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DOI: 10.1055/s-0038-1673036
Lesões cranianas por arma branca na Amazônia: uma entidade neurotraumatológica subdiagnosticada
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Introdução: O trauma cranioencefálico (TCE) por arma branca é considerado raro na literatura mundial, sendo, na maioria dos registros, descrito como relatos ou pequenas séries de caso. Até o momento, não existe estudo prospectivo em nível mundial que avalie ferimentos por arma branca.
Objetivos: Descrever os aspectos clínico-epidemiológicos de pacientes vítimas de lesões cranianas causadas por arma branca.
Métodos: Estudo de coorte prospectiva realizado no período de maio de 2017 a abril de 2018 o qual avaliou vítimas de agressão por arma branca admitidas no serviço de neurocirurgia nos municípios de Manaus e Santarém. Foram coletados dados demográficos, apresentação clínica, tomografia computadorizada e Escala de Coma de Glasgow (ECG) na admissão.
Resultados: Dos 58 pacientes, 56 (96,5%) eram do sexo masculino. A média de idade foi de 30,13 +− 11,12 anos. A mediana da ECG da admissão foi de 15, sendo 2 sedados. O mecanismo de trauma mais utilizado foi o terçado com 53,4%, seguido de outros objetos diversos, com 39,7%. Os locais de lesão mais afetados foram os lobos frontal e parietal com 37,9%. A presença de déficit neurológico motor foi verificado em 8 (13,8%) pacientes. Destes, 5 (62,5%) apresentavam TCE leve, 2 (25%) moderado e 1 (12,5%) grave. Além disso, em 4 (50%) destes pacientes foi verificado terçado como o mecanismo de trauma. Um total de 32 pacientes (55,2%) foi submetido a procedimento cirúrgico, dos quais em 68,8% foi visualizado lesão dural no intraoperatório.
Conclusão: Esta é a maior casuística já descrita de ferimentos por arma branca na população brasileira. No período de recrutamento, foram identificados 58 casos, o que demonstra que, na verdade, esses eventos são subdiagnosticados na Região Norte. Essas lesões em geral causam TCE leve e provavelmente determinam maior possibilidade de déficit motor, o que é incomum na maioria dos traumas fechados. Devem, idealmente, ser tratadas sempre quando houver suspeita de laceração dural por afundamento.