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DOI: 10.1055/s-0043-1764569
DOENÇA DE CROHN COM FÍSTULA E ABSCESSO DO ILIOPSOAS COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO
Apresentação do Caso JCF, de 19 anos, natural do Rio de Janeiro, procedente do Ceará, militar da ativa, sem comorbidades com duas cirurgias abdominais recentes. O paciente foi admitido na emergência com quadro de dor abdominal em flanco direito, febre e perda ponderal, relacionado ao quadro de apendicite e reabordagem por coleção intraabdominal cerca de sete meses antes no Ceará. Laboratório de admissão com hemoglobina de 13,6, leucócitos de 10,1 mil/m3 com 1% de bastões, e 15 de metamielócitos, tempo de protrombina de 1,54, tempo de tromboplastina parcial de 1,09 segundos, ureia de 15 mg/dL, creatinina de 0,8 mg/dL, albumina de 3,8, calprotectina fecal de 3.912, P-ANCA e C-ANCA negativos, e PCR 11,8 de mg/dL. Durante o atendimento inicial, optou-se por realizar tomografia de abdômen e pelve com contraste venoso, que evidenciou volumoso abscesso no psoas à direita, com provável fístula para a região do flanco direito. Optou-se por tratamento conservador com antibioticoterapia e drenagem percutânea por 10 dias, sem resolução. Foi realizada colonoscopia, com achado de pseudopólipos, estenose e inflamação no cólon direito. O paciente foi submetido a ileocolectomia com ileostomia, com fístula na mucosa do cólon ascendente, com boa evolução no pós-operatório. O histopatológico foi compatível com doença de Crohn.
Discussão A doença de Crohn é uma causa comum de abscesso do iliopsoas, e ocorre em 0,4% a 4,3% dos pacientes. O uso de corticoesteroides, que está relacionado à imunossupressão, pode aumentar o risco de sua ocorrência. O diagnóstico pode ser tardio, quando o doente já apresenta sinais de sepse. O quadro inicial inclui dor no quadril com dificuldade de flexão da coxa ou ainda dor irradiada para a região lombar, associada a sintomas de infecção sistêmica. A doença de Crohn predispõe à formação de abcessos devido a inflamação transmural, perfuração intestinal, e formação de fístulas. Bacilos gram-negativos e anaeróbios são as bactérias mais frequentemente associadas. A despeito da remoção do segmento intestinal afetado, pacientes com doença de Crohn tratados do primeiro abscesso estão em risco de recorrência devido ao fenótipo penetrante. O tratamento do abcesso do iliopsoas requer drenagem e antibioticoterapia, mas o abscesso recorrente pode necessitar de ressecção cirúrgica do segmento afetado, assim como no caso aqui relatado.
Comentários finais O relato deste caso ratifica a importância da suspeição clínica da doença de Crohn em pacientes com abscesso no iliopsoas e seu manejo clínico-cirúrgico.
Publikationsverlauf
Artikel online veröffentlicht:
16. März 2023
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