CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673041
E-Poster – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

O tipo de transferência (direta ou indireta) para o centro de trauma tem influência sobre o prognóstico no TCE?

Beatriz Gonçalves de Oliveira
1   Universidade Paulista
2   Universidade Federal do Amazonas
3   Neurocirurgião do HC-USP/ Universidade Federal do Amazonas
,
Anny Michelly Coelho de Nascimento
1   Universidade Paulista
2   Universidade Federal do Amazonas
3   Neurocirurgião do HC-USP/ Universidade Federal do Amazonas
,
Sílvio Fernandes
1   Universidade Paulista
2   Universidade Federal do Amazonas
3   Neurocirurgião do HC-USP/ Universidade Federal do Amazonas
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: O traumatismo craniencefálico (TCE) é, atualmente, o principal determinante de morbidade, incapacidade e mortalidade dentro das lesões traumáticas. Nos pacientes com TCE, considera-se que o tempo é um fator crucial para o tratamento de lesões extra axiais, com influência sobre o prognóstico. No Brasil, o sistema de transporte de doentes traumatizados difere de cidade para cidade e há uma necessidade maior da compreensão se a logística de transporte é adequada e se, em última análise, oferece um melhor prognóstico ao doente com TCE.

Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo avaliar as características dos doentes com TCE transportados direta ou indiretamente a um centro de trauma, e se há influência sobre o prognóstico.

Métodos: A partir de uma análise retrospectiva de um banco de dados digital com coleta prospectiva, durante o período de 2012 a 2015, em um centro especializado de trauma no Brasil, avaliou-se um total de 514 pacientes com TCE. Considerando como desfecho primário a mortalidade em 14 dias, foi avaliado se o modo de transferência para o centro de trauma tem relação com o desfecho.

Resultados: Foram analisados 514 pacientes vítimas de TCE com uma média de idade de 41 anos, sendo a maioria destes (85%) do sexo masculino. A maioria dos pacientes foram encaminhados diretamente ao centro de trauma (81,3%). Verificou-se uma grande disparidade na cinética do trauma dos grupos. Enquanto os pacientes transportados indiretamete totalizavam 52,9% de traumas com alta energia, aqueles transportados diretamente totalizavam 88,3% com alta energia envolvida. Com relação a gravidade do trauma a mediana foi de 8 pontos na Escala de Coma de Glasgow (ECG) nos doentes transferidos diretamente e 11 pontos nos transferidos indiretamente (p = 0,02). Com relação ao aspecto radiológico, entretanto, 46,4% dos pacientes transportados indiretamente apresentaram desvio maior que 5 mm das estruturas da linha mediana, versus, 25,2% dos transportados diretamente (p < 0,0001). 67% dos doentes transportados indiretamente foram submetidos à neurocirurgia, versus 36,8% no outro grupo (p < 0,0001).

Conclusão: O presente estudo demonstrou que os doentes transferidos diretamente ao centro de trauma são mais graves clinicamente, geralmente envolvendo traumas de alta energia; enquanto que os transferidos indiretamente apresentam maior possibilidade de serem submetidos a um tratamento neurocirúrgico.