CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2020; 55(02): 139-146
DOI: 10.1055/s-0039-1698800
Artigo de Revisão
Mão
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Paralisia obstétrica: De quem é a culpa? Uma revisão sistemática de literatura[*]

Article in several languages: português | English
José Antonio Galbiatti
1   Serviço de Ortopedia e Traumatologia, Santa Casa de Misericórdia de Marília, Faculdade de Medicina de Marília, Marília, SP, Brasil
,
2   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Medicina de Marília, Marília, SP, Brasil
,
Marília Gabriela Palacio Galbiatti
3   Faculdade de Medicina, Universidade de Marília,, Marília, SP, Brasil
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

12 March 2018

06 August 2018

Publication Date:
09 January 2020 (online)

Resumo

A paralisia obstétrica é classicamente definida como a lesão do plexo braquial decorrente da distócia de ombros ou das manobras executadas no parto difícil. Nas 2 últimas décadas, vários estudos comprovaram que metade dos casos de paralisia obstétrica não estão associados à distócia de ombros e levantaram outras possíveis etiologias para a paralisia obstétrica. O objetivo do presente trabalho é colher dados da literatura de revisão, artigos clássicos, sentinelas e da medicina baseada em evidências para compreender melhor os eventos envolvidos na ocorrência de paralisia obstétrica. Foi realizada uma revisão da literatura no motor de busca da PubMed (MeSH - Medical Subject Headings) com as seguintes palavras-chave: shoulder dystocia and obstetric palsy, completamente aberto, sem limites de língua ou data. Posteriormente, definimos como critério de inclusão artigos de revisão. Encontramos 21 artigos de revisão com associação dos temas descritos até 8 de março de 2018. Frente às melhores evidências existentes até o momento, está bem demonstrado que a paralisia obstétrica ocorre em partos não complicados e em partos cesáreos, e são múltiplos os fatores que podem causá-la, relativizando a responsabilidade de médicos obstetras, enfermeiras e parteiras. Procuramos, com o presente estudo, quebrar os paradigmas de que paralisia obstétrica se associa obrigatoriamente à distócia de ombros e que a sua ocorrência necessariamente implica em negligência, imperícia ou imprudência da equipe envolvida.

* Trabalho desenvolvido na Faculdade de Medicina de Marília, Marília, SP, Brasil.


