Subscribe to RSS

DOI: 10.1055/s-0038-1672921
Higroma cístico cerebral com erosão óssea: um relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação do caso: Paciente sexo masculino, 23 anos, com queixa de cefaleia occipitoparietal há 8 anos, de caráter latejante, a qual piorava com álcool e exercícios físicos, sem sinais de alerta. Referiu mudança no padrão da dor há 1 ano, com aumento da frequência e intensidade e resposta parcial à terapia medicamentosa. O exame físico revelou massa palpável, de consistência amolecida, sem sinais flogísticos. Exames laboratoriais normais. Tomografia Computadorizada de Crânio revelou formação expansiva com densidade de partes moles, envolvendo a gálea aponeurótica com erosão óssea, em topografia occipitoparietal esquerda. Ressonância Magnética apresentou formação expansiva plana, sendo os principais diagnósticos diferenciais o linfoma primário da calota craniana, neoplasia óssea e granuloma eosinofílico. Foi submetido à ressecção de tecido subgaleal parietal, e o exame anatomopatológico foi compatível com higroma cístico (linfangioma). Após ressecção cirúrgica, houve a melhora completa do quadro.
Discussão: A fisiopatologia do higroma cístico é explicada como uma anormalidade do desenvolvimento dos sacos linfáticos a partir da oitava semana de gestação, cursando com déficit da comunicação dos sacos linfáticos jugulares e o sistema linfático, com dilatação da região e formação do higroma. Na idade adulta, a etiologia é controversa, acreditando-se ser devido à proliferação de vasos linfoides em resposta a traumatismo cranioencefálico e/ou infecção. Os casos incidentais são incomuns, sendo relatados na população idosa. São lesões benignas, mas podem cursar com complicações locais. A modalidade terapêutica preferencial é a excisão cirúrgica total, contudo, outras opções estão disponíveis: drenagem, aspiração, radiação, excisão por laser, ablação por radiofrequência, cauterização, escleroterapia.
Comentários finais: Apesar de ser benigno, apresenta um importante significado clínico em decorrência da sua correlação com síndromes cromossômicas, além das complicações inerentes da formação cística. O diagnóstico na idade adulta é um desafio em decorrência de sua baixa prevalência nessa população, e, nesse paciente, sua localização atípica. Como diagnóstico diferencial da lesão encontram-se: hemangioma, teratoma cístico e defeitos do tubo neural como encefalocele posterior e meningocele cervical. Uma vez estabelecido o diagnóstico, é de extrema importância o tratamento do mesmo e investigação cromossômica para possíveis correlações com as síndromes genéticas.