CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673175
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Fístula arteriovenosa espinhal como diagnóstico diferencial de mielopatias extensas: relato de caso

Luan Fernandes Gonçalves de Oliveira
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Camila Cavalcanti de Lima
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Bruna Nadiely Victor da Silva
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
George de Albuquerque Cavalcanti Mendes
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Maurus Marques de Almeida Holanda
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Camila Rocha Vieira Torres
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Bruna Lisboa do Vale
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Aquila Matos Soares
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Benedito Begnailson Ribeiro
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
,
Gabriela Lisboa de Sousa Ferraz
1   Universidade Federal da Paraíba
2   Universidade de Pernambuco
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: Paciente masculino, 38 anos, com episódios de paraparesia de repetição, hipostesia crural ascendente e retenção urinária há 1 ano e 4 meses. Ressonância nuclear magnética (RNM) da coluna torácica evidenciou alteração de sinal intra substancial, sugerindo mielite. Diante do quadro foi submetido a pulsoterapia, no entanto, apresentou piora clínica. Nova RNM de coluna cervical evidenciou múltiplas estruturas vasculares serpentiginosas intradurais, sugerindo o diagnóstico de fístula dural medular. Angiografia subsequente confirmou o diagnóstico de fístula arteriovenosa espinhal tipo II (Kim e Spetzler), e o paciente foi submetido a microcirurgia para correção da lesão.

Discussão: Malformações vasculares espinhais são raras. Correspondem a aproximadamente 5 a 9% de todas as malformações vasculares do sistema nervoso central. As fístulas arteriovenosas durais espinhais são mais comumente observadas em homens acima de 60 anos e em região torácica baixa e lombar alta, o que difere do caso. Correspondem a 70% dos casos de malformações vasculares medulares, afetando 5–10 pessoas por milhão anualmente. A localização intradural de caráter adquirido é classificada como tipo III de Rodesch, e tipo II de Kim e Speltzler, correspondendo a tipos raros. Esses pacientes costumam apresentar como sintoma inicial paraparesia e distúrbio de marcha, evoluindo com disfunções autonômicas com a progressão da doença. Ainda podem estar presentes dor radicular intermitente, que simula lesão nervosa periférica, podendo fazer diagnóstico diferencial com outras mielopatias periféricas extensas. A característica progressiva da doença é consequência de sua fisiopatologia. Nesse relato de caso, os sintomas de paraparesia de repetição demonstram uma clínica inicial atípica para a doença. O prognóstico é heterogêneo e imprevisível. A intervenção terapêutica tem como objetivo interromper ou reverter a progressão da disfunção neurológica, através da restauração da perfusão normal da medula espinhal. As lesões podem ser abordadas através da microcirurgia, embolização endovascular, ou ainda através de uma combinação das duas técnicas.

Considerações finais: Esse caso representa a importância de incluir as fístulas arteriovenosas dentro do diagnóstico diferencial das mielopatias extensas. A sintomatologia inespecífica e a raridade da doença a tornam, frequentemente, subdiagnosticadas, o que diminui a recuperação desses pacientes.