Subscribe to RSS

DOI: 10.1055/s-0041-1741958
Uso de Infliximab em Gestante com Doença de Crohn Ileo-Colo-Anal: Um Relato de Caso
-
Área: DOENÇAS INFLAMATÓRIAS DO INTESTINO
Forma de Apresentação: e-Pôster
Introdução A doença de Crohn (DC) é uma das doenças inflamatórias intestinais (DII) e acomete aproximadamente 1 a cada 300 pessoas no mundo. A introdução de terapêuticas com anticorpos monoclonais com ação anti-TNF, -interleucinas e -integrinas inovou o tratamento destas patologias. A DC é caracterizada por lesão descontínua transmural de qualquer parte do trato gastrointestinal. Apresenta-se como forma inflamatória, estenosante, fistulizante ou mista. O seu tratamento visa remissão clínica e endoscópica. As DII são um desafio para gestantes, pois a sua presença e as possibilidades terapêuticas possuem potencial teratogênico e trazendo risco ao concepto e à gestação (Feuerstein & Cheifetz, 2017; O’Toole et al., 2015; Wehkamp et al., 2016). Assim, o presente estudo relata o uso de imunobiológicos em gestante com DC ileo-colo-anal.
Relato de Caso JSC, feminina, 21 anos de idade, com dor abdominal difusa, vômitos, diarreia e emagrecimento (13 kg) há 4 anos. Realizou colonoscopia estabelecendo-se o diagnóstico de retocolite ulcerativa. Iniciou sulfassalazina 1,5g/dia, sem controle da doença. Refez colonoscopia que evidenciou erosões planas e úlceras aftoides no íleo terminal e ao nível da válvula íleo cecal e abriu quadro de doença perineal, estenose anal e múltiplas fístulas perianais e retovaginal, sendo diagnosticada como DC. Foi optado por terapia imunobiológica com infliximabe, dilatação de estenose anal e passagem de sedenho em fístulas anais e retovaginais. Paciente evoluiu com melhora clínica e cicatrização de trajetos fistulosos. Após três meses de início de anti-TNF paciente engravidou. A partir de então, mantém uso de infliximabe e acompanha em ambulatório de gestação de alto risco.
Discussão A gestação propicia melhora do quadro clínico das DII, principalmente a DC, por mecanismo ainda não elucidado. Por outro lado, a DC pode causar complicações graves a gestação, como oligodrâmnio, insuficiência placentária e parto pré-termo. Há redução de 33 a 77% nas taxas de hospitalização e cirurgia em paciente com DII que fazem uso de terapia biológica. Inclusive, esses medicamentos dobram a chance de remissão em pacientes com DC fistulizante. Sabe-se que a concentração dos anti-TNFs no cordão umbilical e no sangue do recém-nascido é quatro vezes maiores do que na puérpera, o que pode influenciar a imunidade do concepto. Assim, recomenda-se atrasar as vacinas de vírus vivo atenuado até 6 a 12 meses em crianças expostas intraútero a estes fármacos. Pode-se optar por suspender o uso dos imunobiológicos por volta de 22-24 semanas de gestação, a fim de reduzir exposição fetal, mas não há consenso. Somado a isto, sabe-se que exposição à esses medicamentos não promove aumento da taxa de alergias, infecções pós-neonatais, alterações no crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor, fatos que contribuem para segurança na manutenção da terapêutica durante gestação (Cholapranee et al., 2017; Duricova et al., 2019; Gisbert & Chaparro 2020; Lee et al., 2018; Nguyen et al., 2016; Rodrigues et al., 2009).
Publication History
Article published online:
04 January 2022
© 2022. Sociedade Brasileira de Coloproctologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)
Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil