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DOI: 10.1055/s-0038-1673044
Cisternostomia como opção cirúrgica em casos de pressão intracraniana persistentemente elevada em pacientes com traumatismo cranioencefálico. Relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação do caso: paciente masculino, 13 anos, vítima de queda de bicicleta. Admitido com rebaixamento do nível de consciência (Glasgow 9). Apresentou piora neurológica evoluindo para Glasgow 8 e sendo necessária intubação orotraqueal. Tomografia de crânio evidenciou hematoma epidural frontal esquerdo, pequena contusão temporal direita, HSA traumática, hemorragia subcortical parietal esquerda de pequeno volume e fratura linear frontoparietal esquerda. Não se observou desvio de estruturas da linha mediana. Foi realizada, então, drenagem do hematoma e monitorização de PIC, com valor inicial de 15 mmHg. No primeiro dia PO, TC revelou melhor delimitação da contusão temporal direita, cisternas livres e sem desvio de linha média. A seguir, paciente evoluiu com piora da PIC chegando a 27 mmHg e mantendo-se nesse patamar apesar das medidas clínicas instituídas. Optou-se, então, por realizar Cisternostomia. À admissão no centro cirúrgico, paciente apresentava PIC de 35 mmHg. Procedeu-se com abordagem cirúrgica que consistiu em drilagem extradural da clinóide anterior à esquerda, pequena abertura aciforme da dura-máter, dissecção da cisterna carotídea e abertura da membrana de Liliequist com comunicação das cisternas e drenagem de liquor. Após a drenagem liquórica, verificou-se queda importante da PIC, chegando ao valor de 0 mmHg. Alocou-se cateter de DVE na cisterna carotídea e procedeu-se com o fechamento da dura-máter. Ao fim do ato cirúrgico a PIC registrada era de 11 mmHg. Paciente evoluiu nos dois primeiros PO com manutenção da PIC em valores sempre inferiores a 20 mmHg.
Discussão: A cisternostomia vem sendo proposta recentemente como alternativa para controle da PIC elevada e refratária às medidas clínicas. Trata-se de uma abordagem menos agressiva que uma craniectomia descompressiva e com resultados promissores não só relacionados ao controle da PIC como também na oxigenação e metabolismo cerebrais.
Comentários finais: Apesar de ter potencial de mudança de paradigma do TCE grave e HIC refratária com uma abordagem menos invasiva que a craniectomia descompressiva, encontra limitações. São necessários mais estudos clínicos que demonstrem a efetividade desta técnica em termos de redução da PIC e melhora de desfecho clínico.