 
  • Referências

  • 1 Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) [Internet]. ed. 2017. São Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [acesso em 2017 dez 04]. Disponível em: http://decs.bvsalud.org
  • 2 Francisco RP, Fonseca ES, Sapienza DS. Parto e puerpério. In: Zugaib obstetricía. Barueri: Manole; 2008: 307-529
  • 3 Srofenyoh EK, Seffah JD. Prenatal, labor and delivery characteristics of mothers with macrosomic babies. Int J Gynaecol Obstet 2006; 93 (01) 49-50
  • 4 Piasek G, Starzewski J, Chil A. , et al. [Analysis of labour and perinatal complications in case of foetus weight over 4000 g]. Wiad Lek 2006; 59 (5-6): 326-331
  • 5 Seeho SK, Smith C, Mcelduff A, Morris JM. Diabetes Res Clin Pract 2007; 77 (02) 263-268
  • 6 Galbiatti JA, Falloppa F. Paralisia obstétrica. In: Herbert S, Xavier R, Pardini Junior AG, Barros Filho TEP. , eds. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2003: 830-838
  • 7 Baxley EG, Gobbo RW. Shoulder dystocia. Am Fam Physician 2004; 69 (07) 1707-1714
  • 8 Athukorala C, Middleton P, Crowther CA. Intrapartum interventions for preventing shoulder dystocia. Cochrane Database Syst Rev 2006; (04) CD005543
  • 9 Galbiatti JA. Paralisia obstétrica. In: Faloppa F, Albertoni WM. , coord. Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP-EPM, Ortopedia e Traumatologia. São Paulo: Manole; 2008: 273-284
  • 10 Albertoni WM, Galbiatti JA, Canedo AC, Merlotti M. Estudo anatômico do plexo braquial na criança até os seis meses de idade. Rev Bras Ortop 1994; 29 (03) 162-169
  • 11 Sawyer JR. Brachial plexus palsy. In: Canale ST, Beaty JH. , editors. Campbell's operative orthopaedics. 12th ed. Philadelphia: Elsevier; 2013: 1323-1330
  • 12 Slooff AC. Obstetric brachial plexus lesions and their neurosurgical treatment. Clin Neurol Neurosurg 1993; 95 (Suppl): S73-S77
  • 13 Seddon HJ. Three types of nerve injury. Brain Oxford 1943; (66) 37
  • 14 Beller FK. [Incidence and etiology of brachial plexus upper arm paralysis in newborn infants. A review and basic principles for legal assessment]. Z Geburtshilfe Neonatol 2000; 204 (05) 163-169
  • 15 Paradiso G, Grañana N, Maza E. Prenatal brachial plexus paralysis. Neurology 1997; 49 (01) 261-262
  • 16 Sandmire HF, DeMott RK. Erb's palsy without shoulder dystocia. Int J Gynaecol Obstet 2002; 78 (03) 253-256
  • 17 Krause M, Feige A. [Shoulder dystocia from a legal standpoint]. Z Geburtshilfe Neonatol 2005; 209 (06) 201-209
  • 18 Gherman RB, Chauhan S, Ouzounian JG, Lerner H, Gonik B, Goodwin TM. Shoulder dystocia: the unpreventable obstetric emergency with empiric management guidelines. Am J Obstet Gynecol 2006; 195 (03) 657-672
  • 19 Hankins GD, Clark SM, Munn MB. Cesarean section on request at 39 weeks: impact on shoulder dystocia, fetal trauma, neonatal encephalopathy, and intrauterine fetal demise. Semin Perinatol 2006; 30 (05) 276-287
  • 20 Gurewitsch ED. Optimizing shoulder dystocia management to prevent birth injury. Clin Obstet Gynecol 2007; 50 (03) 592-606
  • 21 Allen RH. On the mechanical aspects of shoulder dystocia and birth injury. Clin Obstet Gynecol 2007; 50 (03) 607-623
  • 22 Jevitt CM, Morse S, O'Donnell YS. Shoulder dystocia: nursing prevention and posttrauma care. J Perinat Neonatal Nurs 2008; 22 (01) 14-20
  • 23 Doumouchtsis SK, Arulkumaran S. Are all brachial plexus injuries caused by shoulder dystocia?. Obstet Gynecol Surv 2009; 64 (09) 615-623
  • 24 O'Shea TM, Klebanoff MA, Signore C. Delivery after previous cesarean: long-term outcomes in the child. Semin Perinatol 2010; 34 (04) 281-292
  • 25 Doumouchtsis SK, Arulkumaran S. Is it possible to reduce obstetrical brachial plexus palsy by optimal management of shoulder dystocia?. Ann N Y Acad Sci 2010; 1205: 135-143
  • 26 Anderson JE. Complications of labor and delivery: shoulder dystocia. Prim Care 2012; 39 (01) 135-144
  • 27 Abzug JM, Kozin SH. Evaluation and management of brachial plexus birth palsy. Orthop Clin North Am 2014; 45 (02) 225-232
  • 28 Stitely ML, Gherman RB. Shoulder dystocia: management and documentation. Semin Perinatol 2014; 38 (04) 194-200
  • 29 Chauhan SP, Blackwell SB, Ananth CV. Neonatal brachial plexus palsy: incidence, prevalence, and temporal trends. Semin Perinatol 2014; 38 (04) 210-218
  • 30 Ouzounian JG. Risk factors for neonatal brachial plexus palsy. Semin Perinatol 2014; 38 (04) 219-221
  • 31 Legendre G, Bouet PE, Sentilhes L. Place de la simulation pour réduire la morbidité néonatale et maternelle secondaire à une dystocie des épaules. J Gynecol Obstet Biol Reprod (Paris) 2015; 44 (10) 1285-1293
  • 32 Schmitz T. Modalités de l'accouchement dans la prévention de la dystocie des épaules en cas de facteurs de risque identifiés. J Gynecol Obstet Biol Reprod (Paris) 2015; 44 (10) 1261-1271
  • 33 Hill MG, Cohen WR. Shoulder dystocia: prediction and management. Womens Health (Lond) 2016; 12 (02) 251-261
  • 34 Sentilhes L, Sénat MV, Boulogne AI. , et al. Shoulder dystocia: guidelines for clinical practice from the French College of Gynecologists and Obstetricians (CNGOF). Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2016; 203: 156-161
  • 35 Sandmire HF, DeMott RK. Erb's palsy causation: a historical perspective. Birth 2002; 29 (01) 52-54
  • 36 Zaki MSI, el Sabbagh MH, Aglan MS. Familial congenital brachial palsy: a report of two affected Egyptian families. Genet Couns 2004; 15 (01) 27-36
  • 37 Mollica F, Li Volti S, Grasso A, De Simone D. Familial congenital brachial palsy. Am J Med Genet 1991; 41 (03) 322-324
  • 38 McAbee GN, Ciervo C. Medical and legal issues related to brachial plexus injuries in neonates. J Am Osteopath Assoc 2006; 106 (04) 209-212
  • 39 Gherman RB, Ouzounian JG, Goodwin TM. Obstetric maneuvers for shoulder dystocia and associated fetal morbidity. Am J Obstet Gynecol 1998; 178 (06) 1126-1130
  • 40 Alfonso DT. Causes of neonatal brachial plexus palsy. Bull NYU Hosp Jt Dis 2011; 69 (01) 11-16
  • 41 Noble A. Brachial plexus injuries and shoulder dystocia: medico-legal commentary and implications. J Obstet Gynaecol 2005; 25 (02) 105-107
  • 42 Hickson GB, Clayton EW, Githens PB, Sloan FA. Factors that prompted families to file medical malpractice claims following perinatal injuries. JAMA 1992; 267 (10) 1359-1363