CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2022; 42(S 01): S1-S219
DOI: 10.1055/s-0043-1764825
DST e Doenças Infectoparasitárias
ID – 114185
Pôster Eletrônico

MONKEYPOX ASSOCIADA A PROCTITE E LESÕES PERIANAIS: RELATO DE CASO AUTÓCTONE

André Figueiredo Accetta
1   Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
,
Clara Adarme Davoli de Oliveira
1   Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
,
Italo Accetta
1   Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
,
Eduardo Cortez Vassallo
1   Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil
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Apresentação do Caso Um homem de 28 anos, natural do Rio de Janeiro, portador de HIV sem tratamento, relatou exposição sexual, seguida de febre, astenia, coriza, tosse, e mialgia após 48 horas. Após sete dias, surgiram lesões papulares e pustulosas na cabeça e no pescoço, além de outras lesões perianais dolorosas, com tenesmo e muco nas fezes.

Exame Proctológico O exame proctológico evidenciou múltiplas lesões ulceradas bilaterais na região perianal posterior, com pontilhado enantematoso no reto inferior e muco. A impressão diagnóstica foi de proctite por infecção sexualmente transmíssivel (IST), e foram feitas biópsias das lesões externas, do canal anal, e foi colhido swab de todas as lesões. Iniciou-se tratamento com ceftriaxona, doxiciclina e aciclovir. O diagnóstico de monkeypox foi confirmado pelo isolamento viral no swab perianal e de pescoço. O paciente manteve o tratamento já iniciado, e evoluiu bem, com melhora dos sintomas e das lesões. Após 10 dias, um novo exame proctológico mostrou resolução completa da proctite e cicatrização de 90% das lesões perianais. Nesse mesmo período, as lesões da cabeça e do pescoço tinham crostas que começaram a se desprender.

Discussão Apresentamos um dos primeiros casos autóctones de monkeypox anal, no qual paciente não viajou ou teve contato com qualquer suspeito contaminado. As manifestações se iniciaram após a exposição sexual, e não se sabe do estado de saúde dos parceiros. As lesões de pele tinham distribuição centrífuga, com o mesmo estágio de evolução, e foram surgindo em 48 horas, cerca de 1 semana após a exposição. Ainda que a proctite e as lesões genitais sejam muito pouco descritas na forma clássica da varíola, tem-se observado essas manifestações nos casos recentes dessa variante. Os diagnósticos diferenciais são herpes, gonorreia e clamídia, sendo todas tratadas. Apesar de o paciente ter diagnóstico recente de HIV, sua carga viral era baixa, e a contagem de CD4 ea normal, o que afastava a hipótese de outros diagnósticos oportunistas. Ainda assim, a coinfecção por outras ISTs é possível.

Comentários Finais A possibilidade de varíola foi aventada ao se pensar também em um comportamento de risco e na epidemiologia dos casos mais recentes relatados, que mostram uma correlação entre lesões genitais e exposição sexual. No caso aqui descrito, a história da doença era igual à forma clássica, e o swab confirmou a hipótese. Atualmente, faz-se necessário considerar essa forma de varíola como uma etiologia de lesões perianais e proctite, especialmente se acompanhada de exposição sexual.



Publikationsverlauf

Artikel online veröffentlicht:
16. März 2023

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