Biópsia auxiliada por neuronavegação e tractografia de tumor talâmico bilateral em paciente pediátrico: um relato de caso

Apresentação do caso: Paciente do sexo feminino, 4 anos e 11 meses de idade, apresentou déficit motor bilateral, sem história de trauma. Foi realizada ressonância magnética, que evidenciou dilatação ventricular bilateral e duas massas volumosas e bem delimitadas na região do tálamo, sendo diagnosticado, assim, tumor talâmico bilateral. Foi indicada biópsia da lesão, a qual foi realizada por neuroendoscopia com auxílio de neuronavegação e tractografia.

Discussão: Os tumores talâmicos são raros, representando de um a 1,5% de todas as neoplasias intracranianas; desses, 25% surgem em menores de 15 anos. Os bilaterais, por sua vez, são ainda mais raros: até o momento, foram relatados cerca de 70 casos na literatura. A idade de apresentação dessa lesão varia de 20 meses a 80 anos, com média de 39 anos. Assim, o grupo pediátrico é pouco atingido, sendo raríssimos os relatos de caso em pacientes menores de seis anos. Alguns autores consideram que o envolvimento bilateral dos núcleos talâmicos ocorre por disseminação do tumor de um dos lados para o outro. Outros atribuem à disseminação lateral de um tumor originado na região subependimária do terceiro ventrículo. Algumas hipóteses relatam, ainda, uma conexão através da linha média na porção posterior do corpo caloso em séries de autópsias. A sintomatologia é típica, sendo, em sua maioria, leve, mesmo em pacientes com tumores grandes. Pode haver clínica de hipertensão intracraniana – não pela hidrocefalia, mas pelo efeito expansivo da própria lesão. Sintomas diversos podem aparecer a depender do envolvimento de diferentes núcleos e tratos. Quanto ao tratamento, devido ao acometimento bilateral do tálamo, a excisão cirúrgica é difícil, não sendo relatado nenhum caso de remoção radical na literatura. O papel da cirurgia limita-se a biópsia ou ressecção parcial. A radioterapia também não apresenta grande eficácia. Embora, em geral, sejam de natureza benigna, o prognóstico é pior quando comparado ao dos unilaterais.

Comentários Finais: Tumores talâmicos bilaterais são raríssimos, especialmente em menores de seis anos. No caso relatado, é interessante ressaltar a realização da biópsia por neuroendoscopia com auxílio de neuronavegação e tractografia, o que possibilita via de acesso minimamente invasiva e maior precisão cirúrgica. A cirurgia tem papel bastante limitado nessa patologia: faz-se biópsia, manejo da hidrocefalia e descompressão, se houver efeito expansivo significativo.