foi indicada cirurgia. Sob microscopia: ressecção da displasia cortical frontal esquerda com auxílio de eletrocorticografia transoperatória, verificada melhora considerável do traçado eletroencefalográfico na área afetada. Biópsia de Lesões (pars orbitalis e triangularis esquerda) demonstrou ausência de distorção citoarquitetural e acentuada gliose reacional em substância branca. Paciente apresentava-se comunicativa no primeiro dia pós-operatório, sem déficits neurológicos focais e sem crises. Manteve-se sem crises, sem sequela neurológica focal, tampouco distúrbio de linguagem.

    Discussão: Displasia cortical focal é uma lesão cuja zona epileptogênica se estende além das anormalidades encontradas em RM, dificultando a delimitação cirúrgica. Após a cirurgia, não houve distúrbio de linguagem, a despeito da localização da lesão, e a última crise de que se tem registro é prévia à cirurgia.

    Conclusão: Esse relato demonstra a evolução pós-cirúrgica de uma doença de difícil tratamento, que permeava área eloquente, cuja ressecção (com auxilio de eletrocorticografia transoperatória) conferiu liberdade de crise e nenhuma sequela neurológica na paciente.


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