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CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2020; 55(05): 654-656
DOI: 10.1055/s-0040-1701284
Carta ao Editor
Coluna

Resposta à carta ao editor referente ao artigo “Artrodese lombar intersomática anterior multinível combinada com estabilização posterior em discopatia lombar – Análise clínico-funcional prospetiva”

Article in several languages: português | English
1   Serviço de Ortopedia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
2   Fellow do Spine Institute of Ohio, Grant Medical Center, Columbus, Ohio, Estados Unidos
,
David Lawrence
3   Spine Institute of Ohio, Grant Medical Center, Columbus, Ohio, Estados Unidos
,
Josue Pereira Gabriel
3   Spine Institute of Ohio, Grant Medical Center, Columbus, Ohio, Estados Unidos
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Antes de mais nada, gostaria de agradecer pela carta ao editor relativa ao estudo prospectivo “Multilevel Anterior Lumbar Interbody Fusion Combined with Posterior Stabilization in Lumbar Disc Disease - Prospective Analysis of Clinical and Functional Outcomes.”[1]

Um dos pontos apresentados na carta, em que são sobretudo citados artigos relativos a escolioses e não a discoartropatias degenerativas, são o risco de manipulação da coluna poder estar associados a complicações.[2] [3] Concordamos e está claramente documentado que a manipulação da coluna, sobretudo na correção de deformidades com curvaturas muito acentuadas, pode estar associada à perda de potenciais no intraoperatório e a risco de lesão medular. No entanto, o nosso trabalho refere-se a discoartropatias degenerativas sem escolioses relevantes, não se verificando manipulação relevante da coluna, sem ser a elevação dos espaços discais ao aplicar as caixas intersomáticas lordóticas.[1]

Face aos resultados clínicos e imagiológicos obtidos na nossa amostra de artrodese intersomática anterior lombar uni e multinível e à mínima incidência de complicações obtida, verificamos que, mesmo na presença significativa de fatores de risco de não união e cirurgias prévias da coluna lombar, esta opção garante excelentes resultados clínicos, funcionais e radiográficos na discoartropatia degenerativa.[1]

Tal como referido no artigo original, em termos de morbidade, ao contrário das vias posteriores, que implicam disseção extensa dos músculos paravertebrais, e da via lateral, que implica atravessar o psoas, a via anterior da coluna lombar não interfere com qualquer músculo da coluna vertebral e não inclui desinserções musculares. Assim, é uma via em teoria menos sangrativa, o que pode permitir uma recuperação mais rápida em termos álgicos (com menor necessidade de analgésicos) e funcionais no pós-operatório (com menor tempo de internamento) e uma coluna vertebral precocemente mais estável por não interferir com a musculatura estabilizadora. Além disso, a via anterior também não implica remoção de elementos posteriores da coluna vertebral, nem entrada no canal medular ou manipulação de raízes raquidianas para acesso ao espaço discal, diminuindo assim o risco de lesão iatrogênica e de complicações nessas importantes estruturas em comparação com as vias posteriores.[4] [5] [6] [7] [8]

Consideramos ainda que, se respeitarmos a técnica cirúrgica de artrodese intersomática anterior lombar descrita no artigo original e se a mesma for efetuada por um cirurgião com formação e experiência na mesma, as complicações conseguem ser quase anuladas, podendo até ter menores complicações relativamente às habituais vias posteriores. Estes dados são confirmados por vários trabalhos relativos a esta técnica citados também no artigo original.[1] [4] [5] [7] [9] [10] Consideramos sobretudo, tal como o artigo originalmente escrito indica, que as vantagens biomecânicas e excelentes resultados clínico-funcionais e radiográficos desta técnica justificam a sua utilização mais frequente por cirurgiões da coluna, não devendo o risco de algumas raras complicações ser motivo para a evitarmos. Reforçamos que, tal como em qualquer outra técnica cirúrgica, a mesma deve ser naturalmente efetuada por cirurgiões com formação e experiência na abordagem de modo a se obterem os melhores resultados e minimizar as complicações.[11] [12] [13] [14]

Tal como indicado no artigo original, esta técnica permite evitar manipulação direta do canal ou das raízes, baseando-se sobretudo na descompressão indireta, sendo a estabilidade bastante sólida à custa das caixas intersomáticas com parafusos integrados, reforçadas posteriormente por uma fixação pedicular percutânea, tal como aliás é confirmado no trabalho citado na carta ao editor de Yeager et al.[1] [15] Em suma, face aos nossos resultados e sua confirmação por vários outros estudos, incluindo a questão da via de abordagem e eventuais complicações, estamos convictos e mantemos a conclusão final em relação à técnica descrita.[1]



Publication History

Received: 27 October 2019

Accepted: 30 October 2019

Article published online:
23 March 2020

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