CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673206
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Variação anatômica de vasos intracranianos associada à formação de aneurisma

Rodolfo Belz Antoniazzi
1   Universidade Positivo
2   Faculdade Evangélica
,
Luiza de Bortolli Nogueira
1   Universidade Positivo
2   Faculdade Evangélica
,
Vinícius Nicolelli Coelho
1   Universidade Positivo
2   Faculdade Evangélica
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: LAT, 55 anos, feminino, branca. Apresentou episódio de cefaleia súbita seguida de síncope em 16/11/2016. Após restabelecer consciência, manteve cefaleia de forte intensidade, com náuseas e vômitos. Quatro dias após apresentou ptose palpebral à direita. Deu entrada ao hospital em 21/11/16. Na admissão: REG, LOTE, GCS 15, SV estáves; anisocoria à direita; déficit de NCIII completo à direita; sem demais alterações. Angiotomografia revelou alterações anatômicas: artéria comunicante posterior padrão fetal (ACoP), e dilatação aneurismática de segmento comunicante da artéria carótida interna direita. Procedimento cirúrgico em 23/11/16, com clipagem de aneurisma sacular em artéria comunicante posterior direita. Três dias após o paciente apresentava GCS 11, hemiplegia esquerda e pupilas isocóricas. TC crânio com sinais de isquemia temporal direita. Em 27/11/16 evoluiu com rebaixamento do nível de consciência (GCS 3), pupilas médio-fixas sem reação. Submetida à craniectomia descompressiva, sem melhora. Com oito dias desde a internação, paciente manteve GCS 3, sem reflexo óculo-cefálico, córneo-palpebral e de tosse. Sob cuidados da UTI, foi iniciado protocolo de morte encefálica e considerado doação de órgãos viáveis.

Discussão: A grande taxa de mortalidade de rotura de aneurismas cerebrais está relacionada com a hemorragia subaracnóidea. Variações anatômicas do padrão classicamente descrito de vasos cerebrais influenciam no aparecimento de desordens cerebrovasculares, especialmente aneurismas. Em condições normais, seguindo o modelo do polígono de Willis, a ACP possui menor significância em termos de suprimento sanguíneo. Em casos de variação anatômica semelhante à constatada na paciente, tem-se ACoP, gerando maior fluxo para as artérias cerebrais posteriores. Em intervenções cirúrgicas, há então, maior risco de alterações e isquemia no território da ACP. Além de alterações na distribuição sanguínea, a incidência de aneurismas aumenta consideravelmente em casos de variações anatômicas, devido a diferentes mecanismos. No exemplo citado, a ACoP fetal desencadeia aumento de fluxo sanguíneo e como consequência, maior estresse e riscos de desenvolvimento de aneurisma.

Comentários Finais: O estudo de variações anatômicas ajuda a definir conduta e plano cirúrgico. A correlação de variações com o aumento de taxas de aneurismas, reforça ainda a importância de rastreamento, prevenção e conhecimento das anormalidades das variações no acompanhamento dos casos.