CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673038
E-Poster – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Acidente vascular encefálico isquêmico pós-traumático em paciente de 4 anos: relato de caso

Arthur De Melo Monteiro Bastos
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
,
Marcela Barros Bomfim
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
,
Harry Franciso Monteiro Lima
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
,
Carolina Victor Nazaré
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
,
Guilherme Cazarin de Brito
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
,
Benicio Oton de Lima
1   Centro Universitário de Brasilia – UNICEUB
2   Hospital de Base do Distrito Federal
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Paciente feminina, 4 anos, foi vítima de um atropelamento, por carro, com rebaixamento do nível de consciência e intubação orotraqueal em Escala de Coma de Glasgow: 7. Realizado então atendimento pré-hospitalar e levada para o hospital regional. Após ter sido submetida ao protocolo de trauma, foi encaminhada para o serviço de neurocirurgia do Hospital de Base do Distrito Federal, devido ao diagnóstico de Trauma Crânio Encefálico grave. Submetida à tomografia de crânio, tendo sido evidenciada tumefação cerebral com apagamento de sulcos e giros corticais, colabamento de ventrículos laterais com leve perda da diferenciação córtico-subcortical, sem hemorragias intra ou extra-axiais, estando a linha média centrada. Paciente com conduta neurocirúrgica conservadora, foi encaminhada para a UTI para cuidados neurointensivos. Realizada nova TC 24 horas do trauma com evidência de aparecimento de hipodensidade nucleocapsular esquerda, sugestiva de infarto isquêmico, houve melhora da tumefação cerebral bem como patência dos ventrículos laterais e cisternas da base. Foi realizada TC de crânio com 48 horas do trauma, com melhor definição da lesão isquêmica, sem aparecimento de outros achados. Foi realizada angiotomografia de crânio, na qual não foram identificadas malformações arteriovenosas, vasculite nem outras condições que explicassem o quadro.

Discussão: A ocorrência de processos isquêmicos em ganglia basal associado a traumas pequenos é um evento considerado raro, tendo em vista a alta frequência de pequenos traumas em crianças. Existem ainda poucos relatos de AVEi por consequência de traumas graves na literatura. Acredita-se que esses eventos isquêmicos estão diretamente relacionados a aspectos anatômicos particulares dos vasos arteriais que irrigam a região da gânglia basal, apesar de alguns autores afirmarem a existência de outros fatores associados. A maioria dos pacientes cursa com hemiplegia contralateral a lesão e, apesar da raridade, possuem bom prognóstico, sobretudo devido à neuroplasticidade das crianças, sendo possível uma boa redução do quadro com uma conduta adequada.

Comentários finais: O AVEi pode ser causado por traumas graves em crianças, geralmente associado a vasculite ou a malformações arteriovenosas, manifestando hemiplegia temporária, porém com bom prognóstico. No entanto, a paciente em questão não apresenta fatores de risco que poderiam predispor a um AVE, assim, deve-se permanecer atento a quadros semelhantes.