CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673037
E-Poster – Trauma
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Lesão cerebral ocasionada por projetil de arma de fogo em paciente pediátrico

Arthur da Conceição Dias Ferreira
1   PUC RJ
2   HGNI
,
Rafael Baptista de Melo
1   PUC RJ
2   HGNI
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: Paciente de 5 anos vítima de traumatismo cranioencefálico ocasionado por projetil de arma de fogo. Foi socorrido somente 2 h após o episódio. No momento do resgate realizado no local o paciente apresentava ECG 12 segundo relato da equipe de resgate. Deu entrada no HGNI Hospital Geral de Nova Iguaçu já em ECG 7 devido à intensa hemorragia. O paciente entrou em choque hipovolêmico abrindo quadro de parada cardiorrespiratória que durou 4 minutos. Após a estabilização do paciente, foi realizada a TC crânio que demonstrou lesão por projetil de arma de fogo com orifício de entrada em região medial da órbita esquerda, cruzando a linha média e penetrando no lobo frontoparietal direito, sem orifício de saída. O paciente apresentava crises convulsivas sucessivas desde o momento de chegada no hospital. Optou-se por manter o paciente com maior nível de sedação até se obter estabilização do quadro clinico, além de iniciar transfusão sanguínea ao mesmo. Somente depois da estabilização clinica foi realizado o tratamento neurocirúrgico. Esse consistiu em descompressão ampla do hemisfério direito do crânio, seguido por drenagem de hematoma subdural agudo, hemostasia e desbridamento do tecido desvitalizado.

Discussão: A lesão por projetil de arma de fogo tem se tornado rotina nos grandes centros urbanos de países em desenvolvimento. Sabe-se hoje que a intensidade da lesão causada por projetil de arma de fogo deve-se a energia final, consequência da velocidade e também da densidade do projetil, E = 1/2M(VI2–VR2); E: energia, M: massa, VI: velocidade de impacto e VR: velocidade residual. A passagem do projetil no tecido cerebral ocasiona ondas de choque que podem causar aumento da pressão interna devido à cavidade temporária causada por vácuo temporário. Entre as trajetórias causadas por projeteis de arma de fogo tem pior prognóstico as lesões que cruzam a linha média.

Comentários finais: Devido à evolução do quadro clínico do paciente no momento de chegada ao hospital, optou-se por uma abordagem neurocirúrgica em um momento mais tardio quando o paciente apresentava melhor quadro de estabilidade clínica, garantindo assim não somente uma cirurgia sem riscos, como um prognóstico mais favorável para o paciente.