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DOI: 10.1055/s-0038-1672840
Abordagem cirúrgica via orbital lateral no tratamento de carcinoma adenoide cístico de glândula lacrimal
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação do Caso: Paciente de 52 anos, sexo masculino, natural e procedente de Maceió (AL), com quadro de proptose ocular esquerda com evolução de 3 anos associada à hiperemia ocular, sem alterações visuais. Em tomografia computadorizada de crânio evidenciou lesão expansiva comprometendo glândula lacrimal esquerda, medindo cerca de 3,0 × 3,0 × 1,5 cm nos maiores eixos, ocasionando importante compressão de estruturas adjacentes, com importante proptose ocular no lado acometido. Foi submetido à abordagem cirúrgica por via orbital lateral com ressecção tumoral parcial. Em análise histopatológica e imuno-histoquímica evidenciou neoplasia de linhagem epitelial, constituída por células basaloides, com distribuição sólida e cribiforme, de baixa atividade mitótica, ausência de infiltração perineural. Após ressecção tumoral evoluiu com paralisia do reto lateral esquerdo e perda de visão central a esquerda e tumoração residual de 1,2 cm de maior diâmetro. Iniciou radioterapia adjuvante SMART em órbita esquerda com dose de 50 Gy e boost concomitante em leito tumoral até 60 Gy. Em ressonância magnética pós-radioterapia evidenciou espessamento dos músculos reto lateral e superior da órbita esquerda, compatível com sequela radioterápica. Em PET-CT pós-radioterápico não evidenciou metabolismo glicolítico na região, com controle evolutivo. Sem metástases, o mesmo permanece em acompanhamento clínico.
Discussão: Os carcinomas adenoides císticos são neoplasias raras de origem epitelial que acometem glândulas lacrimais, apresentam crescimento lento e comportamento agressivo com inclinação ao reaparecimento e disseminação. Frequentemente, os pacientes manifestam queixa de dor ocular, proptose, redução da acuidade visual e diplopia. O tratamento tradicional de carcinoma de glândula lacrimal para tumores com estadiamento T3 tem sido a exenteração orbitária, algumas vezes associada com a remoção da parede óssea da fossa lacrimal seguida por radioterapia, essa abordagem extensiva parece não melhorar a sobrevida dos pacientes. Alguns estudos preliminares demonstram controle semelhante com abordagens menos invasiva. A associação de radioterapia adjuvante é indicada para pacientes com doença localmente avançada, envolvimento linfonodal e perineural.
Comentários Finais: A abordagem cirúrgica menos invasiva para a ressecção tumoral local associada á radioterapia adjuvante possibilitaram bom padrão evolutivo de remissão neste paciente.