CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672819
E-Poster – Oncology
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Meningite asséptica por ruptura espontânea de craniofaringioma multicístico. Relato de caso.

Ricardo Castro
1   Universidade Federal do Rio De Janeiro
,
Igor da Fonseca Rangel
1   Universidade Federal do Rio De Janeiro
,
Renan Salomão
1   Universidade Federal do Rio De Janeiro
,
Carlos Lima
1   Universidade Federal do Rio De Janeiro
,
Marcus André Acioly
1   Universidade Federal do Rio De Janeiro
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Apresentação do Caso: Um paciente de 16 anos, sabitamente acometido por um craniofaringioma multicístico selar e suprasselar, deu entrada na emergência, apresentando cefaleia aguda após esforço físico extenuante de início 4 dias antes da internação, a qual foi seguida de alteração do nível de consciência, de sinais de meningismo e de febre. De nota, o paciente havia sido submetido a múltiplos procedimentos para tratamento do tumor, inclusive para implantação de catéter de Ommaya, sendo o último procedimento por via transesfenoidal há cerca de um mês. Foi então submetido à punção lombar, a revelar um liquor límpido. Iniciamos tratamento com antibioticoterapia empírica em virtude da pleocitose e da leucocitose discreta. Não havia hipoglicorraquia. O resultado final da cultura foi negativo, embora o paciente mantivesse o estado clínico de febre e sonolência. Aventamos a possibilidade de uma meningite asséptica, sendo iniciada corticoterapia. Os sintomas regrediram rapidamente e o paciente estava assintomático antes das primeiras 24 h de tratamento. Os exames de imagem revelaram redução significativa do tamanho dos cistos intraventriculares. Recebeu alta assintomático.

Discussão: A meningite asséptica por ruptura de tumores intracranianos, especialmente dos tumores dermoides e epidermoides, é um evento relativamente bem conhecido, embora raro. Já a ruptura espontânea dos craniofaringiomas tem uma ocorrência ainda mais rara na literatura com poucos casos relatados. Sugere-se que o derramamento do conteúdo de cristais de colesterol no espaço subaracnóideo seja o responsável pelos sintomas. O diagnóstico depende de um alto grau de suspeição clínica, associado a culturas negativas do liquor. Além da meningite asséptica, melhora da cefaleia ou do comprometimento visual tem sido relatado. A presença de níveis elevados de colesterol no liquor é um fator altamente sugestivo para o diagnóstico. Além das alterações liquóricas, os exames de imagem podem indicar uma redução da lesão cística, a depender da intensidade do extravasamento.

Comentários finais: Relatamos um caso extremamente raro de um paciente acometido por meningite asséptica por ruptura espontânea de um craniofaringioma cístico selar e suprasselar. Cabe ressaltar a necessidade de um alto índice de suspeição clínica para o diagnóstico.