CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672895
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Metastase cerebelar de carcinoma espinocelular de colo de útero – relato de caso

Pâmela Spina Capitão
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Rafael Basilio Guimarães
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Marcos Antonio Pereira do Rego
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Maurício Neres
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Bianca Targino
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Ditlef Bereta
1   Faculdade de Medicina do ABC
,
Marcelo Silva Soares
1   Faculdade de Medicina do ABC
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do caso: Mulher, 48 anos, com antecedentes de enxaqueca e ex-tabagista (38 maços/ano), diagnóstico prévio de janeiro de 2017 de carcinoma espinocelular (CEC) de colo uterino. Em tratamento com a equipe de oncologia com quimioterapia e radioterapia suspensos por diversas vezes devido a infecções de trato urinário (ITU). Internada em novembro de 2017 por novo quadro de ITU e apresentando queixa de cefaleia persistente holocraniana, pulsátil, com fonofobia e fotofobia associada a náuseas e vômitos, além de quadro vertiginoso. Ao exame apresentava dismetria a direita e nistagmo na mirada para direita, fundo de olho com papiledema. Submetida à ressonância magnética de crânio que evidenciou lesão expansiva cerebelar heterogênea a direita, captante de contraste em sua periferia com edema perilesional importante e compressão de IV ventrículo causando dilatação ventricular. Paciente apresentou piora do quadro neurológico com rebaixamento e piora da dilatação ventricular, foi então submetida à derivação ventrículo peritoneal de urgência e, posteriormente, à exérese da lesão cerebelar com anatomopatológico confirmando lesão metastática de CEC de colo de útero.

Discussão: Câncer de colo uterino é o terceiro tipo mais comum de câncer em mulheres, geralmente se dissemina por contiguidade ou via hematogênica, sendo a primeira mais frequente. Lesões metastáticas deste tipo de câncer para sistema nervoso central (SNC) são raras, mas relatadas desde 1949 e geralmente ocorrendo tardiamente ao diagnóstico da doença. Cefaleia é o principal sintoma inicial, seguido de déficit focal, confusão e náuseas, podendo aparecer isolados ou associados. Hipertensão intracraniana está associada com a sintomatologia, principalmente em lesões infratentoriais. As lesões metastáticas de CEC são as mais frequentes para SNC seguidas pelas de adenocarcinoma e tem localização preferencial em lobo frontal. A sobrevida média quando há metástase para sistema nervoso central é de 3 a 6 meses e o tratamento em lesões únicas ou múltiplas que possam ser retiradas em uma mesma craniotomia é retirada da lesão, seguido de quimioterapia e radioterapia.

Comentários finais: O quadro clínico da paciente difere da literatura por ter diagnóstico recente da doença, sem evidência de outras lesões a distância, além de apresentar lesão expansiva infratentorial. Evoluiu com complicações clínicas devido à nova ITU associada à insuficiência renal aguda e óbito 45 dias após cirurgia para exérese da lesão cerebelar.