CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673017
E-Poster – Radiosurgery
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Proposta de novo tratamento não invasivo para epilepsia temporal mesial: Gamma Knife alternado múltiplo

Bruno Fernandes De Oliveira Santos
1   HCOR
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Alessandra A. Gorgulho
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Crystian W. C. Saraiva
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Ricardo Amorim
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Rafael Costa Lima Maia
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Antônio A. F. de Salles
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› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: O tratamento de escolha para epilepsias farmacorresistentes secundárias à esclerose do hipocampo é a corticoamigdalohipocampectomia, com baixo índice de complicações. Pacientes com contraindicações clínicas ou que não queiram se submeter a procedimentos invasivos são potenciais candidatos a técnicas menos invasivas. A amigdalohipocampectomia por Gamma Knife (GKa), embora não invasiva, apresenta alta frequência de edema induzido por radiação, exigindo terapia com corticosteroide de longa duração.

Objetivo: Visamos avaliar a viabilidade de uma nova modalidade de tratamento radiocirúrgico com Gamma Knife para epilepsia temporal mesial através de um novo paradigma, que objetiva reduzir as complicações induzidas pela radiação e manter a taxa de controle das crises. O racional da técnica é interromper as fibras longitudinais do hipocampo responsáveis pela propagação das crises, preservando a função hipocampal através das fibras de arquitetura radial com aferência pelo fórnix.

Métodos: Foram selecionadas aleatoriamente 10 RNM de indivíduos normais. Foram realizadas tractografias das fibras que compõem o fórnix utilizando o programa Brainlab Elements (Brainlab AG, Feldkirchen, Alemanha) através de algoritmo determinístico (coeficiente de anisotropia = 0,20, comprimento mínimo da fibra = 80 mm, angulação máxima = 30). Foram delineadas uma área de alta dose (24 Gy, 50% = isodose de prescrição) na amígdala e duas no hipocampo que foram entremeadas por áreas de baixa dose. Este novo planejamento foi comparado com a técnica padrão de GKa (24 Gy, 50% = isodose de prescrição) que utiliza alta dose na totalidade da amigdala e do hipocampo.

Resultados: A média de idade dessa população foi de 33+/−5,8 anos em ambos os sexos. A área alvo média da GKa (amígdala, 2 cm anteriores do hipocampo e giro para-hipocampal subjacente) foi de 7,02+/−0,3 cc. A técnica padrão e a proposta apresentaram uma dose média nas fibras do fórnix de 5,4+/−2,5 Gy e 2,4+/−1,1 Gy (p < 0,001), respectivamente. A média do valor de dose máxima foi de 28,8+/−8,7 Gy e 13,6+/−7,4 Gy (p < 0,001). Além disso, o V12 médio foi de 21,0+/−3,0 cc para GKa padrão vs. 8,5+/−1,6 cc para o novo método de planejamento (p < 0,001). A utilização de uma V12 menor que 10 cc visa a uma redução das complicações.

Conclusão: Este estudo suporta o uso deste método alternativo no tratamento da epilepsia temporal mesial. Esses achados precisam ser validados em séries clínicas.