Apresentação de caso: Paciente, 2 anos, masculino, branco, há cerca de 30 dias da internação apresentou
quadro de dor abdominal, sendo diagnosticado com infecção do trato urinário e tratado
com melhora clínica. Um dia antes da internação pela pediatria evoluiu com paraparesia
progressiva. No momento da avaliação, o paciente apresentava paraplegia crural, com
hiporreflexia em membros inferiores e reflexo cutaneoplantar indiferente bilateralmente.
Não havia história de trauma vertebral, doença prévia ou relato de uso de medicações.
Submetido à Ressonância Magnética 5 dias após admissão hospitalar que evidenciou hematoma
epidural torácico. Acionada Equipe de Neurocirurgia que indicou descompressão medular
de emergência – realizada cirurgia para drenagem de hematoma epidural torácico no
mesmo dia. Paciente evoluiu com melhora parcial da função motora logo após a cirurgia
e com resolução total do déficit com 4 meses de pós-operatório.
Discussão: Os hematomas epidurais espinhais são uma causa rara de disfunção neurológica, estando
diversos fatores envolvidos em sua etilogia como traumas, desordens de coagulação,
terapia antiplaquetária, malformações arteriovenosas e cirurgia. Define-se como hematoma
epidural espinhal espontâneo (HEEE) aquele no qual não há história de trauma, manipulação
ou cirurgia prévia da coluna vertebral. Os HEE representam 0,3% a 0,9% das lesões
que ocupam o espaço epidural do canal vertebral. É dividido em dois grupos: idiopático
e com fatores predisponentes. Na infância, as causas mais frequentes de HEE são coagulopatias
e malformações vasculares. A forma idiopática representa de 40 a 52% dos HEEE. E sua
incidência é estimada em 0,1:100.000 hab/ano. A origem mais provável do sangramento
é a rede venosa do plexo venoso vertebral interno. O diagnóstico inicial é difícil,
havendo como diagnósticos diferenciais: abscesso espinhal, tumor, isquemia medular,
mielite transversa e doença discal aguda. Entretanto, faz-se necessária a confirmação
o mais rápido possível. Visto que a evolução e os resultados clínicos obtidos nesta
grave patologia dependem do tempo entre os sintomas e o tratamento, passando por um
diagnóstico difícil e incomum.
Comentários finais: O presente trabalho apresenta um caso de um hematoma epidural espinhal espontâneo
em um paciente na faixa etária infantil tratado cirurgicamente com regressão total
dos sintomas. E visa chamar atenção para esta rara patologia, bem como destacar a
importância do diagnóstico e tratamento precoce.