CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673133
E-Poster – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Fístula dural extracraniana complexa em paciente vítima de agressão por mordedura humana: relato de caso

Daniela de Oliveira Von Zuben
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Juliana Ribeiro
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Rodrigo Azeredo Costa
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Pamella Omori
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Raphael Bertani
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Diogo Freitas
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Bárbara Arêas Colla Machado
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Bárbara Contarato Pilon
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Felipe Murad Sampaio
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Nastassja Cury
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Paulo Alves Bahia
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Igor Granito
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Luiz Felipe Ribeiro
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Raphael Machado
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
,
Ruy Monteiro
1   Hospital Municipal Miguel Couto
2   Universidade UNIGRANRIO
3   Universidade Federal Fluminense
4   Hospital Santa Teresa
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: Paciente masculino, 41 anos, usuário de drogas, vítima de agressão por mordedura humana em tumoração parieto-occipital não esclarecida de couro cabeludo. Admitido em ECG 14, desorientado, tumoração bilateral em couro cabeludo com mordedura à direita, evoluiu com choque hipovolêmico. Após estabilização hemodinâmica foi submetido a angiografia cerebral. Visualizada fístula dural gigante nutrida por artérias carótidas externas (ACE) bilaterais com drenagem profunda para seio transverso. Foi submetido a embolização por cateterização seletiva da fístula por ramos da ACE direita e esquerda e por punção direta da fístula em couro cabeludo com oclusão de aproximadamente 90%, sem complicações tromboembólicas. Realizado debridamento da lesão e antibioticoterapia por 4 semanas com boa evolução.

Discussão: Fístulas arteriovenosas durais (FAVDs) correspondem a 10–15% das malformações arteriovenosas intracranianas e são shunts entre vasos arteriais e capilares venosos. Qualquer vaso dural é uma fonte potencial de suprimento arterial, embora as artérias occipital e meningea sejam mais comumente envolvidas. A drenagem venosa ocorre através do seio dural ou outros canais venosos leptomeníngeos. Muitas FAVDs são lesões idiopáticas, adquiridas. Geralmente ocorrem por trombose venosa dural, devido a oclusão do seio venoso que leva a hipertensão e congestão venosa, e com isso é possível haver refluxo para as veias corticais. Assim, os vasos de comunicação arteriovenosa resultam do encontro de vasos de suprimento arterial (efeito depósito) com os de hipertensão venosa. A hipertensão venosa pode levar a drenagem retrógrada de vasos leptomeníngeos, podendo causar hemorragias ou isquemias. A apresentação clínica e evolução são variáveis. Alguns são assintomáticos ou oligossintomáticos, e descobrem a FAVD em exame de imagem ocasional. Sintomáticos podem apresentar hemorragia (15 a 34% dos casos) ou isquemias.

Comentários Finais: O caso exposto se trata de uma FAVD extracraniana de difícil acesso neurocirúrgico, com evolução inusitada na literatura. O presente relato visa compartilhar tal evolução de FAVD atípica assim como as imagens demonstradas da arteriografia. O paciente segue estável, sem conduta neurocirúrgica no momento.