CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673159
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Incidência de hidrocefalia shunt-dependente após hemorragia subaracnóidea aneurismática: o efeito do tratamento microcirúrgico com fenestração da lâmina terminalis e ampla dissecção das cisternas basais e comparação cirurgia vs. embolização

Jeremias Gomes
1   Hospital da Restauração
,
Eduardo Vieira de Carvalho Junior
1   Hospital da Restauração
,
Hildo Rocha Cirne de Azevedo Filho
1   Hospital da Restauração
,
Erton César de Abuquerque Pontes
1   Hospital da Restauração
,
Nivaldo Sena de Almeida
1   Hospital da Restauração
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: A ocorrência de hidrocefalia após hemorragia subaracnóidea aneurismática (HSAa) reportada na literatura é variável (15 – 53%). O percentual de pacientes que necessitarão de derivações permanentes gira entre 2,3 – 36%. A causa dessa ampla variação é multifatorial, incluindo variações na indicação de derivações entre os diferentes serviços, efeito da remoção do sangue do espaço subaracnóideo e da fenestração da lâmina terminalis.

Objetivo: Realizar um estudo retrospectivo analisando a incidência de hidrocefalia shunt-dependente em pacientes submetidos a tratamento microcirúrgico e endovascular no período de 2013 e 2016.

Métodos: Revisão de prontuários médicos, vídeos cirúrgicos, exames radiológicos pré e pós-operatórios e realização de consultas ambulatoriais.

Resultados: Foram analisados 243 pacientes submetidos a tratamento cirúrgico (idade média de 49 anos e Hunt-Hess (HH) médio foi de 2,33). Como técnica cirúrgica padrão comum a todos os casos foi realizada ampla dissecção das cisternas basais com aspiração de todo conteúdo hemático possível. A membrana de Liliequist foi aberta amplamente em todos os casos, exceto 4 casos (3 aneurismas de Pericalosa e 1 de junção vertebro-basilar). A Lâmina Terminalis foi aberta em 91% dos casos (excetuando-se os acima citados e mais 5 pacientes com grandes hematomas associados ou aneurismas de comunicante anterior direcionados inferiormente, cujo domo impedia o acesso à Lâmina Terminalis). Ao todo foram analisados 243 pacientes nos quais 8 tornaram-se shunt-dependentes. Ao todo 101 pacientes foram tratados por método endovascular (idade média de 54,5 anos e Hunt-Hess (HH) médio foi de 2,65). Destes pacientes, hidrocefalia shunt-dependente ocorreu em 13,8% dos casos. Quando comparados os métodos de tratamento cirúrgico, o risco de hidrocefalia shunt-dependente foi maior no tratamento endovascular (13,8% vs. 3,8% – p = 0,04) com OR de 3,09.

Conclusões: O tratamento microcirúrgico de aneurismas cerebrais rotos associou-se a uma baixa incidência de hidrocefalia shunt-dependente (3,8%) quando comparado a dados prévios da literatura. A abertura rotineira da Lâmina Terminalis e da membrana de Liliequist e a ampla dissecção de cisternas basais com drenagem de todo conteúdo hemático possível pode ter um papel importante nos resultados encontrados. O tratamento endovascular foi associado a uma maior incidência de dependência de shunt de modo estatisticamente significante com OR de 3,09.