FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES APÓS CIRURGIA COLORRETAL LAPAROSCÓPICA REALIZADA POR MÉDICOS RESIDENTES

Introdução A cirurgia videolaparoscópica requer habilidades específicas para ser realizada com segurança. Existem poucas informações a respeito dos fatores de risco de complicações após cirurgias colorretais videolaparoscópicas realizadas por médicos em treinamento no nosso país.

Objetivo Identificar os fatores de risco para complicações após a cirurgia colorretal videolaparoscópica realizada pelos residentes.

Materiais e Métodos Realizou-se uma análise retrospectiva das operações colorretais videolaparoscópicas realizadas por médicos residentes, em um centro universitário, de 1º de janero de 2014 a 31 de dezembro de 2018. Os seguintes desfechos foram analisados: taxa de conversão, acidentes no intraoperatório, complicações pós-operatórias, reoperação, e mortalidade. Para a identificação dos fatores de risco, utilizou-se a análise multivariada.

Resultados Foram realizadas 191 cirurgias no período analisado. A maior parte dos pacientes era do sexo feminino (52,9%), com idade média de 58,9±13,5 anos. Comorbidades foram observadas em 83,2% dos pacientes. Anemia e hipoalbuminemia foram observadas em 38,7% e 5,8% dos pacientes, respectivamente. O câncer colorretal foi a principal indicação de cirurgia (79,1%). A taxa de conversão foi de 23%, e os principais fatores de risco para a conversão foram: obesidade (37,5% versus 19,2%; p = 0,016; OR: 2,7 [1,2–6,4]), presença de tumor T4 (53,8% versus 20,9%; p = 0,03; OR: 6,3 [1,8–21,6]) e presença de acidentes no intraoperatório (75,0% versus 19,6%; p = 0,001; OR: 11,5 [2,8–46,8]). A taxa de acidentes intraoperatórios foi de 6,3%, e não foram identificados fatores de risco associados. A taxa de complicação precoce foi de 11,5%, e anemia foi a única variável associada (18,9% versus 6,0%; p = 0,008). A taxa de reoperação foi de 12%, e anemia foi a única variável associada (20,3% versus 6,8%; p = 0,011). A taxa de mortalidade em 1 ano de seguimento foi de 4,2%, e os fatores de risco para óbito foram a presença de complicações (14,3% versus 2,9%; p = 0,036; OR: 6,3 [1,1–36,0]) e presença de tumor T4 (30,9% versus 2,3%; p < 0,001; OR: 21,2 [4,0–110,0]).

Conclusão Obesidade, presença de tumor T4 e acidentes no intraoperatório foram fatores de risco para a conversão para a via laparotômica. Anemia foi fator de risco para complicações e reoperação precoce. A presença de complicações precoces e tumor T4 foram fatores de risco para mortalidade em até um ano de seguimento.

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Artikel online veröffentlicht:
16. März 2023