CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672828
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Abordagem craniofacial no tratamento de tumor odontogênico ceratocístico: relato de caso

João Eduardo Tonini Bastianello
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Hugo Guilherme de Moraes Jurema
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Lucas Rodrigues Mostardeiro
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Rafael Harter Tomaszeski
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Bárbara Leal de Souza
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Matheus Gonçalves de Oliveira
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Damaris Caroline Galli Weich
1   Universidade Católica de Pelotas (Ucpel)
,
Thalles Moreira Suassuna
2   Universidade Católica de Pelotas
› Author Affiliations
Further Information

Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do caso: Paciente, JDV, sexo feminino, 20 anos, leucoderma, atendida no ambulatório do Hospital Getúlio Vargas (Recife, PE), com diagnóstico prévio de Síndrome de Gorlin. Já havia passado por cirurgias prévias para remoção de ceratocisto em maxila quatro vezes, durante anos, e não retornou para acompanhamento. A paciente relatou que não respirava pela narina esquerda. Foi realizada biópsia incisional e enviada para exame anatomopatológico, com conclusão de ceratocisto odontogênico. Tomografia computadorizada de face evidenciou extensa lesão isodensa na região zigomático-maxilar esquerda, com invasão de seio maxilar, seio etmoidal, seio esfenoidal, fossa nasal e cavidade orbitária. Após cuidadoso planejamento tomográfico e em protótipo (para modelagem de tela de titânio), foi realizada uma abordagem craniofacial (multidisciplinar) para a devida exérese da lesão. A abordagem consistiu em uma combinação do acesso de Weber-Ferguson com o coronal. O primeiro acesso possibilitou a exérese da maxila comprometida, no entanto ainda foi necessário realizar craniectomia frontal para remoção da parte etmoidal comprometida. Realizada dissecção da base do crânio via anterior extraduralmente, para visualização da crista de Gali e lâmina crivosa do etmoide. Após ressecção etmoidal, foi visualizada lesão tumoral invadindo fossa nasal. Posteriormente, foi forrada a base anterior do crânio com retalho pediculado e colocado 3 mL de cola selante para prevenir potencial fístula liquórica, seguida de ancoramento da dura-máter e reconstrução craniana com cimento ósseo e placas e parafusos de titânio. Realizou-se hemostasia e foi colocado um dreno subgaleal, antes do fechamento por planos.

Discussão: o Tumor Odontogênico Ceratocístico (TOC) possui crescimento lento e indolor, com alto índice de recidiva e algum potencial de malignidade, com predileção na faixa etária de 10 a 40 anos. Soma-se a isso, seu potencial efeito agressor, que costuma ser mais evidente em pacientes com Síndrome de Gorlin associada. O TOC tem predileção pela região posterior da mandíbula e taxas de recidiva em pacientes na faixa dos 50 anos de idade. Entretanto, o presente caso mostrou uma forma atípica da lesão, localizada na maxila e com evolução agressiva em paciente jovem.

Comentários finais: a exérese completa da lesão em abordagem multidisciplinar, além de um rigoroso acompanhamento, são fundamentais para controlar e diminuir recidivas visto seu potencial agressivo de causar lesão tecidual.