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DOI: 10.1055/s-0044-1781110
RETALHO DE MARTIUS PARA TRATAMENTO DE FÍSTULA RETOVAGINAL – UM RELATO DE CASO
accossich@gmail.com
Apresentação do Caso Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 88 anos com histórico de hábito intestinal irregular e queixa de desconforto anorretal importante associado a dificuldade de higienização local. A inspeção estática e dinâmica demonstrou lesão ulcerada de 4 cm a 2 cm da borda anal com friabilidade ao toque, associada a sangramento e dor. A paciente foi encaminhada ao centro cirúrgico, no qual, sob raquianestesia associada a sedação, foi completado o exame proctológico, em que se observou orifício fistuloso interno no terço distal da parede vaginal posterior. Foi realizada a cateterização da lesão, que confirmou tratar-se de fístula extraesfincteriana. Foram realizados fistulectomia, retalho de Martius, rafia de vagina e ostomia protetora. No pós-operatório imediato, a paciente evoluiu com boa cicatrização do retalho, e o anatomopatológico não evidenciou sinal de malignidade. Após oito meses, a paciente retornou com queixa de desconforto anorretal, e ao exame evidenciou-se a presença de lesão ulcerada de 6 cm na parede posterior de vagina, na superfície do retalho. A biópsia demonstrou apenas tecido de granulação.
Discussão Uma das complicações dos partos vaginais é a fístula retovaginal, principalmente quando há necessidade de instrumentais para facilitação da passagem do bebê. Estima-se que de 0,1% a 0,5% dos partos vaginais possa evoluir para fístula retovaginal. Pacientes idosas e multíparas apresentam corpo de períneo delgado e, nesses casos, o uso de retalho tende a ser uma boa opção. O retalho de Martius apresenta menor trauma cirúrgico em comparação com o retalho do músculo grácil, e seu pós-operatório é menos doloroso. A ostomia de proteção geralmente é indicada para evitar a possível contaminação local pela dificuldade de cicatrização em pacientes idosas.
Comentários Finais As fístulas retovaginais acarretam sintomas significativos para os pacientes e seus familiares, pois interferem em sua qualidade de vida. O manejo dessa condição é difícil, e o retalho de Martius, quando bem indicado, é uma excelente escolha, com ótimos resultados em longo prazo. A reversão da ostomia é discutível, sendo essa uma decisão compartilhada entre médico e paciente, ou familiares. Essa reversão não etá isenta de riscos, e muitas vezes pode evoluir com recidiva de fístula ou incontinência fecal, considerando-se a fragilidade do períneo da paciente.
Publication History
Article published online:
27 February 2024
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