Cranioplastia com osso autólogo versus prótese de acrílico: avaliação prospectiva de 82 pacientes

Introdução: A remoção da calota craniana pode ser necessária para tratar doenças que acometem o tecido ósseo (tumores, infecção) ou quando é imperiosa a descompressão do compartimento intracraniano. A cranioplastia visa reconstruir a calota craniana. Tem objetivos cosméticos, mas principalmente funcional. Para o planejamento pré e pós-operatório alguns aspectos devem ser avaliados, como o custo financeiro, resultado estético, risco de infecção e duração da cirurgia.

Objetivo: Avaliar prospectivamente a ocorrência de complicações entre cranioplastias realizadas com osso autólogo e acrílico.

Métodos: Análise prospectiva de 82 pacientes tratados com cranioplastia a partir de 2017. A maioria havia sido vítima de traumatismo craniencefálico grave. Foram avaliadas complicações pós-operatórias observadas nos doentes tratados com osso autólogo e enxerto de acrílico. Todos procedimentos cirúrgicos foram realizados pelo mesmo cirurgião, sendo a técnica cirúrgica e o protocolo de cuidados perioperatórios padronizados. A indicação do tipo de cranioplastia foi a disponibilidade ou não de fragmento ósseo autólogo viável.

Resultados: Cinquenta e quatro (65%) doentes eram do sexo masculino, de 13–80 anos. As principais causas da craniectomia foram traumatismo cranioencefálico em 43 (52%) doentes e por acidente vascular encefálico grave em 21 (25%) doentes. Em 8 (9,7%) doentes ocorreram complicações, ou seja, houve 4 infecções e 4 hematomas, observados apenas nos doentes tratados com acrílico, com correlação positiva (p = 0.02) entre uso de prótese de acrílico e a ocorrência de complicações.

Conclusão: O risco de complicações é um dos principais fatores a ser considerado quando da seleção do tipo de prótese a ser utilizada. A cranioplastia realizada com o osso autólogo é alternativa barata e segura. A preservação do retalho ósseo deve ser realizada nas craniectomias descompressivas.