Papiloma de plexo coroide em topografia de quarto ventrículo em adulto: relato de dois casos confirmados com imuno-histoquímica

Apresentação de casos: Paciente 16 anos, previamente hígido, com relato de cefaleia progressiva desde 2016. Há 01 semana da admissão cursou com tontura, náuseas e vômitos associados a um episódio de crise epiléptica. Admitido no hospital geral Robertos Santos em 26/01/18 com ressonância magnética de crânio evidenciando processo expansivo ocupando a porção inferior do IV ventrículo e forame de Magendie, medindo 3,8 × 3,3 × 4,0 cm. No dia 06/02/2018 foi realizada a ressecção total da lesão sem intercorrência. Paciente 50 anos, masculino, previamente hígido, deu entrada na unidade com história de cefaleia progressiva iniciada há cerca de 4 meses, associada a desequilíbrio discreto. Durante investigação ambulatorial detectou formação expansiva sólido heterogênea no interior do IV ventrículo (4,0 × 3,5 × 3,0 cm). Foi internado para tratamento da lesão. Apresentava hidrocelia, foi submetido à cirurgia endoscópica (III ventriculostomia) em 26/12/18, sem intercorrências. No anatomopatológico de ambos foi evidenciado papiloma de plexo coroide, confirmado com imuno-histoquímica.

Discussão: Tumores de IV ventrículo são sempre desafiadores. Potencialmente graves, muitos evoluem com hidrocefalia obstrutiva, além do potencial risco de comprimir estruturas vitais do tronco encefálico. São mais comuns em crianças e menores de 15 anos. Entre os tumores nessa topografia em adulto, temos: ependimomas, papilomas e carcinomas de plexo coroide, meningiomas, tumores glioneuronais e subependimomas. O mais comum é o ependimoma. Papilomas e carcinomas de plexo coroide são raros em adultos. Sua incidência é de 0,3 % em 1.000.000, 0,3 a 0,6% de todos os tumores do SNC. Cerca de 2–4% dos tumores em crianças menores que 15 anos. Cerca de 50% ocorrem nos ventrículos laterais, 40% no IV ventrículo e 5% no III ventrículo. Em relação à morfologia, geralmente são tumores firmes, globosos ou com aspecto de couve-flor, podendo apresentar áreas de hemorragia, cistos ou calcificações (psamonas). Podem se exteriorizar pelo forame de luschka até o ângulo pontocerebelar. A investigação etiológica é realizada por meio de ressonância magnética do crânio. A conduta é cirúrgica sempre que possível.

Comentários finais: Papiloma de plexo coroide, mesmo sendo raro, é um importante diagnóstico diferencial para os tumores de IV ventrículo. Torna-se importante o conhecimento desta patologia pois o seguimento é diferente de outras lesões nessa topografia.