CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673044
E-Poster – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Cisternostomia como opção cirúrgica em casos de pressão intracraniana persistentemente elevada em pacientes com traumatismo cranioencefálico. Relato de caso

Carlos Cezar Sousa de Lira
1   Universidade Estadual Paulista
,
Marco Antonio Zanini
1   Universidade Estadual Paulista
,
Pedro Tadao Hamamoto Filho
1   Universidade Estadual Paulista
,
Aderaldo Alves Costa Junior
1   Universidade Estadual Paulista
› Author Affiliations
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do caso: paciente masculino, 13 anos, vítima de queda de bicicleta. Admitido com rebaixamento do nível de consciência (Glasgow 9). Apresentou piora neurológica evoluindo para Glasgow 8 e sendo necessária intubação orotraqueal. Tomografia de crânio evidenciou hematoma epidural frontal esquerdo, pequena contusão temporal direita, HSA traumática, hemorragia subcortical parietal esquerda de pequeno volume e fratura linear frontoparietal esquerda. Não se observou desvio de estruturas da linha mediana. Foi realizada, então, drenagem do hematoma e monitorização de PIC, com valor inicial de 15 mmHg. No primeiro dia PO, TC revelou melhor delimitação da contusão temporal direita, cisternas livres e sem desvio de linha média. A seguir, paciente evoluiu com piora da PIC chegando a 27 mmHg e mantendo-se nesse patamar apesar das medidas clínicas instituídas. Optou-se, então, por realizar Cisternostomia. À admissão no centro cirúrgico, paciente apresentava PIC de 35 mmHg. Procedeu-se com abordagem cirúrgica que consistiu em drilagem extradural da clinóide anterior à esquerda, pequena abertura aciforme da dura-máter, dissecção da cisterna carotídea e abertura da membrana de Liliequist com comunicação das cisternas e drenagem de liquor. Após a drenagem liquórica, verificou-se queda importante da PIC, chegando ao valor de 0 mmHg. Alocou-se cateter de DVE na cisterna carotídea e procedeu-se com o fechamento da dura-máter. Ao fim do ato cirúrgico a PIC registrada era de 11 mmHg. Paciente evoluiu nos dois primeiros PO com manutenção da PIC em valores sempre inferiores a 20 mmHg.

Discussão: A cisternostomia vem sendo proposta recentemente como alternativa para controle da PIC elevada e refratária às medidas clínicas. Trata-se de uma abordagem menos agressiva que uma craniectomia descompressiva e com resultados promissores não só relacionados ao controle da PIC como também na oxigenação e metabolismo cerebrais.

Comentários finais: Apesar de ter potencial de mudança de paradigma do TCE grave e HIC refratária com uma abordagem menos invasiva que a craniectomia descompressiva, encontra limitações. São necessários mais estudos clínicos que demonstrem a efetividade desta técnica em termos de redução da PIC e melhora de desfecho clínico.