CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672959
E-Poster – Pediatrics
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento endoscópico de ventriculites piogênicas na população pediátrica: série de casos e descrição da técnica

Danilo Gomes Quadros
1   Hospital da Clínica da Faculdade de Medicina de São Paulo
,
Hamilton Matushita
1   Hospital da Clínica da Faculdade de Medicina de São Paulo
,
Daniel Dante Cardeal
1   Hospital da Clínica da Faculdade de Medicina de São Paulo
,
Fernanda Goncalves de Andrade
1   Hospital da Clínica da Faculdade de Medicina de São Paulo
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: As ventriculites piogênicas são condições clínicas debilitantes de difícil tratamento e com grande possibilidade de sequela neurológica e disfunção do fluxo liquórico. Se não tratada adequadamente e precoce pode causar abscesso cerebral, adesões e septações que levam a tratamentos e internações prolongadas. Recentemente tem sido descrito em poucos trabalhos o tratamento endoscópico com bons resultados aparentes.

Objetivos: O objetivo do trabalho é demonstrar a experiência do serviço no tratamento endoscópico de ventriculites que não responderam ao tratamento convencional de antibióticos e derivação ventricular externa (DVE).

Método: Foram revisados retrospectivamente os dados de 13 pacientes que tiveram ventriculites de difícil tratamento (curso prolongado de antibiótico com DVE, sem melhora dos parâmetros do liquor) tratados com neuroendoscopia cerebral. Todas as crianças tinham exame de imagem (TC ou RNM) com sinais de ventriculite e debris intraventricular. O procedimento cirúrgico consistia em acesso intraventricular endoscópico, lavagem da cavidade ventricular e aspirado maior quantidade possível de debris/secreção purulenta.

Resultados: Foram analisadas 13 crianças/adolescentes, a média de idade foi de 31 meses (DP = 60 m), dessas 2 crianças realizaram a endoscopia e permaneceram sem shunt após a cirurgia não sendo possível a análise liquórica dos controles pós-operatórios. As outras 11 crianças tiveram uma média de 52 dias (DP = 27 dias) entre o diagnóstico e a lavagem endoscópica cirúrgica, durante esse período todas crianças permaneceram com antibioticoterapia de amplo espectro ou guiada por cultura e DVE. Após o tratamento cirúrgico o tempo de tratamento até a normalização do liquor teve média de 22 dias (DP = 8 dias). Quando comparado o tempo de tratamento pré e pós endoscopia cerebral observamos redução significativa do tempo de tratamento (p = 0,0042).

Conclusão: Como evidenciado em outros trabalhos recentes, e agora na nossa série, o tratamento endoscópico cirúrgico parece ter um papel importante no tratamento das ventriculites piogênicas. Os resultados evidenciados demonstram a necessidade de estudos controlados para sua comprovação. Também a espaço para a investigação do papel de intervenções cirúrgicas mais precoces no tratamento dessa patologia.