CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1673009
E-Poster – Pediatrics
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Desconexão de shunts: o dilema da cirurgia profilática

Tatiana Protzenko Cervante
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Antônio Bellas
1   Instituto Fernandes Figueira
,
Saint Clair dos Santos Gomes Junior
1   Instituto Fernandes Figueira
,
José Francisco Salomão
1   Instituto Fernandes Figueira
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Desconexões de derivações ventrículo-peritoniais impõem um dilema aos neurocirurgiões pediátricos. Geralmente, as desconexões ocorrem anos após a implantação da derivação e são causadas pelo estiramento de cateteres calcificados. Desconexões nem sempre se apresentam com sintomas de disfunção da derivação, uma vez que o liquor cefalorraquidiano pode fluir pelo trajeto fibroso do cateter. Entretanto, este trato pode deixar de ser funcional, levando à disfunção clínica, que pode ser aguda e até mesmo ameaçadora da vida. O objetivo deste trabalho é discutir a cirurgia profilática em casos de pacientes ditos “independentes de shunt”.

Método: Estudo retrospectivo de 12 pacientes com derivação ventriculoperitoneal, com follow-up de 20 anos em serviço de neurocirurgia pediátrica, inicialmente considerados independentes de shunt devido a cateteres desconectados, encurtados ou fora dos ventrículos cerebrais. Foram analisados a apresentação clínica (se sintomáticos ou assintomáticos) e o tempo entre o diagnóstico de independência de shunt e o aparecimento dos sintomas, quando pertinente.

Resultado: 9 entre 12 pacientes considerados independentes de shunt apresentaram-se ao departamento de neurocirurgia pediátrica com disfunções agudas, em média 6 anos após o diagnóstico de desconexão. Em 2 casos, foi identificado fluxo liquórico pelo trajeto fibroso, mesmo que lentificado. Todos os 9 pacientes apresentaram sinais de hipertensão intracraniana, sendo 2 casos de apresentação gravíssima e ameaçadora da vida.

Conclusão: Desconexão e fraturas de cateteres são duas causas de disfunção de shunt e devem ser adequadamente pesquisadas e avaliadas em rotinas de departamentos de neurocirurgia pediátrica. Em pacientes assintomáticos, a possibilidade de independência de shunt, apesar de baixa, existe; entretanto, decidir se a derivação deve ser revisada profilaticamente ou não pode ser desafiadora e fatores que afetam esta decisão devem ser cuidadosamente revisados. Nosso estudo demonstra que, em casos selecionados com características específicas, a revisão de shunt deve ser considerada profilaticamente.