CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672920
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Craniotomia awake e monitorização neurofisiológica intraoperatória em astrocitoma na área da linguagem

Marcus Vinicius De Morais
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Carlos Roberto Massella Junior
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Raphael Esteves Veiga
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
José Cláudio Monteiro Rodrigues Filho
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Hykaro Leonelli Thiers Rister
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Rômulo Almino de Alencar Arrais Mota
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Rafael Duarte de Souza Loduca
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Thais Aparecida Marques da Silva
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
,
Paulo Mácio de Porto Melo
1   Hospital Militar de Área de São Paulo
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Relato de caso: Homem, 40 anos, apresentou-se ambulatorialmente com disartria leve há 30 dias. Há 7 anos foi submetido a biópsia estereotáxica devido à lesão em porção posterior do giro temporal superior esquerdo com estudos anatomopatológico e imuno-histoquímico compatíveis com astrocitoma grau II. RM crânio recente demonstrou lesão de 3,1 × 3,0 × 2,1 cm com hipersinal em T2 e sem captação de gadolínio. Realizada craniotomia awake com monitorização neurofisiológica intraoperatória (MNIO). Após ressecção de aproximadamente 20% da lesão, durante estimulação monopolar cortical e subcortical nos limites anterior, posterior, lateral e medial, o paciente apresentou alterações na fala. A equipe cirúrgica decidiu pela interrupção do procedimento para evitar sequelas. O novo estudo anatomopatológico apontou astrocitoma difuso grau II com Ki-67 estimado em 5%. O paciente foi encaminhado para acompanhamento com Oncologia para seguimento e tratamento sistêmico.

Discussão: Gliomas são os tumores primários mais comuns do cérebro, podem ocorrer em qualquer região do mesmo e devido à sua natureza infiltrativa obrigam o uso de diversas estratégias terapêuticas. É consenso na literatura que os melhores desfechos se associam à ressecção total da lesão, porém a mesma nem sempre pode ser obtida, principalmente quando o tumor se localiza em áreas eloquentes, como a área da linguagem. Para tais situações, o mapeamento cortical intraoperatório permite a procura de corredores cirúrgicos e locais para corticectomia de maneira segura. Apesar das menores taxas de sobrevida em 5 anos para ressecções menores que 90%, a qualidade de vida pós cirurgia deve ser levada em conta na decisão quanto à extensão da ressecção, conforme conceito de Maximal Safe Ressection.

Comentários finais: Conforme exposto, apresentamos um caso de glioma recidivado de baixo grau diagnosticado há 7 anos, em tratamento sistêmico e sem possibilidade de ressecção para preservação da fala. O mapeamento cerebral foi de fundamental importância para a decisão de interromper o ato cirúrgico e evitar sequelas. Sugerimos que lesões em áreas eloquentes sejam encaminhadas e tratadas em centros com disposição de MNIO e equipes treinadas para melhores desfecho, seguimento e qualidade de vida do paciente.