Pseudomiíase Intestinal Causada por Larva-Rabo de Rato (Eristalis Tenax) no Rio de Janeiro

• Área: MISCELÂNEA

Forma de Apresentação: e-Pôster

Introdução A miíase gastrointestinal causada pela mosca drone cosmopolita Eristalis tenax (Diptera: Syrphidae) é classificada como pseudomiíase, pois ocorre de forma acidental. Sua presença na superfície do trato digestivo apresenta geralmente quadros mais leves e muitas vezes assintomáticos, mas também podem se apresentar como dor abdominal, náuseas, vômitos e prurido anal. As larvas de E. tenax são caracterizadas pela presença de um sifão que os permite respirar, são extremamente resistentes a reações adversas de pressão, calor e salinidade. Geralmente, vivem na água com alto teor de fezes, esgoto, excrementos líquidos e materiais em decomposição, incluindo carcaças. Contudo, ocasionalmente eles podem ser encontrados em água relativamente limpa. No entanto, a ocorrência de larvas de E. tenax em águas estagnadas indica um alto grau de poluição.

Relato de Caso J.G.L.O, 44 anos, feminina, com diagnóstico de adenocarcinoma de cólon sigmoide localmente avançado, submetida a laparotomia de urgência por obstrução intestinal em 2018, onde foi realizada transversostomia devido a lesão englobar vasos ilíacos esquerdos sem plano de clivagem naquele momento. Em boa evolução pós-operatória, foi encaminhada a neoadjuvância. Após a quimioterapia o estadiamento mostrou regressão da lesão e plano de clivagem com os vasos. Optou-se, então, pela ressecção da doença com auxílio da cirurgia vascular. Durante a cirurgia identificou-se a impossibilidade de ressecção total da lesão, foi realizada retossigmoidectomia com enterectomia segmentar, colectomia direita e histerectomia subtotal com ileostomia terminal e manutenção da transversostomia como fístula mucosa. Paciente evoluiu satisfatoriamente em pós-operatório, sendo encaminhada novamente à oncologia. Durante o acompanhamento com a proctologia foi identificada fístula entérica com comunicação para o reto remanescente e saída de conteúdo entérico pelo ânus, além de recidiva da doença em região suprapúbica que foi prontamente ressecada com auxílio da cirurgia plástica. Após algum tempo paciente retorna com relato de prurido anal intenso e história de eliminação de larva após defecar. Decidimos realizar colonoscopia para elucidar a presença de mais larvas, a qual foi normal, paciente foi tratada com vermífugos e não apresentou mais sintomas. Ao examinar a foto da larva fornecida pela paciente identificamos a larva rabo de rato e após anamnese completa observamos que a mesma possuía poço e fossa em seu domicílio, onde provavelmente ocorreu a contaminação.

Discussão A infecção por larvas rabo de rato não é comum em nosso meio e está diretamente relacionada às condições de saneamento básico na qual o paciente vive, portanto, é um diagnóstico raro, mas que deve ser pensado quando se visualiza a larva eliminada. Seu tratamento na maioria das vezes é clínico com uso de medicações e alterações na qualidade da água consumida.

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Artikel online veröffentlicht:
04. Januar 2022